Charles Baudelaire
Charles Baudelaire foi poeta, teórico e crítico francês.
Conhecido como “Pai do Simbolismo”, ele foi precursor do movimento simbolista na França e também o fundador da poesia moderna.
Sua obra mais emblemática é intitulada “Flores do Mal” (1857). Após a publicação, ela foi censurada e Baudelaire foi condenado por ser subversivo e ofender a moral pública, tendo que pagar uma multa.
Os chamados “poetas malditos” (Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé) sofreram influência da obra de Baudelaire. Até os dias de hoje, sua obra influencia a literatura mundial.
Biografia de Charles Baudelaire
Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris dia 9 de abril de 1821. Era filho de François Baudelaire e Caroline Archimbaut-Dufays.
Seu pai morreu em 1827, quando ele tinha apenas 6 anos. Sua mãe casa-se novamente com o Coronel Jacques Aupick e a família passa a viver em Lyon.
Começou sua vida educacional no Colégio Real de Lyon e, mais tarde, estudou no Lycée Louis-le-Grand. Já nessa época demostrava sua excentricidade e espírito rebelde, sendo expulso da escola.
Quando atinge a maioridade, Baudelaire recebe a herança de seu pai no valor de 75 mil francos. A família muda-se novamente para Paris uma vez que seu padrasto foi transferido para a capital.
Baudelaire começa a gastar seu dinheiro com jogos e drogas, sobretudo, o álcool. Passou a viver na boemia, se envolvendo com diversos artistas.
Nessa época, ele vivia numa pensão na cidade e ficou atolado em dívidas. Por conta disso, sua mãe começa a controlar seu dinheiro, contratando um tutor.
De acordo com os gastos desnecessários e sua vida desregrada, o padrasto e a mãe o obrigam a viajar para Calcutá, Índia, em 1841.
Todavia, ele resolve voltar para Paris antes de chegar ao destino. Nessa época se envolve com diversos artistas.
Começa a escrever poemas e publica em 1857 sua obra-prima: As Flores do Mal (em francês, Les Fleurs du mal). Composta de 100 poemas, ela foi censurada e o poeta teve que pagar uma multa para o Estado e a editora.
A grande questão da censura fora os temas explorados pelo escritor. Ele teve que retirar seis poemas, os quais foram considerados obscenos.
Faleceu em sua cidade natal dia 31 de agosto de 1867, com apenas 46 anos. Durante sua vida, não chegou a ser famoso, sendo reconhecido postumamente. Baudelaire foi considerado um dos maiores poetas franceses.
Obras de Charles Baudelaire
Ainda que inclua o idealismo romântico, em grande parte de suas obras, Baudelaire explora temas sombrios e eróticos.
Alguns exemplos são: o sexo, a sensualidade, a morte, a melancolia, a tristeza, o tédio, o diabo, as doenças, dentre outros.
Chegou também a traduzir obras do escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849).
Vale lembrar que muito da sua personalidade boemia está expressa em seus versos. Confira abaixo suas obras mais relevantes, algumas delas póstumas:
- La Farfalo (1847)
- As Flores do Mal (1857)
- Paraísos Artificiais (1860)
- Miudezas (1866)
- Pequenos poemas em prosa (1869)
- O Princípio Poético (1876)
Poemas de Charles Baudelaire
Para compreender melhor a linguagem e os temas explorados por Baudelaire, confira abaixo três poemas do autor incluídos na obra As Flores do Mal:
Oração
Glória e louvou a ti, Satã, pelas alturas
Do Céu em que reinaste, e nas furnas obscuras
Do Inferno em que vencido és sonho e sonolência!
Faze que esta alma um dia, à árvore da Ciência,
Repouse junto a ti, quando em tua cabeça,
Tal qual um templo novo os seus ramos floresça!
O Azar
Castigo assim tornar tão leve
Somente a Sísifo se cobra!
Por mais que mão se ponha à obra,
A Arte é longo e o Tempo é breve.
Longe dos túmulos famosos,
Num cemitério já sepulto,
Meu coração, tambor oculto,
Percute acordes dolorosos.
- Muito ouro ali jaz sonolento
em meio à treva e ao esquecimento,
esquivo à sonda e ao enxadão;
E muita flor exala a medo
Seu perfume como um segredo
Na mais profunda solidão.
A Morte dos Amantes
Teremos leitos só rosas ligeiras
Divãs de profundeza tumular,
E estranhas flores sobre prateleiras,
Sob os céus belos a desabrochar.
A arder de suas luzes derradeiras,
Nossos dois corações vão fulgurar,
Tochas a refletir duas fogueiras
Em nossas duas almas, este par
Gêmeos espelhos. Por tarde mediúnica,
Nós trocaremos uma flama única
Um adeus que é um soluço tão cruel;
Pouco depois, um anjo abrindo as portas,
Virá vivificar, o mais fiel,
Os espelhos sem luz e as chamas mortas.
Para expandir seus conhecimentos, leia também os textos:
Frases de Charles Baudelaire
Veja algumas frases do poeta e que traduzem parte de seu pensamento:
- “A felicidade é composta de pequenos prazeres.”
- “Sou apaixonado pelo mistério, porque sempre tenho a esperança de desvendá-lo.”
- “Todo o homem saudável consegue ficar dois dias sem comer - sem a poesia, jamais.”
- “O mal é feito sem esforço, naturalmente, é um trabalho do destino. O bem é produto da Arte.”
- “Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente.”
DIANA, Daniela. Charles Baudelaire. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/charles-baudelaire/. Acesso em: