A Linguagem do Simbolismo
A Linguagem do Simbolismo é subjetiva, imprecisa, vaga, transcendental, sensorial, fluida, onírica, libertária, expressiva, musical, criativa, mística, misteriosa, sensual e espiritual.
Figuras de Linguagem do Simbolismo
Visto que a linguagem do simbolismo está repleta de combinações sonoras e sensoriais, os escritores desse movimento buscaram recursos que potencializassem a musicalidade da escrita.
Assim, as figuras de linguagem mais utilizadas no simbolismo, as quais estão relacionadas, em maior parte, à sonoridade (figuras de som), são:
- Aliteração: caracterizada pela repetição de consoantes ou de sílabas.
- Assonância: caracterizada pela repetição de vogais.
- Onomatopeia: caracterizada pela inserção dos sons reais.
- Sinestesia: caracterizada pela combinação de diferentes sensações relacionadas com o sistema sensorial (visão, olfato, paladar, audição e o tato).
Contexto Histórico e Características do Simbolismo
O Simbolismo corresponde a um movimento artístico que surge nas últimas décadas do século XIX, e demostra a crise espiritual da época.
Por esse motivo, o movimento simbolista está associado a corrente artística e filosófica do Decadentismo.
Em oposição ao Realismo, Naturalismo e Parnasianismo, o Simbolismo teve início na França com a publicação da obra “As Flores do Mal” (1857) do escritor francês Charles Baudelaire (1821-1867).
O Movimento Simbolista se aproxima do Romantismo na medida em que explora a subjetividade, recuperando assim os valores emocionais que foram deixados de lado pelas escolas anteriores (Realismo, Naturalismo e Parnasianismo), que por sua vez retratavam de forma fidedigna os aspectos da sociedade.
Sendo assim, as principais características exploradas no Simbolismo apontam para a concepção anti-racionalista e anti-materialista do movimento, uma vez que aspectos místicos e transcendentais se unem com o subjetivismo, a criatividade e a imaginação inaugurando uma nova forma de ver e sentir o mundo.
Os principais temas explorados são o amor, a loucura, o sonho, a mente humana, a dor, a morte, dentre outros.
De tal modo, a linguagem do simbolismo expressa o intuito dos artistas desse movimento, ao explorar aspectos do consciente e do subconsciente, se afastando dos modelos formais das escolas anteriores e trazendo à tona aspectos relacionados, sobretudo, à espiritualidade humana.
Simbolismo no Brasil e em Portugal
No Brasil, o Simbolismo tem início em 1893, com a publicação das obras “Missal” (prosa) e “Broquéis” (poesia), de Cruz e Souza.
Em Portugal, o Simbolismo é marcado pela publicação da obra “Oaristos”, de Eugênio de Castro, em 1890.
Principais Representantes no Brasil
No Brasil, os principais escritores simbolistas foram:
- Cruz e Souza (1861-1898)
- Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
- Augusto dos Anjos (1884-1914)
Principais Representantes em Portugal
Em Portugal, os mais proeminentes escritores simbolistas foram:
- Camilo Pessanha (1867-1926)
- Eugênio de Castro (1869-1944)
- Antônio Nobre (1867-1900)
Exemplos da poesia simbolista
Para compreender melhor os diversos aspectos da linguagem simbolista, segue abaixo dois exemplos:
Soneto “Em Sonhos...” de Cruz e Souza presente na obra “Broquéis”
Nos Santos óleos do luar, floria
Teu corpo ideal, com o resplendor da Helade...
E em toda a etérea, branda claridade
Como que erravam fluidos de harmonia...
As Águias imortais da Fantasia
Deram-te as asas e a serenidade
Para galgar, subir a Imensidade
Onde o clarão de tantos sóis radia.
Do espaço pelos límpidos velinos
Os Astros vieram claros, cristalinos,
Com chamas, vibrações, do alto, cantando...
Nos santos óleos do luar envolto
Teu corpo era o Astro nas esferas solto,
Mais Sóis e mais Estrelas fecundando!
“Poema Final” de Camilo Pessanha presente na obra “Clepsidra”
Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas,
Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise,
Represados clarões, cromáticas vesânias,
No limbo onde esperais a luz que vos batize,
As pálpebras cerrai, ansiosas não veleis.
Abortos que pendeis as frontes cor de cidra,
Tão graves de cismar, nos bocais dos museus,
E escutando o correr da água na clepsidra,
Vagamente sorris, resignados e ateus,
Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite errais, doces almas penando,
E as asas lacerais na aresta dos telhados,
E no vento expirais em um queixume brando,
Adormecei. Não suspireis. Não respireis.
Para saber mais sobre o tema, veja os artigos:
- Simbolismo
- Simbolismo no Brasil
- Simbolismo em Portugal
- Poesia Simbolista
- Características do Simbolismo
- Autores do Simbolismo no Brasil
- Parnasianismo e Simbolismo
- Questões sobre o Simbolismo
DIANA, Daniela. A Linguagem do Simbolismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/a-linguagem-do-simbolismo/. Acesso em: