Principais causas da Segunda Guerra Mundial

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Professor de História

As causas que contribuíram para o início da Segunda Guerra Mundial foram muitas. Podemos destacar o descontentamento alemão com o Tratado de Versalhes, a Grande Depressão, as ideologias fascista e nazista, e o expansionismo dos países do Eixo, por exemplo.

Insatisfação dos alemães com o Tratado de Versalhes

O Tratado de Versalhes (1919), que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), responsabilizou a Alemanha como principal culpada pelo conflito e impôs duras penas ao país.

Por exemplo, o Tratado de Versalhes determinou a perda de territórios, como a Alsácia-Lorena, cedida à França. Também exigiu o pagamento de enormes indenizações de guerra e a proibição de desenvolver armamentos estratégicos em seu exército.

Os alemães viam o tratado como humilhante, e as pesadas indenizações geraram uma crise econômica no país durante a década de 1920.

Essa insatisfação criou um forte sentimento de revanche, explorado por Adolf Hitler para ascender ao poder, prometendo reverter os termos do tratado e restaurar a grandeza da Alemanha.

Além da Alemanha, a Itália e o Japão também se sentiram descontentes com os acordos pós-guerra. A Itália acreditava que suas recompensas territoriais foram insuficientes, enquanto o Japão estava frustrado com a falta de reconhecimento de suas ambições expansionistas. Ambos sentiam-se traídos pelas potências vencedoras, França e Inglaterra.

Grande Depressão econômica

A Grande Depressão, cujo estopim foi a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, marcou a falência de quatro mil bancos somente nos Estados Unidos.

O país registrou 12 milhões de desempregados em 1933, enquanto a produção industrial caía 38%. Os salários dos norte-americanos sofreram queda de 40%.

Os problemas financeiros dos Estados Unidos, núcleo duro da economia mundial, refletiram no restante do mundo.

Na Grã-Bretanha, que sofreu 70% de redução nas exportações, três milhões de trabalhadores ficaram desempregados. Na Itália, foram 1,3 milhão e, na França, 3 milhões.

Duramente atingida, a Alemanha sofreu quebra de 39% na produção industrial e 6 milhões de alemães ficaram desempregados, o que representava um terço de sua força de trabalho.

Essa crise econômica causou um descontentamento das pessoas com a política liberal, o que permitiu o fortalecimento de ideologias radicais, como o Nazismo e o Fascismo.

Invasões japonesas e italianas

Invasão japonesa na China
Soldados japoneses invadem uma cidade chinesa

Na década de 1930, os planos expansionistas de Japão e Itália se tornaram mais agressivos.

O Japão, com uma população de 70 milhões, buscava expandir sua influência e garantir o acesso a recursos como petróleo e minérios. Para tal, invadiu a Manchúria em 1931 e, posteriormente, outros territórios da China em 1937.

Por sua vez, sob o comando de Benito Mussolini, a Itália invadiu a Abissínia (atual Etiópia) em 1935 e a Albânia em 1939. Neste último caso, o país buscava ampliar sua influência nos Bálcãs, região de interesse estratégico no sul da Europa.

Apesar das invasões, as potências da época - como EUA, Inglaterra e França - ofereceram pouca resistência, o que incentivou o avanço das ambições expansionistas de ambos os países.

Política de Apaziguamento

Nos anos 1930, após o trauma da Primeira Guerra Mundial, líderes como o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain adotaram a Política de Apaziguamento.

O objetivo era evitar outra guerra devastadora ao fazer concessões a Hitler e aos países do Eixo, permitindo que eles anexassem novos territórios sem enfrentamento militar direto. Exemplos importantes dessa política incluem:

  • Acordo de Munique (1938): o Reino Unido e a França concordaram em permitir que a Alemanha anexasse os Sudetos, uma região da Tchecoslováquia com uma população majoritariamente alemã. Em troca, Hitler prometeu não expandir mais, o que logo seria descumprido.
  • Anexação da Áustria (Anschluss, 1938): a Alemanha anexou a Áustria sem qualquer resistência internacional significativa, alegando ser uma reunificação de povos de língua alemã.

Embora o apaziguamento tenha sido visto como uma forma de evitar a guerra, na realidade, apenas encorajou Hitler a continuar sua expansão. Ele interpretou a inação dos Aliados como fraqueza, o que o motivou a planejar novas anexações e invasões.

Fortalecimento de Adolf Hitler e a ascensão do Nazismo

Após a ascensão de Hitler em 1933, a Alemanha começou a reforçar seu exército, violando o Tratado de Versalhes. Em 1935, reintroduziu o serviço militar obrigatório e expandiu suas forças para 800 mil homens, excedendo em 700 mil soldados o limite estipulado pelo Tratado.

Assim como a Itália e o Japão, a Alemanha também tinha ambições territoriais. A primeira grande anexação ocorreu em 1938, quando a Áustria foi incorporada ao Reich sob a justificativa de unir os povos germânicos. Em seguida, ocorreu a anexação da região dos Sudetos, pertencente à Tchecoslováquia.

Motivos da Segunda Guerra Mundial
Hitler comunica a Emil Hácha, presidente da Tchecoslováquia, que a Alemanha invadiria o seu país e era melhor não resistir

Essas anexações eram parte central da ideologia nazista, que promovia a ideia de "Espaço Vital" (Lebensraum) para os arianos. Essa doutrina defendia a necessidade de expansão territorial para garantir recursos suficientes para o desenvolvimento da raça ariana.

A guerra começou oficialmente em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha, levando o Reino Unido e a França a declararem guerra dois dias depois. Na Europa, o conflito só terminaria em 8 de maio de 1945, e na Ásia, com a rendição do Japão em setembro de 1945.

A Segunda Grande Mundial terminaria com a morte de 45 milhões de pessoas.

Fracasso da Liga das Nações

A Liga das Nações foi criada em 1920, após a Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de promover a paz e a cooperação internacional. No entanto, falhou em cumprir seu propósito por várias razões:

  • Falta de autoridade: a Liga não tinha força militar própria e dependia dos membros para impor suas resoluções. Quando países como Japão, Itália e Alemanha desafiaram suas determinações, a Liga não conseguiu agir com firmeza.
  • Desrespeito às resoluções: a invasão da Manchúria pelo Japão (1931), a invasão da Etiópia pela Itália (1935) e a reocupação da Renânia pela Alemanha (1936) foram claros exemplos da incapacidade da Liga em deter a agressão.
  • Ausência dos EUA: os Estados Unidos, uma das maiores potências da época, não se juntaram à Liga, o que enfraqueceu ainda mais sua autoridade e capacidade de ação.

A ineficácia da Liga das Nações em manter a paz permitiu que potências agressoras, como Alemanha, Itália e Japão, continuassem a expandir seus territórios sem enfrentar consequências imediatas.

Leia também:

Referências Bibliográficas

ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ática, 2007.

FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.

GEARY, Dick. Hitler e o Nazismo. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.
Juliana Bezerra
Edição por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.