Tenentismo

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

O tenentismo foi um fenômeno sociopolítico brasileiro iniciado na década de 1920, quando um movimento político-militar ganhou força em quartéis distribuídos pelo território nacional e deu origem a uma série de rebeliões realizadas por jovens oficiais de baixa e média patentes do Exército Brasileiro.

Descontentes com a situação política brasileira, esses jovens buscaram abalar suas estruturas ao tentar derrubar as oligarquias rurais que dominavam o país e constituíam o pilar fundamental das tradições da Primeira República.

Vale destacar os movimentos tenentistas mais importantes:

  • Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922)
  • Revoluções de 1924
  • Coluna Prestes (1924-1927)

Causas e reivindicações do Tenentismo

A princípio, devemos destacar a influência das novas demandas que surgiram com a urbanização e a crítica à política das oligarquias agrárias dominantes. Nesse sentido, o movimento tenentista iniciou-se como uma reação militar à posse do presidente Artur Bernardes, em 1922.

O movimento tenentista possuía reivindicações muito claras e suas prerrogativas acabaram se consolidando, mesmo que tardiamente.

Apesar de defenderem reformas políticas e sociais, os líderes do tenentismo eram, na verdade, conservadores e autoritários. Em suma, eles pretendiam moralizar os processos e atos políticos brasileiros, marcados pelos atos de corrupção típicos do coronelismo.

Não obstante, eram a favor da liberdade dos meios de comunicação, do fim do “voto de cabresto, o qual seria combatido pela instauração do voto secreto. Outro corolário era a defesa da educação pública. Por fim, vale citar que eram favoráveis ao sufrágio feminino.

Ademais, o tenentismo foi uma das manifestações da participação dos militares na política brasileira, presente em momentos significativos da história nacional.

Alguns desses momentos foram a Proclamação da República (1889), o movimento de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder e o Golpe Militar de 1964.

Desdobramentos do Tenentismo

Mesmo que não tenha conseguido produzir resultados pragmáticos, o movimento tenentista foi capaz de abalar os alicerces políticos do Brasil da Primeira República.

Sem dúvidas, o movimento mais notório dentro do tenentismo foi a Coluna Prestes (1924-1927). A Coluna Prestes foi grupo composto por civis e militares armados, sob a liderança de Luís Carlos Prestes, que percorreu mais de 24 mil quilômetros e atravessou 11 estados brasileiros.

Utilizando a tática militar de guerrilha, a Coluna tinha como objetivo propagar o ideário político dos tenentes e incentivar o surgimento de movimentos revolucionários antioligárquicos.

Já no final da década de 1920, ao aderir às ideias marxistas e ao Partido Comunista Brasileiro, Luís Carlos Prestes rompeu com o movimento tenentista.

Em outro extremo do movimento, o tenentismo viria participar do movimento que conduziu Getúlio Vargas ao poder. Primeiro, os tenentes tomaram parte da Aliança Liberal, que participou das eleições para a presidência da república em 1929.

Com a derrota nas urnas, participaram ativamente da Revolução de 1930 e, após a vitória e posse de Getúlio Vargas, os mesmos foram nomeados interventores nos estados. Com isso, passaram a integrar a vida política do país.

Enquanto movimento militar e político, o tenentismo manteve-se ativo até 1935. Entretanto, cabe lembrar que diversos nomes ligados ao movimento continuaram participando da vida política brasileira nas décadas seguintes.

Curiosidades sobre o Tenentismo

Com a Revolução de 1930, a maioria dos governos de estados brasileiros foram atribuídos aos tenentes, os quais eram nomeados interventores.

Quase todos os comandantes militares do golpe militar de 1964 foram ex-integrantes do movimento tenentista. São exemplos: Cordeiro de Farias, Ernesto Geisel, Eduardo Gomes, Castelo Branco, Juracy Magalhães, Juarez Távora e Emílio Garrastazu Médici.

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Referências Bibliográficas

FORJAZ, Maria Cecília Spina. Tenentismo. Atlas Histórico do Brasil, FGV-CPDOC. Disponível em: https://atlas.fgv.br/verbetes/tenentismo (acesso em 26/04/2024).

VITOR, Amilcar Guidolim. A gênese do tenentismo no Brasil e as revoltas tenentistas na Primeira República. Revista Vozes, Pretérito & Devir. Universidade Estadual do Piauí, Ano VI, Vol. X Nº I, 2019. Disponível em: http://revistavozes.uespi.br/index.php/revistavozes/article/view/238 (acesso em 26/04/2024).

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.