Ceticismo

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Ceticismo é uma corrente filosófica fundada pelo filósofo grego Pirro (318-272 a.C.), caracterizada, essencialmente, por duvidar de todos os fenômenos que rodeiam o ser humano.

O que é?

A palavra ceticismo vem do grego “sképsis” que significa “exame, investigação”.

Atualmente, a palavra designa aquelas pessoas que duvidam de tudo e não acreditam em nada.

Podemos afirmar que o ceticismo:

  • defende que a felicidade consiste em não julgar coisa alguma;
  • mantém uma postura de neutral em todas as questões;
  • questiona tudo o que lhe é apresentado;
  • não admite a existência de dogmas, fenômenos religiosos ou metafísicos.

Portanto, se estivermos dispostos a aceitá-lo, alcançaremos a afasia, que consiste em não emitir opiniões sobre qualquer tema.

Em seguida, entramos no estado de ataraxia (despreocupação) e somente assim, poderemos viver a felicidade.

Origem

Pirro de Élida era um filósofo que acompanhou o rei Alexandre, o Grande em suas expedições pelo Oriente.

Nesta viagem, ele encontra várias culturas e sistemas políticos muito diferentes dos costumes gregos. Por isso, começa a duvidar porque observa que aquilo que era justo numa sociedade era injusto em outra.

Assim, ele declara que viver bem, para os céticos, é viver sem emitir juízos, ou seja, na “epoché”.

Como muitos filósofos de sua época, Pirro não deixou nenhum escrito e não fundou nenhuma escola. As informações que dispomos sobre seu pensamento são encontradas em fragmentos de obras daqueles que eram considerados discípulos do filósofo.

Ceticismo Filosófico

O ceticismo filosófico de Pirro teve origem no helenismo e se expandiu como a “Nova Academia”. No século XVIII essa ideia seria em parte recuperada pelos filósofos Montaigne e David Hume.

O texto de Arístocles (século II), reproduzido na obra “Preparação Evangélica”, de Eusébio de Cesareia (265?- 339) resume este princípio filosófico:

Aquele que quiser ser feliz deve considerar três pontos: em primeiro lugar, o que são as coisas em si mesmas? Depois, que disposições devemos ter em relação a elas? Por fim, o que nos resultará dessas disposições?

As coisas não têm diferença entre si, e são igualmente incertas e indiscerníveis. Por isso, nossas sensações e nossos juízos não nos ensinam o verdadeiro nem o falso.

Por conseguinte, não devemos nos fiar nos sentimentos nem na razão, mas permanecer sem opinião, sem nos inclinarmos para um lado ou para o outro, impassíveis.

Crítica

No entanto, se seguimos o ceticismo ao pé da letra, teríamos que duvidar do próprio ceticismo. Ao mesmo tempo, não poderíamos emitir nenhuma opinião sobre o ceticismo. Será que é possível negar tudo que está a nossa volta? Se negarmos tudo, negaremos a própria negação e a dúvida que nos fez questionar o objeto.

Desta maneira, em algo devemos acreditar, ainda que tenhamos que contestar as verdades que nos rodeiam. A tirinha de Luís Fernando Veríssimo expõe bem este dilema:

Ceticismo
Os céticos podem acreditar em algo?

Ceticismo e Dogmatismo

O ceticismo e o dogmatismo são duas correntes filosófica opostas.

O ceticismo questiona tudo e reconhece na dúvida a única atitude do sábio. Para o cético, a renúncia a qualquer certeza é condição para a felicidade.

Por sua vez, o dogmatismo é fundamentado:

  • na verdade absoluta;
  • na capacidade do homem de obter a verdade sem questionamento;
  • aceitar sem discussão o que afirmam ou alegam.

Por isso, o dogmatismo é aceitar como verdade de tudo que existe e está em sua volta como nos diz a percepção natural humana.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.