Ambiguidade
A ambiguidade é a duplicidade de sentidos que uma palavra pode apresentar. Há a ambiguidade lexical e a ambiguidade estrutural.
A ambiguidade LEXICAL ocorre quando uma palavra tem sentidos diferentes e, mesmo em um contexto, nem sempre conseguimos compreender, com precisão, o seu sentido.
Exemplo de ambiguidade lexical: O cachorro do vizinho causa problemas sempre.
Nessa frase, a palavra cachorro pode ter o sentido de animal (o cachorro que pertence ao vizinho) ou pode ter o sentido de um mau-caráter (comparação do vizinho a um cachorro).
A ambiguidade ESTRUTURAL ocorre quando a posição das palavras numa oração podem resultar numa oração com sentido ambíguo, impreciso.
Exemplo de ambiguidade estrutural: Ajudei a colega exausta no final do dia.
Nessa frase, não conseguimos compreender com precisão quem estava exausta, eu ou a colega. Se a frase fosse "Exausta, ajudei a colega no final do dia." ou "Ajudei a colega, que estava exausta, no final do dia." não haveria ambiguidade.
Pelo fato de reunir mais do que uma interpretação possível, a ambiguidade pode gerar um desentendimento no discurso, motivo pelo qual deve ser evitada nos discursos formais.
No entanto, a ambiguidade é um recurso muito utilizado nos textos poéticos, uma vez que oferece maior expressividade ao texto. Além disso, também é usado nos textos publicitários para garantir o humor. Neste caso, quando seu uso é intencional, a ambiguidade é considerada uma figura de linguagem. Mas, quando surge por descuido, a ambiguidade é considerada um vício de linguagem.
A ambiguidade também é chamada de anfibologia.
Exemplos de ambiguidade
Exemplo 1: O professor da Maria terminou a aula fazendo apontamentos no seu caderno.
Os apontamentos foram feitos no caderno da Maria ou no caderno do professor?
Não haveria ambiguidade se a frase fosse "O professor da Maria terminou a aula fazendo apontamentos no caderno dela." ou "O professor da Maria terminou a aula fazendo apontamentos no seu próprio caderno." .
Exemplo 2: A Maria fez aquele jantar na sua casa.
O jantar foi feito na casa da pessoa com quem falamos ou na sua própria casa?
Não haveria ambiguidade se a frase fosse "A Maria fez aquele jantar na casa da Ana." ou "A Maria fez aquele jantar na sua própria casa.".
Exemplo 3: A ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro preparando a apresentação do prato.
A ajudante preparou a apresentação do prato sozinha ou ajudou o cozinheiro com a sua apresentação?
Não haveria ambiguidade se frase fosse "A ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro com a apresentação do prato." ou "Preparando a apresentação do prato, a ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro.".
Exemplo 4: Falei com a chefe que estava com vertigens.
Quem estava com vertigens, eu ou a minha chefe?
Não haveria ambiguidade se frase fosse "Com vertigens, falei com a chefe."
Exemplo 5: Estamos falando acerca de um prato daquele novo restaurante, o qual faço questão que você experimente.
O que você gostaria que eu experimentasse, o prato ou o novo restaurante?
Não haveria ambiguidade se frase fosse "Estamos falando acerca de um prato daquele novo restaurante. Faço questão que você experimente o lugar." ou "Estamos falando acerca de um prato daquele novo restaurante. Faço questão que você experimente a comida."
Exemplo 6: Convence, enfim, o chefe o funcionário.
O chefe convence o funcionário ou o funcionário convence o chefe?
Não haveria ambiguidade se frase fosse "O chefe convence, enfim, o funcionário." ou "O funcionário convence, enfim, o chefe.".
Ambiguidade na publicidade
Um texto pode pretender a transmissão de mais do que uma mensagem, seja por meio da linguagem escrita ou através de imagens.
No caso da publicidade, isso é feito de forma proposital. Como exemplo, podemos citar a publicidade a respeito de um anúncio de bolachas: "Encha seu filho de bolacha."
Note que o objetivo da mensagem é a de incentivar o consumo de bolachas e não de incitar os pais a baterem nos filhos. Isso ocorre porque o termo bolacha é ambíguo, uma vez que pode significar um tipo de biscoito ou uma bofetada.
Diferença entre ambiguidade e polissemia
A diferença entre ambiguidade e polissemia é a precisão do significado das palavras.
Quando uma palavra tem mais do que um sentido impreciso, temos AMBIGUIDADE, por exemplo: Ninguém conseguia se aproximar do porco do tio, tão mal ele cheirava.
Nessa frase, a palavra porco pode ter o sentido de animal (o porco que pertence ao tio) ou pode ter o sentido de pessoa suja (comparação do tio a um porco).
Quando uma palavra, apesar de vários significados, tem um significado preciso pelo seu contexto, temos POLISSEMIA, por exemplo: Joana sentou no banco para terminar de ler seu livro.
Apesar e a palavra banco significar assento ou instituição, nessa frase, temos certeza que ela significa assento.
Exercício sobre ambiguidade
(UNICAMP-SP)
P E R I G O
Árvore ameaça cair em praça do Jardim Independência
Um perigo iminente ameaça a segurança dos moradores da rua Tonon Martins, no Jardim Independência. Uma árvore, com cerca de 35 metros de altura, que fica na Praça Conselheiro da Luz, ameaça cair a qualquer momento.
Ela foi atingida, no final de novembro do ano passado, por um raio e, desde este dia, apodreceu e morreu, a árvore, de grande porte, é do tipo Cambuí e está muito próxima à rede de iluminação pública e das residências.
“O perigo são as crianças que brincam no local”, diz Sérgio Marcatti, presidente da associação do bairro.
(Juliana Vieira, Jornal Integração, 16 a 31 de agosto de 1996).
a) O que pretendia afirmar o presidente da associação?
b) O que afirma, literalmente?
Para praticar:
Exercícios sobre ambiguidade (com gabarito)
Exercícios sobre Polissemia (5º e 7º ano) com gabarito
Leia também: Polissemia: o que é (com exemplos)
FERNANDES, Márcia. Ambiguidade. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/ambiguidade/. Acesso em: