O que foi a Revolução Industrial Inglesa?

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A Revolução Industrial Inglesa teve início em consequência de uma série de fatores econômicos, sociais e políticos que ocorreram na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII.

A indústria têxtil foi a que mais se desenvolveu no território inglês, movida pelas máquinas a vapor, abastecidas por carvão mineral.

Causas da Revolução Industrial inglesa

A Inglaterra era um país unificado com uma situação política relativamente estável, livre de tarifas alfandegárias e com sistema de seguro e infra estrutura bancária bem estabelecidos.

No século XVIII tornou-se uma potência econômica internacional dominante e acumulou grandes somas de capital.

Além disso, o grande número de portos naturais e rios navegáveis, muitos deles ligados por novos canais, significava que o consumo interno e o internacional estavam facilmente interligados.

A existência de mão de obra abundante e barata foi também importante para o desenvolvimento da indústria. Desde o início do século XVIII, com a melhoria da produção agrícola, houve uma queda nas taxas de mortalidade.

Ao mesmo tempo, grande contingente populacional estava sendo expulso do campo, pela apropriação das terras por poderosos proprietários rurais, e migravam para a cidade.

Esse movimento foi intensificado pelas Leis de Cercamento, cujo objetivo era acabar com as terras comunais inglesas e incentivar o desenvolvimento da propriedade privada.

Com isso, diversos camponeses que não possuíam uma documentação que comprovasse a posse de suas terras foi expulsa, tendo que encontrar abrigo nas cidades industriais e emprego nas fábricas, que forneciam péssimas condições de trabalho.

A burguesia inglesa pode contar ainda com o crescente império colonial. Na segunda metade do século XVIII, após vencer os franceses, a Inglaterra passou a ter a hegemonia naval.

Por essa época as atividades comerciais comandavam o ritmo da produção.

Consequências da Revolução Industrial na Inglaterra

Manufatura e indústria

Na Inglaterra, no início do século XVIII, coexistiam diversas formas de trabalho industrial. As corporações, que realizavam um trabalho artesanal, já em fase de extinção.

A indústria rural ou doméstica, que funcionava na zona rural, onde as famílias camponesas fiavam, teciam e tingiam, inicialmente para as necessidades da família, produzindo tecidos de lã com rocas e teares de madeira.

Com o crescimento do comércio, passaram a produzir para o mercado, surgindo o fornecedor de matéria-prima que recebia o produto acabado para ser comercializado.

E também as manufaturas de fiação e tecelagem de algodão, que embora não possuíssem máquinas, assemelhavam-se às fábricas, reunindo operários em um só local, produzindo com certa divisão de trabalho.

Máquinas e fábricas

Na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, diversos inventos revolucionaram a produção. O primeiro ramo da indústria a ser mecanizado foi o da fiação e tecelagem de algodão.

Invenções para a indústria

Em 1767, o inventor inglês, James Hargreaves criou a máquina de fiar, construída em madeira, usada pela indústria rural e doméstica.

Em 1769, Richard Arkwright criou o tear hidráulico, depois aperfeiçoado e usado na indústria têxtil. Nesse mesmo ano, James Watt cria a máquina a vapor.

A nova energia passou a ser utilizada nas máquinas de fiar e tecer. Foi na fabricação de tecidos que ocorreram os mais importantes avanços técnicos no início da industrialização.

Em 1779, Samuel Cropton aprimorou o tear hidráulico e em 1785 Edmund Cartwright inventou o tear mecânico, capaz de ser operado por mão de obra não especializada, o que marcou o fim da tecelagem manual.

O uso do ferro e eletricidade nas máquinas

Para aumentar a resistência das máquinas, a madeira foi substituída pelo metal, que estimulou o avanço da siderurgia. A Inglaterra contava com abundância de ferro e carvão, matérias-primas fundamentais para a construção de máquinas e para a produção de energia.

A produção de carvão aumentou devido às bombas a vapor e outras inovações tecnológicas.

Na década de 1880, o surgimento da eletricidade como fonte de energia, cujo pioneiro foi Michael Faraday, anunciava uma rival que acabaria por substituir o vapor.

O desenvolvimento de ferramentas de máquinas padronizadas e precisas foi outro aspecto importante da Revolução Industrial.

O proletariado

Revolução Industrial Inglesa

A Revolução Industrial Inglesa fez surgir uma classe operária, que se caracterizou por ganhar baixos salários e por jornadas de trabalho que chegava a 16 horas.

Os operários, que antes eram donos dos teares e rocas, passaram a ser submetidos aos capitalistas (donos dos meios de produção).

Uma das principais consequências da Revolução industrial foi o crescimento das cidades. Em 1800, Londres chegou a ter 1 milhão de habitantes.

Nessa época, o desenvolvimento industrial e urbano deslocou-se para o norte do pais. Durante a Era Vitoriana, Manchester foi invadida por enorme massa de operários trabalhando em condições miseráveis.

Mulheres e crianças enchiam as fábricas, com salários mais baixos que o dos homens.

Os movimentos operários

As condições de trabalho eram precárias e colocavam em risco a vida e a saúde do trabalhador, levando alguns a se rebelarem contra as máquinas e as fábricas.

Os proprietários e o governo organizaram uma defesa militar. O aumento das lutas operárias obrigou a criação de subsistência mínima para os desempregados (Lei Speenhamland). Um imposto pago pela comunidade custeava as despesas.

Em 1811 eclodiu o movimento ludita, nome derivado de Lend Ludlam, personagem criado para caracterizar a destruição das máquinas pelos trabalhadores.

Na década de 1830, o movimento cartista reivindicava o voto para todos os cidadãos ingleses. Foram criadas associações que se cotizavam para pagar o enterro de algum companheiro morto.

Em seguida surgiram as trade unions (sindicatos), que proibiram o trabalho infantil, o trabalho de oito horas e o direito de greve.

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Referências Bibliográficas

Bahamonde, Miguel & Villares, Ramón - El mundo contemporáneo, siglos XIX y XX. 2008. Ed. Taurus: Madrid.

Schlutz, Helga - Historia económica de Europa, 1500-1800. Artesanos, mercaderes y banqueros. 2001. Siglo XXI Editores: Madrid.

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.