Catira

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual

A Catira, também chamada de Cateretê, é uma dança coletiva e popular do folclore brasileiro.

Essa expressão é típica da região sudeste, entretanto, foi se espalhando e ganhando adeptos em outros locais. Hoje podemos ver essa dança em quase todas as regiões do Brasil, com destaque para o sudeste e o centro-oeste.

Note que essa manifestação cultural é mais encontrada nas cidades interioranas e, portanto, faz parte da cultura sertaneja.

Catira
Grupo de catira em apresentação

Até hoje, é comum observar grupos de Catira formados exclusivamente por homens, os quais são chamados de catireiros.

Origem da Catira

A origem da Catira é múltipla, ou seja, ela reúne traços europeus, indígenas e africanos. A verdade é que desde o período colonial já temos essa dança como manifestação cultural.

Para alguns, ela está associada às atividades dos tropeiros, o que explica sua característica mais marcante, a qual reúne somente homens.

Estudiosos apontam que como eles faziam o transporte de gado entre os locais, provavelmente, a dança tenha surgido nos momentos de descanso e descontração do grupo.

Como se Dança Catira?

Essa dança folclórica é marcada pela batida dos pés e das mãos movimentadas pelo ritmo da música, que por sua vez, é produzida pela viola caipira. Por esse motivo, a moda de viola é o ritmo mais empregado.

grupo de catira
Os catireiros se apresentam um de frente para o outro, formando duas fileiras

Na dança, duas fileiras são formadas pelos integrantes, que se movimentam de frente um para o outro. Dessa maneira, as batidas dos pés e das mãos são intercaladas por pulos.

Ela é formada geralmente por dois violeiros e um grupo de, no máximo, dez integrantes. Mas, devemos observar que isso pode variar dependendo do local onde ela ocorre.

Os violeiros podem estar frente a frente, ou ainda, virados para os demais dançarinos. São eles os responsáveis por iniciar a música, momento chamado de rasqueado.

Logo, os dançarinos fazem o movimento denominado escova, onde há uma rápida batida das mãos e dos pés, acompanhado por seis pulos.

Ao longo da música destacam-se dois movimentos: serra acima e serra abaixo. No primeiro, os dançarinos rodam uns atrás dos outros e da esquerda para a direita, alternando a batida dos pés e das mãos.

No segundo, e após realizada a volta completa, eles viram e voltam para trás (da direita para esquerda) com as batidas alternadas dos pés e das mãos.

No recortado, as fileiras e os dançarinos trocam de lugar. Por fim, temos o levante, onde todos cantam a melodia em coro.

Vestimenta na Catira

Os integrantes do grupo de Catira possuem uma vestimenta específica. Eles usam camisas, calças, chapéus e botinas.

Esse último adereço talvez seja o mais importante, uma vez que fazem o som de batida, que se junta com as melodias.

Além disso, o lenço é muito comum, sendo que alguns usam no pescoço, outros, na cintura.

Atualmente, já é possível encontrar mulheres que fazem parte do grupo de catireiros, e mesmo assim, a vestimenta é igual.

Vídeo de Catira

Dois com Dois é Quatro, por Os Favoritos da Catira Ver no YouTube

Músicas da Catira

Decerto as músicas que acompanham a Catira são relacionadas com a cultura do interior e a vida no campo. Confira abaixo três delas:

Homenagem Ao Catira (Luiz Fernando e João Pinheiro)

Afirme o pé companheiro nós vamos entrar na função
Pra cantar um recortado eu mudei a afinação
Foi pra atender um pedido, o chamado de um irmão
Lá pras bandas de Rio Claro nós vamos é dar trabalho
Pros campeão da região.

A festa vai começar, abre a roda no salão
Grupo Catira Brasil é líder na tradição
Moçada boa no pé não fica parada não
É escola no catira o mundo inteiro admira
Já vem de seis geração.

Bate palma rapaziada, bate forte o pé no chão
É no estilo mineiro que eu faço a saudação
Pra cantar um improviso eu canto com perfeição
Canto em qualquer altura, não toco em viola dura
Só gosto é de trem bão.

Esse é o derradeiro verso guarde a viola e o violão
Vai aqui nossa homenagem e o nosso aperto de mão
Aos amigos do catira orgulho do meu sertão
Pros amigos verdadeiros Luiz Fernando e João Pinheiro
Pede paz e proteção.

Catira (Chico Lobo)

Pra se dançar o catira
Tem que se bater o pé
Vem depois um palmeado
Só não dança quem não quer
Ai, ai, só não dança quem não quer.

Primeiro um sapateado
Depois um palmeado
Pro catira sair gostoso
Tem que ser bem animado
Ai, ai, tem que ser bem animado.

Pra se dançar o catira
Tem que ter bons violeiros
Nós tocando de viola
Podem vir os catireiros
Ai, ai, podem vir os catireiros.

Meu Catira (Fernando Perillo)

E bate o pé, o pé no chão
O meu catira se dança assim
Se ouve o som, palmas na mão
Uma viola e um violão
E bate o pé, chapéu na mão.

E um sentimento que vira paixão
E vem de lá do coração
Lugar sagrado que move a razão
Na luz do sol, na solidão.

O meu catira alegra o sertão
E bate o pé, o outro pé
E bate palmas com a palma da mão
Vem da raiz, é tradição
Por isso toca o seu coração
Ei ai ai ai, ei ai ai ai, ei ai ai ai.

Curiosidade sobre a Catira

Fortemente presente na cultura popular de diversos estados do Brasil, em 2010 aconteceu na cidade de Uberaba (MG) o primeiro Festival Nacional de Catira. Ali, o segundo festival ocorreu em 2013.

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Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.