Ambiguidade

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora de Língua Portuguesa e Literatura

A ambiguidade é a duplicidade de sentidos que uma palavra pode apresentar. Há a ambiguidade lexical e a ambiguidade estrutural.

A ambiguidade LEXICAL ocorre quando uma palavra tem sentidos diferentes e, mesmo em um contexto, nem sempre conseguimos compreender, com precisão, o seu sentido.

Exemplo de ambiguidade lexical: O cachorro do vizinho causa problemas sempre.

Nessa frase, a palavra cachorro pode ter o sentido de animal (o cachorro que pertence ao vizinho) ou pode ter o sentido de um mau-caráter (comparação do vizinho a um cachorro).

A ambiguidade ESTRUTURAL ocorre quando a posição das palavras numa oração podem resultar numa oração com sentido ambíguo, impreciso.

Exemplo de ambiguidade estrutural: Ajudei a colega exausta no final do dia.

Nessa frase, não conseguimos compreender com precisão quem estava exausta, eu ou a colega. Se a frase fosse "Exausta, ajudei a colega no final do dia." ou "Ajudei a colega, que estava exausta, no final do dia." não haveria ambiguidade.

Pelo fato de reunir mais do que uma interpretação possível, a ambiguidade pode gerar um desentendimento no discurso, motivo pelo qual deve ser evitada nos discursos formais.

No entanto, a ambiguidade é um recurso muito utilizado nos textos poéticos, uma vez que oferece maior expressividade ao texto. Além disso, também é usado nos textos publicitários para garantir o humor. Neste caso, quando seu uso é intencional, a ambiguidade é considerada uma figura de linguagem. Mas, quando surge por descuido, a ambiguidade é considerada um vício de linguagem.

A ambiguidade também é chamada de anfibologia.

Exemplos de ambiguidade

Exemplo 1: O professor da Maria terminou a aula fazendo apontamentos no seu caderno.

Os apontamentos foram feitos no caderno da Maria ou no caderno do professor?

Não haveria ambiguidade se a frase fosse "O professor da Maria terminou a aula fazendo apontamentos no caderno dela." ou "O professor da Maria terminou a aula fazendo apontamentos no seu próprio caderno." .

Exemplo 2: A Maria fez aquele jantar na sua casa.

O jantar foi feito na casa da pessoa com quem falamos ou na sua própria casa?

Não haveria ambiguidade se a frase fosse "A Maria fez aquele jantar na casa da Ana." ou "A Maria fez aquele jantar na sua própria casa.".

Exemplo 3: A ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro preparando a apresentação do prato.

A ajudante preparou a apresentação do prato sozinha ou ajudou o cozinheiro com a sua apresentação?

Não haveria ambiguidade se frase fosse "A ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro com a apresentação do prato." ou "Preparando a apresentação do prato, a ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro.".

Exemplo 4: Falei com a chefe que estava com vertigens.

Quem estava com vertigens, eu ou a minha chefe?

Não haveria ambiguidade se frase fosse "Com vertigens, falei com a chefe."

Exemplo 5: Estamos falando acerca de um prato daquele novo restaurante, o qual faço questão que você experimente.

O que você gostaria que eu experimentasse, o prato ou o novo restaurante?

Não haveria ambiguidade se frase fosse "Estamos falando acerca de um prato daquele novo restaurante. Faço questão que você experimente o lugar." ou "Estamos falando acerca de um prato daquele novo restaurante. Faço questão que você experimente a comida."

Exemplo 6: Convence, enfim, o chefe o funcionário.

O chefe convence o funcionário ou o funcionário convence o chefe?

Não haveria ambiguidade se frase fosse "O chefe convence, enfim, o funcionário." ou "O funcionário convence, enfim, o chefe.".

Ambiguidade na publicidade

Um texto pode pretender a transmissão de mais do que uma mensagem, seja por meio da linguagem escrita ou através de imagens.

No caso da publicidade, isso é feito de forma proposital. Como exemplo, podemos citar a publicidade a respeito de um anúncio de bolachas: "Encha seu filho de bolacha."

Note que o objetivo da mensagem é a de incentivar o consumo de bolachas e não de incitar os pais a baterem nos filhos. Isso ocorre porque o termo bolacha é ambíguo, uma vez que pode significar um tipo de biscoito ou uma bofetada.

Diferença entre ambiguidade e polissemia

A diferença entre ambiguidade e polissemia é a precisão do significado das palavras.

Quando uma palavra tem mais do que um sentido impreciso, temos AMBIGUIDADE, por exemplo: Ninguém conseguia se aproximar do porco do tio, tão mal ele cheirava.

Nessa frase, a palavra porco pode ter o sentido de animal (o porco que pertence ao tio) ou pode ter o sentido de pessoa suja (comparação do tio a um porco).

Quando uma palavra, apesar de vários significados, tem um significado preciso pelo seu contexto, temos POLISSEMIA, por exemplo: Joana sentou no banco para terminar de ler seu livro.

Apesar e a palavra banco significar assento ou instituição, nessa frase, temos certeza que ela significa assento.

Exercício sobre ambiguidade

(UNICAMP-SP)

P E R I G O

Árvore ameaça cair em praça do Jardim Independência

Um perigo iminente ameaça a segurança dos moradores da rua Tonon Martins, no Jardim Independência. Uma árvore, com cerca de 35 metros de altura, que fica na Praça Conselheiro da Luz, ameaça cair a qualquer momento.

Ela foi atingida, no final de novembro do ano passado, por um raio e, desde este dia, apodreceu e morreu, a árvore, de grande porte, é do tipo Cambuí e está muito próxima à rede de iluminação pública e das residências.

“O perigo são as crianças que brincam no local”, diz Sérgio Marcatti, presidente da associação do bairro.

(Juliana Vieira, Jornal Integração, 16 a 31 de agosto de 1996).

a) O que pretendia afirmar o presidente da associação?

Que a árvore morta ameaçava a segurança das crianças que brincam nas suas proximidades.

b) O que afirma, literalmente?

Afirma que "o perigo são as crianças", enquanto deveria dizer que a árvore é um perigo para as crianças.

Para praticar:

Exercícios sobre ambiguidade (com gabarito)

Exercícios sobre Polissemia (5º e 7º ano) com gabarito

Leia também: Polissemia: o que é (com exemplos)

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).