A Moreninha
A Moreninha é um romance do escritor brasileiro Joaquim Manuel de Macedo e um dos maiores clássicos da literatura brasileira.
Foi publicada em 1844 durante a primeira geração romântica no Brasil, inaugurando o romantismo no país.
Estrutura da obra A Moreninha
A Moreninha está dividida em 23 capítulos titulados e o epílogo
- Capítulo 1: Aposta Imprudente
- Capítulo 2: Fabrício em Apuros
- Capítulo 3: Manhã de Sábado
- Capítulo 4: Falta de Condescendência
- Capítulo 5: Jantar Conversado
- Capítulo 6: Augusto com seus Amores
- Capítulo 7: Os Dois Breves, Branco e Verde
- Capítulo 8: Augusto Prosseguindo
- Capítulo 9: A Sra. D. Ana com suas Histórias
- Capítulo 10: A Balada no Rochedo
- Capítulo 11: Travessuras de D. Carolina
- Capítulo 12: Meia Hora Embaixo da Cama
- Capítulo 13: Os Quatro em Conferência
- Capítulo 14: Pedilúvio Sentimental
- Capítulo 15: Um Dia em Quatro Palavras
- Capítulo 16: O Sarau
- Capítulo 17: Foram Buscar Lã e Saíram Tosquiadas
- Capítulo 18: Achou Quem o Tosquiasse
- Capítulo 19: Entremos nos Corações
- Capítulo 20: Primeiro Domingo: Ele Marca
- Capítulo 21: Segundo Domingo: Brincando com Bonecas
- Capítulo 22: Mau Tempo
- Capítulo 23: A Esmeralda e o Camafeu
Personagens de A Moreninha
Confira abaixo os principais personagens da obra:
- Augusto: estudante de medicina que se apaixona por Carolina.
- Leopoldo: estudante de medicina.
- Fabrício: estudante de medicina.
- Filipe: estudante de medicina e irmão de Carolina.
- D. Carolina: irmã de Filipe.
- D. Ana: avó de Filipe.
- Joana: prima de Filipe.
- Joaquina: Prima de Felipe.
Resumo da obra A Moreninha
O romance relata a vida de quatro estudantes de medicina durante um final de semana.
No feriado de Sant’Ana um grupo de amigos estudantes de medicina vão para ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.
Augusto, Leopoldo, Fabrício e Filipe vão passar o feriado na casa da avó de Filipe. Augusto, um dos namoradores do grupo, foi desafiado por Filipe a conquistar uma das meninas.
Sendo assim, ficou combinado que se ele se apaixonasse por uma delas, deveria escrever um romance. Do contrário, Filipe o escreveria.
Todavia, durante um jantar, Fabrício acaba por revelar características de Augusto, o que leva as garotas a se afastarem dele.
Entretanto, a irmã de Filipe, Carolina, é a única em que cogita a possibilidade de se aproximar dele.
Nesse final de semana, Augusto revela para a avó de Felipe sobre uma de suas paixões. Foi durante uma viagem à praia que ele conheceu uma garota.
Na época, Augusto lhe ofereceu um camafeu enrolado numa fita verde. Mas, até hoje não sabe o nome da garota.
Quando todos retornam aos estudos, Augusto sente falta de Carolina e resolve ir encontrá-la na Ilha de Paquetá.
Quando ela lhe entrega o embrulho do camafeu que ele outrora deu para uma garota, o mistério de seu amor é revelado. Assim, para cumprir a promessa, ele escreve o romance intitulado A Moreninha.
Confira a obra na íntegra, fazendo o download do PDF aqui: A Moreninha.
Análise da obra A Moreninha
O romance romântico A Moreninha inaugurou o romantismo no Brasil. Foi primeiramente publicado nos folhetins, ou seja, semanalmente era lançado um capítulo ao público.
Com uma linguagem simples, e muitas vezes coloquial, o tema do amor idealizado e puro é central na trama.
A obra retrata os costumes da alta sociedade do Rio de Janeiro em meados do século XIX. O discurso direto é um recurso muito utilizado por Manuel, com o intuito de transmitir autenticidade e espontaneidade nas falas dos personagens.
Trechos da obra A Moreninha
Para compreender melhor a linguagem utilizada por Joaquim Manuel de Macedo, confira abaixo alguns trechos da obra:
Capítulo 1: Aposta Imprudente
“Bravo! exclamou Filipe, entrando e despindo a casaca, que pendurou em um cabide velho. Bravo!... interessante cena! mas certo que desonrosa fora para casa de um estudante de Medicina e já no sexto ano, a não valer-lhe o adágio antigo: - o hábito não faz o monge.
— Temos discurso!... atenção!... ordem!... gritaram a um tempo três vozes.
— Coisa célebre! acrescentou Leopoldo. Filipe sempre se torna orador depois do jantar...
— E dá-lhe para fazer epigramas, disse Fabrício.
— Naturalmente, acudiu Leopoldo, que, por dono da casa, maior quinhão houvera no cumprimento do recém-chegado; naturalmente. Bocage, quando tomava carraspana, descompunha os médicos.
— C’est trop fort! bocejou Augusto, espreguiçando-se no canapé em que se achava deitado.”
Capítulo 12: Meia Hora Embaixo da Cama
“Não tardou que Filipe, como bom amigo e hóspede, viesse em auxílio de Augusto. Em verdade que era impossível passar o resto da tarde e a noite inteira com aquela calça, manchada pelo café; e, portanto, os dois estudantes voaram à casa. Augusto, entrando no gabinete destinado aos homens, ia tratar de despir-se, quando foi por Filipe interrompido.
— Augusto, uma idéia feliz! vai vestir-te no gabinete das moças.
— Mas que espécie de felicidade achas tu nisso?
— Ora! pois tu deixas passar uma tão bela ocasião de te mirares no mesmo espelho em que elas se miram!... de te aproveitares das mil comodidades e das mil superfluidades que formigam no toucador de uma moça?... Vai!... sou eu que to digo; ali acharás banhas e pomadas naturais de todos os países; óleos aromáticos, essências de formosura e de todas as qualidades; águas cheirosas, pós vermelhos para as faces e para os lábios, baeta fina para esfregar o rosto e enrubescer as pálidas, escovas e escovinhas, flores murchas e outras viçosas.
— Basta, basta; eu vou, mas lembra-te que és tu quem me fazes ir e que o meu coração adivinha...
— Anda, que o teu coração sempre foi um pedaço d’asno.”
Capítulo 23: A Esmeralda e o Camafeu
“Dona Carolina passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e despeitada; a boa avó livrou-a desses tormentos; na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair a conversação sobre o estudante amado, disse:
— Aquele interessante moço, Carolina, parece pagar-nos bem a amizade que lhe temos, não entendes assim?...
— Minha avó... eu não sei.
— Dize sempre, pensarás acaso de maneira diversa?...
A menina hesitou um instante, e depois respondeu:
— Se ele pagasse bem, teria vindo domingo.
— Eis uma injustiça, Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma enfermidade cruel.
— Doente?! exclamou a linda Moreninha, extremamente comovida. Doente?... em perigo?...
— Graças a Deus, há dois dias ficou livre dele; hoje já pôde chegar à janela, assim me mandou dizer Filipe.
— Oh! pobre moço!... se não fosse isso teria vindo ver-nos!...”
Filmes e telenovelas baseados na obra A Moreninha
A obra A Moreninha foi adaptada para cinema em dois momentos: 1915 e 1970. Além disso, o romance inspirou a criação de duas telenovelas, uma que estreou em 1965 e outra, em 1975.
Leia também:
Principais obras e autores do Romantismo
DIANA, Daniela. A Moreninha. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/a-moreninha/. Acesso em: