A Linguagem do Parnasianismo
A Linguagem do Parnasianismo é clássica, objetiva, racional, impessoal, refinada, descritiva e realista. Ela busca a perfeição estética e o culto à forma, utilizando, assim, vocabulário raro e recursos como a metrificação, versificação, estruturas poéticas fixas (soneto, por exemplo), rimas ricas, raras e perfeitas.
Parnasianismo
O Parnasianismo representou um movimento poético que surgiu na Europa a partir do século XIX.
No Brasil, o marco inicial do Parnasianismo foi a publicação da obra Fanfarras, de Teófilo Dias (1889).
De teor anti-romântico, a poesia parnasiana resgata o racionalismo, afastando-se do sentimentalismo, bem como da fase sonhadora e idealista do período anterior: o Romantismo.
Dessa maneira, a beleza das formas, o rigor à métrica e à estética prevalecem no Parnasianismo, em que temas clássicos ligados à mitologia têm destaque. A “a arte pela arte” torna-se seu mote principal.
Representantes do Parnasianismo
Os principais escritores brasileiros do movimento parnasiano que, formaram a “Tríada Parnasiana”, são:
- Olavo Bilac (1865-1918): nascido no Rio de janeiro, Olavo Bilac é um dos maiores representantes do movimento parnasiano no Brasil. Considerado “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, ele ficou conhecido pelos seus sonetos. De sua obra literária merecem destaque: Poesias (1888), Via Láctea (1888), Crônicas e Novelas (1894).
- Raimundo Corrêa (1859-1911): poeta maranhense, Raimundo Correia foi um dos maiores representantes do Parnasianismo, ainda que sua obra apresente aspectos românticos. De sua obra poética merecem destaque: Primeiros Sonhos (1879), Versos e Versões (1887) e Poesias (1898).
- Alberto de Oliveira (1857-1937): nascido no interior do Rio de Janeiro (Saquarema), Alberto de Oliveira completa a tríade dos maiores escritores parnasianos. Em seu primeiro livro “Canções Românticas”, publicado em 1878, ainda é notória a influência romântica. De sua obra merecem destaque: Meridionais (1884), Versos e Rimas (1895) e Poesias (1900).
Exemplos de Poesia Parnasiana
Língua Portuguesa, de Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
As Pombas, de Raimundo Correia
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem...Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
A Vingança da Porta, de Alberto de Oliveira
Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha
e interrogava... Ele, cerrando os dentes:
— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha
calmava-se; feliz, os inocentes
olhos revê da filha e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...
Nisso nos gonzos range a velha porta,
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta.
Leia também:
DIANA, Daniela. A Linguagem do Parnasianismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/a-linguagem-do-parnasianismo/. Acesso em: