Clientelismo

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

O clientelismo é uma relação de troca de favores entre o cidadão e o político.

Sua origem se remonta a República Romana e pode ser encontrado em várias esferas de poder do governo.

Origem Histórica

O clientelismo já era observado no Império Romano quando os plebeus dependiam dos patrícios. Esses plebeus passavam a serem “clientes” que recebiam um “patrocínio”. Desta maneira, ambos estavam obrigados a prestar auxílio quando eram solicitados.

Os patrícios deviam ajudá-los economicamente ou através de intervenções judiciais e nomeações. Por sua parte, os clientes prestavam serviços variados.

Desta maneira, a relação entre patrícios e plebeus, que era antagônica, também era complementária porque ambas as classes dependiam uma das outras para sobreviver. É importante frisar que o clientelismo estava regulado pelas leis da República Romana.

Leia mais sobre a República Romana.

Votos por Benefícios

Atualmente, o clientelismo pode ser entendido como um intercâmbio de votos por favores entre eleitores e políticos. Normalmente, isto acontece em sociedades onde a desigualdade social é muito grande e gera governos populistas.

Assim se estabelece uma relação de dependência entre eleitores e dirigentes políticos. O cidadão passa a confiar que sendo amigo de um político este resolverá qualquer pendência econômica e social que tenha. Por sua parte, o político sabe que poderá contar com um determinado número de votos para eleger-se.

O clientelismo, entretanto, não é uma forma violenta de dominação. Baseia-se, sobretudo, na confiança recíproca entre eleitor e candidato.

Nem o eleitor e o político pensam em longo prazo. O que vale é ser eleito para a próxima eleição e ali tirar máximo de benefícios possíveis seja em nomeações, sejam em bens materiais.

Conheça mais sobre Populismo.

Relações Clientelistas no Brasil

Clientelismo no Brasil

No Brasil temos uma grande quantidade de exemplos de clientelismo que vão desde a compra de votos à distribuição de benefícios somente na época das eleições.

Igualmente, verificamos o clientelismo quando o candidato eleito tem que retribuir o apoio a sua eleição com nomeações de pessoas não qualificadas a cargos públicos, intervenção na burocracia estatal e favorecimento de aliados em detrimento a outros fora do seu círculo de apoio.

O coronelismo, predominante na época da Primeira República, favoreceu este tipo de relação no Brasil.

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Clientelismo x Corrupção

Apesar de ser uma prática condenável e própria de democracias jovens, o clientelismo não deve ser visto como corrupção. Ou então, segundo alguns estudiosos, é a parte mais branda de uma sociedade corrupta onde o Estado funciona quase sempre de maneira pessoal.

Afinal, o clientelismo se aproveita da necessidade dos eleitores para que eles sejam dependentes. Assim fica difícil julgar uma pessoa que não tem o que comer, vender seu voto por uma cesta básica.

Não confundir com o nepotismo que é a prática de nomear parentes ou pessoas sem capacidades para cargos públicos.

Ao contrário do clientelismo, a corrupção ocorre dentro de limites bem definidos, transgredindo leis estabelecidas do país.

Exemplo: quando um empresário tenta se favorecer da sua amizade com um dirigente político para obter isenções de impostos para sua empresa, ganhar uma licitação e sonegar taxas.

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.