Dragão-de-komodo: o gigante venenoso das Ilhas da Indonésia

Rubens Castilho
Rubens Castilho
Professor de Biologia e Química Geral

O Dragão-de-Komodo (Varanus komodoensis) é um representante da classe dos répteis, ordem dos Lacertílios (squamata). Apesar de ser chamado de "dragão", esses répteis são, na verdade, grandes lagartos.

A espécie é encontrada nas ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores, todas localizadas na Indonésia, Ásia. A espécie é classificada na família Varanidae e podem atingir 40 cm de altura, de 2 a 3 m de comprimento e cerca de 166 kg.

Esses animais são necrófagos, ou seja, alimentam-se principalmente de carniças de outros animais. No entanto, podem, também, realizar a caça. Apesar de grandes e pesados, esses animais podem atingir 20 km/h quando perseguem uma presa.

Características do Dragão-de-Komodo

Esses animais são considerados os maiores lagartos do mundo. Podem atingir 3 metros de comprimento e pesar até 160 kg em cativeiro, pois na natureza esses animais chegam a 70 kg.

Possui corpo escamado, como todo Lacertílio, sua epiderme é de coloração marrom-acinzentada. Por ter um metabolismo lento e não haver predadores naturais em seu habitat, tendem ao gigantismo, o que justifica seu tamanho.

Exemplares de dragão de komodo se enfrentand

Os dragões-de-komodo abatem seu alimento com dentadas e os ingere inteiro. Quando sua presa não morre de hemorragia, morre de infecção causada pelo "caldo bacteriano" presente em sua saliva.

Essa saliva acaba sendo extremamente tóxica; por isso, é considerada venenosa para os animais mordidos pelos dragões-de-komodo. Porém, um estudo publicado na Biological Sciences sugere que esses animais produzam um veneno anticoagulante. O estudo foi publicado no ano de 2009 por Bryan Fry e colaboradores.

São muitas as bactérias que estão presentes no "caldo bacteriano" da saliva, alguns gêneros encontrados são:

  • Staphylococcus sp.;
  • Providencia sp.;
  • Proteus sp.;
  • Pseudomonas sp.

Normalmente, esses lagartos gigantes alimentam-se de carniça, realizando, dessa forma, a necrofagia. Contudo, podem executar emboscadas ou perseguições livres para a obtenção de seu alimento.

Dessa maneira, apesar de possuírem um metabolismo lento, podem atingir incríveis 20 km/h de velocidade durante a perseguição às suas presas.

Se alimentam de uma grande variedade de animais como, por exemplo, veados, porcos selvagens, cabras, macacos. Esses animais também ingerem frequentemente indivíduos jovens da própria espécie, ou seja, praticam canibalismo.

Esse fato, é um problema para a espécie, pois o atingimento da fase adulta não chega para todos os indivíduos que eclodem nos ovos.

Reprodução dos Dragões-de-komodo

As fêmeas atingem a maturidade sexual aos nove anos, enquanto os machos, em seus dez anos. Normalmente, as fêmeas colocam entre 15 e 35 ovos, os quais costuma enterrar. O período de incubação costuma ser de oito meses e, assim que nascem, os filhotes vão direto para as árvores, lá permanecendo por uns oito meses.

Os filhotes nascem muito pequenos, entre 20 a 35 centímetros, eles buscam as árvores assim que eclodem nos ovos, pois são facilmente predados pelos adultos.

Filhote de Dragão-de-komodo
Detalhe de um filhote de Dragão-de-komodo

Em média, esses animais vivem 50 anos e sua maturidade sexual é percebida quando são liberados feromônios nas fezes das fêmeas. Os feromônios são substâncias que atraem um macho para a cópula.

Hábitos dos Dragões-de-komodo

Esses animais vivem em locais abertos ou em florestas de baixa elevação. No entanto, preferem locais quentes e secos e, por serem animais pecilotérmicos, são mais ativos durante o dia.

Os animais dessa espécie são solitários, se reunindo apenas quando precisam se alimentar ou acasalar. Além de correrem muito rápido (20 km/h) conseguem mergulhar em profundidades de até 4,5 metros e subirem em algumas árvores.

Para manterem sua temperatura corporal costumam cavar covas de até 3 metros de largura, que também servem para se abrigarem. Assim, necessitam menos do que outros lagartos do sol, permanecendo à sombra em dias mais quentes.

O veneno dos Dragões-de-komodo

Ao contrário do que se imaginava, não é diretamente a saliva contendo bactérias que a responsável pela intoxicação presas. Na verdade, os Varanídeos, répteis da família, possuem mecanismos de entrega de veneno.

Baba do dragão-de-komodo
Detalhe da saliva escorrendo de um Dragão-de-komodo

Tal qual algumas serpentes, os dragões-de-komodo possuem dentes com sulcos para a inoculação de substâncias. Seu veneno é facilmente introduzido, pois possuem dentes robustos e serrilhados, o que promove rasgos no tecido do animal alvo.

O estudo publicado por Bryan Fry e colaboradores no ano de 2009 demonstrou que há glândulas de venenos nesses animais.

Dessa maneira, investigaram as moléculas presentes no conteúdo glandular e perceberam que existiam toxinas do tipo CRISP, calicreína e natriurética.

Essas substâncias são responsáveis por gerar hipotensão profunda capaz de gerar um colapso no animal mordido. Essa diminuição brusca de pressão arterial gera choque na presa. Além disso, essas substâncias potencializam o sangramento, por promoverem ações anticoagulantes no vaso sanguíneo.

O estudo demonstrou que um dragão-de-komodo adulto com 3 metros pode entregar cerca de 6 mL de material líquido ou 1 g de material seco.

Em testes realizados pela equipe, foi visto que apenas 0,4 mg /kg já era capaz de induzir ao colapso hipotensivo.

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Rubens Castilho
Rubens Castilho
Biólogo (Licenciado e Bacharel), Mestre e Doutorando em Botânica - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atua como professor de Ciências e Biologia para os Ensinos Fundamental II e Médio desde 2017.