Análise morfológica

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora de Língua Portuguesa e Literatura

A morfologia é o estudo da estrutura e da formação das palavras. A Análise morfológica analisa a classe gramatical dos elementos que formam um enunciado linguístico individualmente, sem que haja ligação entre eles.

São classes gramaticais:substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

A análise sintática, por sua vez, analisa a função e a ligação de cada elemento que forma um enunciado linguístico.

Assim, a análise morfossintática analisa os elementos do mesmo enunciado linguístico sintática e morfologicamente.

Substantivo

É a palavra que dá nome aos objetos, aos lugares, às ações, aos seres em geral, entre outros.

O substantivo varia em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).

Quanto à formação, o substantivo pode ser:

  • Primitivo – é o nome que não deriva de outra palavra da língua portuguesa. Exemplos: casa, pedra e jornal.
  • Derivado – é o nome que deriva de outra palavra da língua portuguesa. Exemplos: casarão, pedreira e jornaleiro (palavras derivadas dos exemplos acima, respetivamente).
  • Simples – é o nome formado por apenas um radical. Radical é o elemento que é a base do significado das palavras. Exemplos: casa, flor e gira, cujos radicais são respetivamente: cas, flor e gir.
  • Composto – é o nome formado por mais do que um radical. Exemplos: couve-flor, girassol e passatempo, cujos radicais são respetivamente: couv e flor, gir e sol e pass e temp.

Quanto ao elemento que nomeia, o substantivo pode ser:

  • Comum – é a palavra que dá nome aos elementos da mesma espécie, de forma genérica. Exemplos: cidade, pessoa e rio.
  • Próprio – é a palavra que dá nome aos elementos de forma específica, por isso, são sempre grafados com letra maiúscula. Exemplos: Bahia, Ana e Tietê.
  • Concreto – é a palavra que dá nome aos elementos concretos, de existência real ou imaginária. Exemplos: casa, fada e pessoa.
  • Coletivo – é a palavra que dá nome ao grupo de elementos da mesma espécie. Exemplos: acervo (conjunto de obras de arte), cardume (conjunto de peixes) e resma (conjunto de papéis).
  • Abstrato – é a palavra que dá nome a ações, estados, qualidades e sentimentos. Exemplos: trabalho, alegria, altura e amor.

Artigo

É a palavra que antecede os substantivos.

O artigo varia em gênero e número, bem como o determina (artigo definido) ou o generaliza (artigo indefinido).

  • São artigos definidos: o, a (no singular) e os, as (no plural)
  • São artigos indefinidos: um, uma (no singular) e uns, umas (no plural)

Adjetivo

É a palavra que caracteriza, atribui qualidades aos substantivos e varia em gênero, número e grau.

Quanto à formação, o adjetivo pode ser:

  • Primitivo – é o adjetivo que dá origem a outros adjetivos. Exemplos: alegre, bom e fiel.
  • Derivado – é o adjetivo que deriva de substantivos ou verbos. Exemplos: alegria e bondade (palavras derivadas dos exemplos acima, respetivamente) e escritor (palavra derivada do verbo escrever).
  • Simples – é o adjetivo formado por apenas um radical. Exemplos: alta, estudioso e honesto, cujos radicais são respetivamente: alt, estud e honest.
  • Composto – é o adjetivo formado por mais do que um radical. Exemplos: superinteressante, surdo-mudo e verde-claro, cujos radicais são respetivamente: super e interessant, surd e mud e verd e clar.

Há também os Adjetivos Pátrios, que caracterizam os substantivos de acordo com o seu local de origem. Exemplos: brasileiro, carioca e sergipano.

Por sua vez, as Locuções Adjetivas são o conjunto de palavras que tem valor de adjetivo. Exemplos: de anjo (=angelical), de mãe (=maternal) e de face (=facial).

Numeral

É a palavra que indica a posição ou o número de elementos.

Os numerais classificam-se em:

  • Cardinais – é a forma básica dos números, utilizada na sua contagem. Exemplos: um, dois e vinte.
  • Ordinais – é a forma dos números que indica a posição de um elemento numa série. Exemplos: segundo, quarto e trigésimo.
  • Fracionários – é a forma dos números que indica a divisão das proporções. Exemplos: meio, metade e um terço.
  • Multiplicativos – é a forma dos números que indica multiplicação. Exemplos: dobro, duplo e sêxtuplo.

Os numerais coletivos, por sua vez, são substantivos que indicam um conjunto de elementos. Exemplos: uma dúzia (conjunto de doze), semestre (conjunto de seis) e centena (conjunto de cem).

Pronome

É a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, indicando a relação das pessoas do discurso e varia em gênero, número e pessoa.

Os pronomes classificam-se em:

  • Pessoais – Caso reto (quando são o sujeito da oração): eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e Caso oblíquo (quando são complemento da oração): me, mim, comigo, te, ti, contigo, o, a, lhe, se, si, consigo, nos, conosco, vos, convosco, os, as lhes, se, si, consigo.
  • Possessivos – meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e respetivas flexões.
  • Demonstrativos – este, esse, aquele e respetivas flexões, isto, isso, aquilo.
  • Relativos – o qual, a qual, cujo, cuja, quanto e respetivas flexões, quem, que, onde.
  • Indefinidos – algum, alguma, nenhum, nenhuma, muito, muita, pouco, pouca, todo, toda, outro, outra, certo, certa, vário, vária, tanto, tanta, quanto, quanta, qualquer, qual, um, uma e respetivas flexões e quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.
  • Interrogativos – qual, quais, quanto, quanta, quantas, quem, que.

Nos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tratamento. Exemplos: Você, Senhor e Vossa Excelência.

Verbo

É a palavra que exprime ação, estado, mudança de estado, fenômeno da natureza.

O verbo varia em pessoa (primeira, segunda e terceira), número (singular e plural), tempo (presente, passado e futuro), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).

Exemplos:

  • O time adversário marcou gol. (ação)
  • Estou tão feliz hoje! (estado)
  • De repente ficou triste (mudança de estado)
  • Trovejava sem parar. (fenômeno da natureza)

Advérbio

É a palavra que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, exprimindo circunstâncias de tempo, modo, intensidade, entre outros.

Os advérbios classificam-se em:

  • Modo – Exemplos: assim, devagar e grande parte das palavras terminadas em “-mente”.
  • Intensidade – Exemplos: demais, menos e tão.
  • Lugar – Exemplos: adiante, lá e fora.
  • Tempo – Exemplos: ainda, já e sempre.
  • Negação – Exemplos: não, jamais e tampouco.
  • Afirmação – Exemplos: certamente, certo e sim.
  • Dúvida – acaso, quiçá e talvez.

Preposição

É a palavra que liga dois elementos da oração.

As preposições classificam-se em:

  • Essenciais – têm somente função de preposição. Exemplos: a, desde e para.
  • Acidentais – não têm propriamente a função de preposição, mas podem funcionar como tal. Exemplos: como, durante e exceto.

Há também as Locuções Prepositivas, conjunto de palavras que tem valor de preposição. Exemplos: apesar de, em vez de e junto de.

Conjunção

É a palavra que liga duas orações.

As conjunções classificam-se em:

  • Coordenativas: Aditivas (e, nem), Adversativas (contudo, mas), Alternativas (ou…ou, seja…seja), Conclusivas (logo, portanto) e Explicativas (assim, porquanto).
  • Subordinativas: Integrantes (que, se), Causais (porque, como), Comparativas (que, como), Concessivas (embora, posto que), Condicionais (caso, salvo se), Conformativas (como, segundo), Consecutivas (que, de maneira que), Temporais (antes que, logo que), Finais (a fim de que, para que) e Proporcionais (ao passo que, quanto mais).

Há também as Locuções Conjuntivas, conjunto de palavras que tem valor de conjunção. Exemplos: contanto que, logo que e visto que.

Interjeição

É a palavra que exprime emoções e sentimentos.

As interjeições podem ser classificadas em:

  • Advertência – Calma!, Devagar!, Sentido!
  • Saudação – Alô!, Oi!, Tchau!
  • Ajuda – Ei!, Ô!, Socorro!
  • Afugentamento – Fora!, Sai! Xô!
  • Alegria – Eba!, Uhu! Viva!
  • Tristeza – Oh!, Que pena!, Ui!
  • Medo – Credo!, Cruzes!, Jesus!
  • Alívio – Arre!, Uf!, Ufa!
  • Animação – Coragem!, Força!, Vamos!
  • Aprovação – Bis!, Bravo!, Isso!
  • Desaprovação – Chega!, Francamente! Livra!,
  • Concordância –Certo!, Claro!, Ótimo!
  • Desejo – Oxalá!, Quisera!, Tomara!
  • Desculpa – Desculpa!, Opa!, Perdão!
  • Dúvida – Hã?, Hum?, Ué!
  • Espanto – Caramba!, Oh!, Xi!,
  • Contrariedade – Credo!, Droga!, Porcaria!

Há também as Locuções Interjetivas, conjunto de palavras que tem valor de conjunção. Exemplos: Cai fora!, Muito obrigada!, Volta aqui!

Para saber mais leia também os artigos:

Morfologia e Classes Morfológicas

Exercícios de morfologia

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Exercícios de análise morfológica

Vamos pôr em prática o conteúdo estudado acima e analisar morfologicamente os enunciados abaixo:

1) Falam muito mal dela, agora fingem-se seus amigos fiéis.

Falam – 3.ª pessoa do plural do verbo falar, conjugado no presente do indicativo, voz ativa
muito - Advérbio de intensidade
mal - Advérbio de modo
dela – Forma contraída de (preposição) + ela (pronome pessoal do caso reto)
agora – Advérbio de tempo
fingem-se - 3.ª pessoa do plural do verbo fingir, conjugado no presente do indicativo, conjugação pronominal
seus – Pronome possessivo
amigos – substantivo comum
fiéis – Adjetivo

2) Viajamos para o Nordeste nas últimas férias.

Viajamos – 3.ª pessoa do plural do verbo viajar, conjugado no pretérito perfeito do indicativo, voz ativa
para – Preposição essencial
o – Artigo definido
Nordeste – Substantivo próprio
nas – Forma contraída em (preposição) + as (artigo definido)
últimas – Adjetivo
férias – Substantivo abstrato

Agora que você já sabe sobre Análise Morfológica, aprenda também: Análise Sintática e Análise Morfossintática.

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).