Ariano Suassuna

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora de Língua Portuguesa e Literatura

Ariano Suassuna foi escritor e dramaturgo brasileiro, autor do Auto da Compadecida, peça teatral considerada sua obra-prima e adaptada para o cinema e televisão.

Além de escritor renomado e um dos maiores do Brasil, Ariano foi professor e um defensor da cultura nordestina. Idealizou o Movimento Armorial, que valorizou as artes populares. Nesse movimento, os artistas tinham o intuito de criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste.

Suassuna foi ocupante da cadeira n.º 32 na Academia Brasileira de Letras (eleito em 1989). Também foi membro da Academia Pernambucana de Letras (a partir de 1993) e da Academia Paraibana de Letras (eleito em 2000).

Biografia de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna falando ao microfone

Ariano Vilar Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, na cidade de João Pessoa, Paraíba.

Nasceu no seio de uma família abastada, visto que seu pai, João Suassuna, era presidente do Estado, cargo que mais tarde passa a ser de governador.

Com o assassinato de seu pai em meio à Revolução de 30, a família muda-se para Taperoá e, mais tarde, para Campina Grande, ambas cidades na Paraíba.

Na adolescência foi viver no Recife, capital de Pernambuco. Ali, foi estudante do curso de Direito, na Universidade Federal de Pernambuco, formando-se em 1950.

Durante seus anos na graduação, escreveu sua primeira peça de teatro Uma Mulher Vestida de Sol e com ela recebeu o prêmio Nicolau Carlos Magno.

Ao lado de Hermilo Barbosa Filho fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Essa criação foi a chave para escrever mais peças, as quais foram encenadas no local.

Chegou a trabalhar na área de advocacia, no entanto, não deixou de lado sua paixão pela escrita. Assim, continuou escrevendo peças e romances.

De volta ao Recife, começou a lecionar Estética na Universidade Federal de Pernambuco, a partir de 1956.

Ainda nessa profissão continuou atuando na dramaturgia e três anos mais tarde fundou o Teatro Popular do Nordeste, também com o apoio de Hermilo Barbosa Filho.

Casou-se com Zélia de Andrade Lima Suassuna em 1957 e com ela teve seis filhos.

Permaneceu atuando como professor durante anos e em 1994 aposentou-se pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Suassuna foi Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998). Nessa altura, ministrou aulas-espetáculo, um projeto cujo objetivo era difundir a cultura pernambucana.

Ariano Suassuna faleceu em 23 de julho de 2014, no Recife, Pernambuco, vítima de uma parada cardíaca.

Isso ocorreu após ter sido internado com um AVC (acidente vascular cerebral). O escritor paraibano tinha 87 anos.

Suassuna e o Movimento Armorial

Muitas das obras de Ariano Suassuna estiveram voltadas para a literatura popular.

Ligado a esses temas, Suassuna foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura, cargo que ocupou de 1967 a 1973.

Paralelo a isso, fez parte do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco entre os anos de 1968 e 1972.

De 1969 a 1974 atuou como diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE.

A partir de 1970, encabeçou o Movimento Armorial, com foco nas expressões populares. A ideia central era trazer à tona o folclore e as artes populares e conceder um valor erudito aos temas.

Esse movimento inclui diversas manifestações artísticas como a música, a dança, as artes plásticas, a literatura, o teatro, o cinema, etc. Segundo ele:

Sou a favor da internacionalização da cultura, mas não acabando as peculiaridades locais e nacionais.”

Prêmios de Ariano Suassuna

Suassuna recebeu o Prêmio Nacional de Ficção em 1973 e o prêmio da Fundação Conrado Wessel (FCW) em 2008.

Pelo Auto da Compadecida ganhou medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais.

Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Também o recebeu das seguintes universidades: Universidade Federal da Paraíba (2002), Universidade Federal Rural de Pernambuco (2005), Universidade de Passo Fundo (2005) e Universidade Federal do Ceará (2006).

Obras de Ariano Suassuna

Suassuna escreveu ensaios, romances, dramaturgias e poemas. A maior parte de sua obra está relacionada com os elementos nordestinos.

Assim, Suassuna explora a fala regional e parte do folclore brasileiro. O escritor possui uma vasta obra das quais merecem destaque:

  • Uma Mulher Vestida de Sol (1947)
  • Cantam as Harpas de Sião ou O Desertor de Princesa (1948)
  • Os Homens de Barro (1949)
  • Auto de João da Cruz (1950)
  • Torturas de um Coração (1951)
  • O Castigo da Soberba (1953)
  • O Rico Avarento (1954)
  • Auto da Compadecida (1955)
  • O Casamento Suspeitoso (1957)
  • O Santo e a Porca (1957)
  • O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna (1958)
  • A Pena e a Lei (1959)
  • Farsa da Boa Preguiça (1960)
  • A Caseira e a Catarina (1961)
  • O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971)

Frases de Ariano Suassuna

  • “Não troco o meu oxente pelo ok de ninguém!”
  • “Você pode escrever sem erros ortográficos, mas ainda escrevendo com uma linguagem coloquial.”
  • “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
  • “Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.”
  • “O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado.”

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Referências Bibliográficas

Biografia de Ariano Suassuna. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/ariano-suassuna/biografia (acesso em 19/03/2024).

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).