O que foi a Cultura Helenística
O termo cultura helenística ou helenismo refere-se às transformações da cultura grega a partir do estabelecimento do Império Macedônico, sendo resultado da fusão dos elementos desta com a cultura oriental, destacando-se com elementos originais e marcantes que caracterizaram as regiões conquistadas por Alexandre Magno (356 a.C. - 323 a.C.).
Ao longo de treze anos, Alexandre Magno conquistou o Egito, a Mesopotâmia, a Síria, a Pérsia e chegou até a Índia.
Com a Macedônia e a Grécia, estas regiões formaram o maior império até então conhecido. Suas conquistas favoreceram o surgimento de uma nova cultura herdada da grega, mas diferente dela pela enorme dosagem de elementos orientais.
O termo helenismo foi cunhado em 1836 pelo historiador alemão Johann Gustav Droysen para se referir às transformações culturais daquela época.
Partindo do verbo grego "hellenizô", que pode ser traduzido por “eu ajo como grego”, “eu adoto costumes gregos”, Droysen destacou a expansão de uma nova cultura grega em direção ao oriente, em uma mistura de elementos única.
Arte na cultura helenística
Além da fusão entre elementos gregos e orientais, a arte helenística se caracteriza pela tendência à ostentação e pela grande riqueza de detalhes. As novas elites incentivavam a produção artística, buscando refletir o desenvolvimento econômico do império.
Os principais centros de difusão dos valores do Helenismo e da Cultura Helenística foram Alexandria (Egito), Pérgamo (Ásia Menor) e a Ilha de Rodes, no mar Egeu.
Na arquitetura predominavam o luxo e a grandiosidade, buscando refletir a imponência do Império Macedônico.
Alexandria (Egito) possuía numerosas construções públicas e particulares, palácios de mármore e templos, destacando-se sua monumental Biblioteca de Alexandria, com milhares de papiros.
O Farol de Alexandria, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, localizado na Ilha de Faros, é outra grande obra arquitetônica da cidade.
Outro destaque da arquitetura helenística é o Altar de Pérgamo. Essa construçãograndiosa, dedicada a Zeus na cidade de Pérgamo (atual Bergama, na Turquia), foi reconstituída no Museu de Pérgamo em Berlim.
A Cultura Helenística também se destacou na arte da escultura. Entre as suas obras monumentais, podemos citar Laocoonte e Seus Filhos (Museu do Vaticano, Roma), Vênus de Milo, escultura da deusa Afrodite, encontrada na Ilha de Milo (Museu do Louvre, Paris) e a Carregadora de Água (Museu Capitolino, Roma).
Grande parte das esculturas do período helenístico foram preservadas por meio de cópias romanas.
Como a maior parte da escultura da Antiguidade, há poucos vestígios da pintura do período helenístico. Acredita-se que a famosa imagem do Mosaico de Alexandre, encontrado em Pompeia (Museu Arqueológico de Nápoles), seja a reprodução de uma pintura helenística. A imagem do Mosaico de Alexandre representa o conquistador montado em seu famoso cavalo Bucéfalo, na vitória sobre o exército persa de Dario III.
Filosofia na cultura helenística
Na Filosofia, o Helenismo fez surgir novas correntes filosóficas. Estas buscavam refletir sobre a nova realidade, voltando-se mais para o indivíduo em sua relação com o mundo.
Dentre as principais correntes filosóficas da cultura helenística, destacam-se:
- Estoicismo: fundada por Zênon de Cítion (século III a.C.), defendia a felicidade como equilíbrio interior, no qual oferecia ao homem a possibilidade de aceitar, com serenidade, a dor e o prazer, a ventura e o infortúnio.
- Epicurismo: fundada por Epicuro de Samos (século III a.C.), pregava a obtenção do prazer, base da felicidade humana, e defendia o alheamento dos aspectos negativos da vida.
- Ceticismo: fundada por Pirro (século III a.C.), caracterizava-se pelo negativismo e defendia que a felicidade consiste em não julgar coisa alguma, desprezava as coisas materiais, pois afirmava que todo conhecimento humano é relativo.
Ciências na cultura helenística
Assim como as artes, as ciências foram bastante incentivadas no Período Helenístico. Os reis patrocinavam o desenvolvimento científico, visando alcançar tanto o prestígio social, como promover inovações militares.
Os maiores centros de pesquisa científica estavam localizados em Alexandria (Egito), em torno de sua famosa biblioteca, e em Pérgamo (Turquia). Os principais cientistas da época eram membros das elites gregas.
Cabe lembrar que a ciência na Antiguidade estava muito mais baseada na teoria e na abstração. Era bastante diferente do método científico baseado na experiência e na observação, desenvolvido pela Ciência Moderna a partir do século XVI.
Na Matemática do Helenismo sobressaíram Euclides e Arquimedes, que desenvolveram a Geometria. Euclides utilizou a Geometria nos seus estudos de Física. A Física (mecânica) mereceu também atenção especial por parte de Arquimedes, permitindo a invenção de novas armas de ataque e defesa.
Na Astronomia destacaram-se Aristarco e Hiparco, na tentativa de medir o diâmetro da Terra e as distâncias do nosso planeta em relação ao Sol e à Lua.
Aristarco lançou a hipótese heliocêntrica, isto é, a de que a Terra e os planetas giravam em torno do Sol, que não foi aceita na época.
A divisão do Império Macedônico que se seguiu à morte de Alexandre e as sucessivas lutas internas, resultaram no enfraquecimento político, o que possibilitou a conquista romana, concretizada durante os séculos II e I a.C.
Ao conquistar os antigos domínios de Alexandre Magno, Roma apropriou-se da Cultura Helenística, que continuou a desenvolver-se durante o início do Império Romano.
Leia também:
- Período Helenístico - Helenismo
- Filosofia Antiga
- Alexandre, o Grande: quem foi e seu império (em resumo)
Referências Bibliográficas
MARQUES, Juliana Bastos; SELVATICI, Monica. Mundo helenístico, volume 2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2012. Disponível em: https://canal.cecierj.edu.br/recurso/13883 (acesso em 04/04/2024).
CASTRO, Ligia. O que foi a Cultura Helenística. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/cultura-helenistica/. Acesso em: