Cláudio Manuel da Costa
Cláudio Manuel da Costa foi um dos mais importantes poetas do Arcadismo no Brasil. A publicação de “Obras Poéticas” (1768) representa o marco inicial do movimento no País.
Além de escritor, ele foi advogado, jurista brasileiro e participou do movimento da Inconfidência Mineira.
Cláudio Manuel da Costa é patrono da cadeira n.º 8, na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Cláudio Manuel da Costa nasceu em 5 de junho de 1729 na Vila do Ribeirão do Carmo (atual Mariana), Minas Gerais. Era filho de João Gonçalves da Costa e de Teresa Ribeiro de Alvarenga.
Iniciou seus estudos em Vila Rica (atual Ouro Preto), e mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou filosofia no Colégio dos Jesuítas.
Com 20 anos de idade viaja para Portugal com o intuito de estudar na Universidade de Coimbra. Em 1753, formou-se em Cânones por essa Universidade.
Ali escreveu três de suas obras: Munúsculo Métrico (1751), Labirinto de Amor (1753) e Epicédio (1753). Nessas poesias notam-se traços do barroco como os estilos do cultismo e o conceptismo.
Retorna ao Brasil e passa a viver em Vila Rica. Ali trabalhou com advogado, secretário do Governo da Província e foi juiz medidor de terras da Câmara de Vila Rica.
Em 1768, fundou uma Arcádia chamada “Colônia Ultramarina”, na cidade de Vila Rica. A partir disso e da publicação de Obras Poéticas, Cláudio Manuel da Costa é considerado o introdutor do movimento arcadista no Brasil.
Além dele, merecem destaque os poetas árcades: José de Santa Rita Durão (1722-1784), José Basílio da Gama (1741-1795) e Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
Vale ressaltar que Cláudio Manuel da Costa foi amigo do pintor Aleijadinho e de Tiradentes, o líder da Inconfidência Mineira.
Foi grande amigo do escritor árcade Tomás Antônio Gonzaga e, como ele, esteve envolvido no movimento da Inconfidência Mineira. Por conta disso, foi interrogado e preso em 1789.
Chegou a denunciar seus amigos, suicidando-se em 4 de julho de 1789 na cadeia de Ouro Preto, Minas Gerais. Faleceu com 60 anos.
Obras de Cláudio Manuel da Costa
As principais obras de Cláudio Manuel da Costa são:
- Culto Métrico (1749)
- Munúsculo Métrico (1751)
- Labirinto de Amor (1753)
- Epicédio (1753)
- Obras Poéticas (1768)
- Vila Rica (1773)
- Poesias Manuscritas (1779)
Características das Obras de Cláudio Manuel da Costa
- Linguagem simples
- Lirismo
- Bucolismo
- Pastoralismo
- Culto à natureza
Pseudônimo de Cláudio Manuel da Costa
Os escritores árcades adotavam pseudônimos e o de Cláudio Manuel da Costa era Glauceste Satúrnio, um pastor que amava sua musa, Nise.
Principais Poemas
Para compreender melhor a linguagem do escritor, confira abaixo dois sonetos de Cláudio Manuel da Costa.
Soneto 1
“Sou Pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
Ali me ouvem os troncos namorados,
Em que se transformou a antiga gente;
Qualquer deles o seu estrago sente;
Como eu sinto também os meus cuidados.
Vós, ó troncos (lhes digo), que algum dia
Firmes vos contemplastes, e seguros
Nos braços de uma bela companhia;
Consolai-vos comigo, ó troncos duros;
Que eu alegre algum tempo assim me via;
E hoje os tratos de Amor choro perjuros.”
Soneto 2
“Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.
Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos, e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.
Oh quão lembrado estou de haver subido
Aquele monte, e às vezes, que baixando
Deixei do pranto o vale umedecido!
Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.”
Veja também:
- Arcadismo
- Arcadismo no Brasil
- Características do Arcadismo
- Tomás Antônio Gonzaga
- Cartas Chilenas (Tomás Antônio Gonzaga): resumo e análise da obra
- Inconfidência Mineira: resumo, causas e objetivos
DIANA, Daniela. Cláudio Manuel da Costa. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/claudio-manuel-da-costa/. Acesso em: