Alienação na Sociologia e Filosofia
Na Sociologia, o conceito de alienação está intimamente relacionado aos processos de alheamento do indivíduo que surge por diversos motivos na vida social. Isso leva ao alijamento da sociedade como um todo.
O estado de alienação interfere na capacidade dos indivíduos sociais de agirem e pensarem por si próprios. Ou seja, eles não têm consciência do papel que desempenham nos processos sociais.
Do latim, a palavra “alienação” (alienare) significa “tornar alguém alheio a alguém”. Atualmente, o termo é utilizado em diferentes áreas (direito, economia, psicologia, antropologia, comunicação, etc.) e contextos.
Karl Marx e o Conceito de Alienação
A alienação na sociologia foi essencialmente influenciada pelos estudos do revolucionário alemão Karl Marx (1818-1883), no âmbito do trabalho alienado e das relações de produção.
Em 1867, Marx escreveu sua obra mais emblemática, O Capital. Nele, o autor critica a sociedade industrial capitalista em seu modo de produção e sua tendência a criar uma forma de trabalho que acaba por desumanizar o indivíduo explorado.
O trabalho alienado surge a partir do momento em que o trabalhador perde a posse dos meios de produção e passa a ser compreendido como parte da linha de produção (assim como as máquinas e ferramentas). O trabalhador assume uma única função fundamental: gerar lucro.
O lucro tem como base a exploração do trabalhador e o processo de mais valia. O trabalhador tem parte do que produz apropriado de forma indevida pelo capitalista.
Trata-se, portanto, de uma alienação socioeconômica onde a fragmentação do trabalho industrial produz a fragmentação do saber humano. De tal modo, a alienação torna-se um problema de legitimidade do controle social.
A divisão social do trabalho, enfatizada pela sociedade capitalista, contribui para o processo de alienação do indivíduo. Os cidadãos que participam do processo de produção de bens e serviços, acabam por não usufruir deles.
Nas palavras do filósofo:
“Primeiramente, o trabalho alienado se apresenta como algo externo ao trabalhador, algo que não faz parte de sua personalidade. Assim, o trabalhador não se realiza em seu trabalho, mas nega-se a si mesmo. Permanece no local de trabalho com uma sensação de sofrimento em vez de bem-estar, com um sentimento de bloqueio de suas energias físicas e mentais que provoca cansaço físico e depressão. (...) Seu trabalho não é voluntário, mas imposto e forçado. (...) Afinal, o trabalho alienado é um trabalho de sacrifício, e mortificação. É um trabalho que não pertence ao trabalhador mas sim à outra pessoa que dirige a produção”.
Alienação na Filosofia
Hegel (1770-1830), um dos mais importantes filósofos alemães, foi o primeiro a utilizar o termo “alienação”. Segundo ele, a alienação do espírito humano está relacionada com as potencialidades dos indivíduos e dos objetos que ele cria.
Assim, é transferida a potencialidade dos indivíduos nos objetos produzidos, criando uma relação de identidade entre os indivíduos, como por exemplo, na cultura.
Na filosofia, desde então, o conceito de alienação está associado a uma espécie de vazio existencial. Relaciona-se, assim, com a falta de consciência própria, de modo que o sujeito perde sua identidade, seu valor, seus interesses e sua vitalidade.
Como consequência, o sujeito tende a objetificar-se, tornar-se coisa. Em outras palavras, ele torna-se uma pessoa alheia a si mesma.
Além do trabalho alienado, conceito bem fundamentado por Marx, na filosofia podemos ainda considerar o consumo alienado e o lazer alienado.
A ideia-chave no conceito de alienação é o fato do indivíduo perder o contato com a totalidade das estruturas. Sua visão parcial faz com que ele não compreenda as forças que atuam no contexto.
Isto acarreta uma mistificação da realidade. As coisas são entendidas como necessárias, a forma na qual a sociedade se encontra passa a ser entendida como o único modo possível de organização.
No consumo alienado, conceito muito explorado, sobretudo nas sociedades capitalistas atuais, os indivíduos são bombardeados por propagandas disseminadas pelos meios de comunicação. Sua liberdade passa a estar constrangida a determinados padrões de consumo.
Assim, o indivíduo alienado relaciona sua essência com um padrão de consumo. Os produtos passam a possuir uma aura capaz de atribuir características ao sujeito e suprir suas necessidades.
Da mesma forma, a alienação pelo lazer gera indivíduos frágeis, com dificuldade de compreender sua própria personalidade. Isto afeta diretamente sua autoestima, espontaneidade e processos criativos.
No lazer, a alienação pode ser gerada pelos produtos e objetos de consumo incentivados pela indústria cultural.
Escola de Frankfurt e a Atualidade
Para o filósofo alemão Max Horkheimer (1885-1973), criador da expressão "Indústria Cultural”:
“Quanto mais intensa é a preocupação do indivíduo com o poder sobre as coisas, mais as coisas o dominarão, mais lhe faltarão os traços individuais genuínos”.
Para os pensadores da Escola de Frankfurt, a indústria cultural tem um papel fundamental dentro do processo de alienação.
A suposta possibilidade de escolha traz consigo uma aparência de liberdade e aumenta o grau de alienação do indivíduo. Assim, retira-lhe as ferramentas para o questionamento do modelo imposto pela classe dominante.
Tipos de Alienação
O conceito de alienação é bem amplo e, como foi dito acima, ele contempla diversas áreas do saber.
Assim, a alienação pode ser classificada em diversos tipos dos quais se destacam:
- Alienação Social
- Alienação Cultural
- Alienação Econômica
- Alienação Política
- Alienação Religiosa
Veja também:
MENEZES, Pedro. Alienação na Sociologia e Filosofia. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/alienacao-na-sociologia-e-filosofia/. Acesso em: