Joaquim Nabuco
Joaquim Nabuco representou uma das figuras mais importantes do movimento abolicionista no Brasil em prol da libertação dos escravos.
Destacou-se na política, literatura, história e na carreira diplomática.
Foi membro do Instituto Histórico Brasileiro e um dos criadores da Sociedade Anti escravidão Brasileira (1880) e da Academia Brasileira de Letras (1897), do qual foi fundador da cadeira n.º 27.
Biografia de Joaquim Nabuco
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu no Cabo de Santo Agostinho, Recife, Pernambuco, dia 19 de agosto de 1849.
Era filho de José Tomás Nabuco de Araújo Filho, senador do Império e de Ana Benigna de Sá Barreto Nabuco de Araújo.
Passou sua infância no Engenho de Massangana, em Pernambuco, composto pela Casa-Grande e Capela de São Mateus, local importante na construção de seus ideais antiescravistas e libertários.
Em sua obra autobiográfica intitulada “Minha Formação” (1910), Nabuco descreve suas impressões após retornar ao Engenho, anos mais tarde:
O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esquecido pelo homem, e ao qual este terá sempre de se cingir sem o saber… Pela minha parte, acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões. Os primeiros oito anos da vida foram assim, em certo sentido, os de minha formação instintiva, ou moral, definitiva… Passei esse período inicial, tão remoto e tão presente, em um engenho de Pernambuco, minha província natal!
A terra era uma das mais vastas e pitorescas da zona do Cabo… Nunca se me retira da vista esse pano de fundo da minha primeira existência… A população do pequeno domínio, inteiramente fechado a qualquer ingerência de fora, como todos os outros feudos da escravidão, compunha-se de escravos, distribuídos pelos compartimentos da senzala, o grande pombal negro ao lado da casa de morada, e de rendeiros, ligados ao proprietário pelo benefício da casa de barro, que os agasalhava, ou da pequena cultura que lhes consentia em suas terras.
Já no Rio de Janeiro, Nabuco estudou no Colégio Pedro II, tornando-se bacharel em Letras. Mais tarde, ingressou na Faculdade de Direito do Recife, concluindo o curso em 1870.
Em 1889, casou-se com Evelina Torres Ribeiro, com quem teve cinco filhos: Maurício (diplomata), Joaquim (sacerdote), Carolina (escritora), Mariana e José Tomas. Em 1906, recebeu o título de Doutor em Letras, pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Embora fosse monarquista e pertencente a uma família escravocrata, Joaquim Nabuco lutou pelos direitos dos escravos. Foi Deputado Geral da Província (1878) e, mais tarde, foi eleito novamente Deputado de Pernambuco (1887).
Nabuco teve forte atuação política, contudo, destacou-se também na carreira diplomática. Em Londres (Reino Unido), ele foi Ministro da República, e em Washington (EUA), exerceu o cargo de Embaixador do Brasil entre 1905 e 1910.
Faleceu em Washington, com 60 anos, dia 17 de janeiro de 1910, vítima de uma doença congênita chamada “policitemia vera”.
Abolicionismo
O abolicionismo foi um movimento político e social surgido no Brasil em 1888, do qual Joaquim Nabuco foi um dos maiores representantes, ao lado do José do Patrocínio. Juntos, eles fundaram a “Sociedade Brasileira Contra a Escravidão”.
Obras de Joaquim Nabuco
Figura multifacetada, Joaquim Nabuco destacou-se na literatura com um estilo individual, elegante, e uma linguagem clara. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 20 de julho de 1897.
Para muitos estudiosos, sua obra capital é um “Estadista do Império”, que relata a vida de seu ilustre pai, senador do Império. Também publicou obras literárias em francês tal qual “L’Amour est Dieu” (1874) e “Pensées Detachées et Souvenirs” (1906).
Assim, Joaquim, que começou sua vida literária aos 15 anos, escreveu poesia, crítica literária, obras de teor histórico, biografias e memórias. Algumas das obras que se destacam são:
- Camões e os Lusíadas (1872)
- O Abolicionismo (1883)
- Campanha abolicionista no Recife (1885)
- O Erro do Imperador (1886)
- Escravos (1886)
- Por que continuo a ser monarquista (1890)
- Balmaceda (1895)
- O dever dos monarquistas (1895)
- A Minha formação (1910)
- Escritos e discursos literários (1901)
Frases de Joaquim Nabuco
- “O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade”.
- “A oposição será sempre popular; é o prato servido à multidão que não logra participar no banquete.”
- “A consciência é o último ramo da alma que floresce; só dá frutos tardios.”
- “A história da escravidão africana na América é um abismo de degradação e miséria que se não pode sondar.”
- “A Igreja Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação.”
- “O reinado da mulher talvez venha um dia a ser realidade, mas será precedido por uma greve geral do amor. O sexo que suportar por mais tempo essa inatividade acabará por triunfar sobre o outro.”
- “Uma das maiores burlas dos nossos tempos terá sido o prestígio da imprensa. Atrás do jornal, não vemos os escritores, compondo a sós o seu artigo. Vemos as massas que o vão ler e que, por compartilhar dessa ilusão, o repetirão como se fosse o seu próprio oráculo.”
Curiosidades
- Em homenagem ao abolicionista, dia 19 de agosto (data de seu nascimento) é comemorado o “Dia Nacional do Historiador”.
- No Brasil há muitas cidades com ruas, avenidas e praças que levam o nome do abolicionista: Joaquim Nabuco.
- Nabuco foi grande amigo e confidente do escritor e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis (1839-1908).
- Fundada em 1949, na cidade Recife, a Fundação Joaquim Nabuco, é um centro histórico cultural e educativo, vinculada ao Ministério da Educação, que visa a preservação do legado histórico-cultural deixado por Nabuco.
Leia também: Terceira geração romântica
DIANA, Daniela. Joaquim Nabuco. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/joaquim-nabuco/. Acesso em: