Cultura Muçulmana
A Cultura Muçulmana ou Islâmica é tão heterogênea quanto à quantidade de povos que a mantêm, sobretudo em regiões da África e da Ásia.
Contudo, ela comunga os aspectos que tangem a religião islâmica. Importante notar que a própria palavra “muçulmano” deriva do árabe (“aslama”) e significa “submetido a Deus”.
Todo muçulmano é um sujeito convertido ao Islão (do árabe, “rendição”), portanto, os termos “cultura muçulmana” e “cultura islâmica” se confundem, uma vez que aqueles aspectos influenciam dimensões da vida moral e política da sociedade muçulmana.
Originalmente, a cultura muçulmana teve lugar entre os pastores semitas das diferentes tribos reunidas pelo profeta Maomé.
Após sua morte, em 632 d.C., e com a Arábia unificada, os sucessores de Maomé deram início à expansão do Império Árabe. Esse processo estava totalmente embasado nos preceitos do islamismo, sendo liderado por um califa - nome dado aos líderes político-religiosos do Império.
O sistema sociopolítico indicado pelo profeta e escrito nos livros sagrados da religião muçulmana se espalhou pelos mares Mediterrâneo, Vermelho e pelo Oceano Índico.
Com o avanço do Império Árabe, houve o estabelecimento de grandes rotas comerciais entre seus territórios e regiões vizinhas. Assim, a cultura maometana encontrou-se com as culturas bizantina, persa, chinesa e indiana, assimilando-lhes os aspectos culturais, ao mesmo tempo em que preservava os costumes e crenças dos povos conquistados.
Por outro lado, vale destacar que os muçulmanos são divididos entre Sunitas e Xiitas.
Os Sunitas seguem os ensinamentos do Alcorão (ou Corão) e da Suna. Após a morte de Maomé, apoiaram Abu Bakr, um dos companheiros próximos do profeta Maomé, para liderar os muçulmanos.
Já os Xiitas, são seguidores de Ali, genro de Maomé, e utilizam única e exclusivamente o Corão como forma de orientação sociopolítica. Defendiam a escolha de Ali, pois aceitam apenas os descendentes de Maomé como líderes políticos.
Outro aspecto importante da tradição muçulmana é a Sharia, o conjunto de leis baseadas nas escrituras sagradas. É considerada uma diretriz divina que todos os muçulmanos devem seguir, abrangendo aspectos legais, éticos e sociais.
Em sua história, os muçulmanos se destacaram na agricultura, com técnicas avançadas de irrigação para cultivar algodão, cereais e laranja. Além disso, desempenharam um papel importante como comerciantes e para promoverem avanços na produção de tecidos de algodão, artefatos de vidro e metalurgia.
Outro destaque vai para a arquitetura muçulmana, responsável pela criação de magníficos de palácios, mesquitas e escolas. Destacam-se a influência bizantina e persa, com suas cúpulas, minaretes e colunas torcidas, decoradas por arabescos.
Do ponto de vista científico e cultural, os muçulmanos foram os responsáveis pela preservação e difusão da cultura helênica. Permitiram, assim, que o legado grego beneficiasse a cultura ocidental europeia.
Igualmente, os matemáticos muçulmanos criaram o sistema de numeração indo-arábico. Contribuíram para a evolução da trigonometria e álgebra, assim como seus físicos fizeram importantes contribuições nos estudos de refração da luz e da óptica.
Seus alquimistas descobriram os ácidos nítrico e sulfúrico, o nitrato de prata, o carbonato de sódio e os processos de destilação, filtração e sublimação que lhes permitiram produzir o álcool.
Seus médicos realizaram importantes estudos para desvendar as causas da tuberculose.
Na filosofia, tiveram muita influência os filósofos Aristóteles e Platão. Na literatura, as obras mais conhecidas no mundo ocidental são “As mil e uma noites”, “As Minas do Rei Salomão” e “Ali Babá e os quarenta ladrões”.
Outro aspecto muito importante acerca da cultura muçulmana é o Ramadã (ou Ramadão). Essa tradição determina o incitamento espiritual em determinado mês do ano (nono mês do calendário islâmico) e o jejum, que proíbe o consumo de comida ou água antes do pôr do sol.
Culinária islâmica
De partida, vale frisar que alguns alimentos e bebidas são proibidos pela cultura muçulmana. São exemplos as bebidas alcoólicas e a carne de porco, além dos animais mortos em causas naturais ou por outro animal selvagem.
Portanto, a base da alimentação é composta por carnes de peixes, aves domésticas, cabras, gado, camelo e carneiro. Eles são servidos assados ou fritos e temperados com especiarias orientais.
A comida muçulmana é servida com pão (pão árabe) e degustada com grãos, verduras, legumes e frutas secas.
Os pratos mais conhecidos são o arroz com frango, o tabule, os quibes crus ou fritos, os favos e as pasta de grão-de-bico (homus), de berinjela e coalhada.
Vale destacar que na cultura muçulmana esses alimentos são comidos com as mãos (sempre com a mão direita).
Religião muçulmana
A Religião que guia a cultura muçulmana é o Islamismo. Ela é monoteísta e têm como livro sagrado mais importante o Alcorão, escrito por Maomé, considerado pelos muçulmanos o último profeta de Deus.
Assim, aos maometanos é cobrado a declaração de fé, cinco orações diárias, fazer caridade, jejuar durante o mês sagrado do Ramadã e peregrinar à cidade sagrada de Meca.
Casamento muçulmano
O casamento muçulmano diferencia-se em cada região em que é celebrado. Caracteriza-se, geralmente, como um contrato no qual está previsto o pagamento de um valor à família do noivo que procura pela noiva e deve aceitar a oferta do pai da noiva.
Além disso, é importante destacar que, embora haja variações entre os países muçulmanos, e ao longo da história islâmica, as tradições dessa cultura permitem que um homem tenha até quatro esposas.
Em algumas interpretações, somente os homens podem se casar fora da sua religião.
Mulheres muçulmanas
Na cultura tradicional muçulmana, a diferenças entre homens e mulheres são nítidas no que diz respeito aos papéis, direitos e deveres de cada gênero.
No entanto, apresentam grande variação entre os países e setores da população muçulmana, com sociedades mais ou menos liberais quanto às mulheres.
Assim, na maioria dos países muçulmanos, as mulheres têm plenos direitos religiosos para decidirem sobre casamento, divórcio, vestuário e educação.
Contudo, entre grupos mais radicais e conservadores, elas lidam com restrições para determinar seu estado civil, estudar e trabalhar, uma vez que são submissas ao homem.
Como exemplo de políticas mais conservadoras, o Irã, o Afeganistão ou a Arábia Saudita são países nos quais se espera que as mulheres cubram a cabeça em público, utilizando o véu (hijab) ou mesmo utilizem uma burca.
Cultura muçulmana atualmente
Atualmente a maioria dos muçulmanos habita a Ásia e África, onde as maiores populações muçulmanas se encontram:
- Indonésia (204 milhões);
- Bangladesh (148 milhões);
- Paquistão (178 milhões);
- Turquia (74 milhões);
- Irã (74 milhões);
- Egito (80 milhões).
Paralelamente, a religião islâmica, que é o pilar da cultura muçulmana, é a que mais cresce no mundo. Já é a segunda religião mais importante do planeta, com cerca de 50 países de maioria maometana e mais de 1,57 bilhões de fiéis em 2009.
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Referências Bibliográficas
FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.
VAINFAS, Ronaldo [et al]. História – Volume Único. São Paulo: Saraiva, 2014.
PEREIRA, Lucas. Cultura Muçulmana. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/caracteristicas-da-cultura-muculmana/. Acesso em: