Cecília Meireles
Cecília Meireles foi escritora, jornalista, professora e pintora, considerada uma das mais importantes poetisas do Brasil.
Sua obra de caráter intimista possui forte influência da psicanálise com foco na temática social.
Embora sua obra apresente características simbolistas, Cecília destacou-se na segunda fase do modernismo no Brasil, no grupo de poetas que consolidaram a "Poesia de 30".
Biografia de Cecília Meireles
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro, dia 7 de novembro de 1901.
Foi criada pela sua avó católica e portuguesa da ilha dos Açores. Isso porque seu pai havia morrido três meses antes de seu nascimento e sua mãe quando tinha apenas 3 anos.
Desde pequena recebeu uma educação religiosa e demonstrou grande interesse pela literatura, escrevendo poesias a partir dos 9 anos de idade.
Cursou a Escola Estácio de Sá, concluindo com “distinção e louvor” o curso primário em 1910. Tornou-se professora diplomando-se no “Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro”.
Em 1919, com apenas 18 anos, publicou sua primeira obra de caráter simbolista, “Espectros”. Com 21 anos, casa-se com o pintor português Fernando Correa Dias que sofria de depressão e suicidou-se em 1935.
Casa-se novamente com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, cinco anos depois da morte de seu primeiro marido e com quem teve três filhas.
Sua atuação na área da educação não ficou restrita às salas de aula. Isso porque de 1930 a 1931, Cecília trabalhou como jornalista no "Diário de Notícias" contribuindo com textos sobre problemas da educação.
Cecília ficou reconhecida mundialmente, uma vez que suas obras foram traduzidas para muitas línguas.
Pelo trabalho realizado na literatura ela recebeu diversos prêmios, dos quais se destacam:
- Prêmio de Poesia Olavo Bilac
- Prêmio Jabuti
- Prêmio Machado de Assis
Além disso, realizou palestras e conferências sobre educação, literatura brasileira, teoria literária e folclore, em diversos países do mundo.
Cecília falece ao entardecer, na sua cidade natal, no dia 9 de novembro de 1964. Tinha 63 anos e morreu vítima de câncer.
Curiosidades sobre Cecília Meireles
- Em 1934, Cecília Meireles funda a primeira Biblioteca Infantil do Brasil, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro.
- No Chile, foi inaugurada a “Biblioteca Cecília Meireles” em 1964 na província de Valparaíso.
- Em 1953, Cecília Meireles foi agraciada com o título de “Doutora Honoris Causa” pela Universidade de Déli, na Índia.
Principais obras de Cecília Meireles
Com uma obra intimista e densamente feminina, Cecília Meireles foi uma escritora muito prolífica, escreveu muitas poesias, incluso, poesias infantis:
- Espectros (1919)
- Criança, meu amor (1923)
- Nunca mais... e Poemas dos Poemas (1923)
- Criança meu amor... (1924)
- Baladas para El-Rei (1925)
- O Espírito Vitorioso (1929)
- Saudação à menina de Portugal (1930)
- Batuque, Samba e Macumba (1935)
- A Festa das Letras (1937)
- Viagem (1939)
- Vaga Música (1942)
- Mar Absoluto (1945)
- Rute e Alberto (1945)
- O jardim (1947)
- Retrato Natural (1949)
- Problemas de Literatura Infantil (1950)
- Amor em Leonoreta (1952)
- Romanceiro da Inconfidência (1953)
- Batuque (1953)
- Pequeno Oratório de Santa Clara (1955)
- Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro (1955)
- Panorama Folclórico de Açores (1955)
- Canções (1956)
- Romance de Santa Cecília (1957)
- A Bíblia na Literatura Brasileira (1957)
- A Rosa (1957)
- Obra Poética (1958)
- Metal Rosicler (1960)
- Poemas Escritos na Índia (1961)
- Poemas de Israel (1963)
- Solombra (1963)
- Ou Isto ou Aquilo (1964)
- Escolha o Seu Sonho (1964)
Poemas de Cecília Meireles
Confira abaixo alguns dos melhores poemas de Cecília Meireles:
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Nadador
O que me encanta é a linha alada
das tuas espáduas, e a curva
que descreves, pássaro da água!
É a tua fina, ágil cintura,
e esse adeus da tua garganta
para cemitérios de espuma!
É a despedida, que me encanta,
quando te desprendes ao vento,
fiel à queda, rápida e branda
E apenas por estar prevendo,
longe, na eternidade da água,
sobreviver teu movimento…
Frases de Cecília Meireles
Estas são algumas das mais conhecidas frases da escritora Cecília Meireles:
- "Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira".
- "Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos"
- "Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre".
- "Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda".
- "Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua".
Leia também sobre outros autores:
- Vida e Obra de Clarice Lispector
- Carlos Drummond de Andrade
- Manuel Bandeira
- Vida e Obra de Vinicius de Moraes
DIANA, Daniela. Cecília Meireles. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/cecilia-meireles/. Acesso em: