Escola de Sagres
A Escola de Sagres teria sido uma instituição fundada pelo infante Dom Henrique, no século XV, com o fim de estimular as navegações portuguesas.
A existência da escola, contudo, é duvidosa e foi posta em xeque no século XIX e XX.
Antecedentes da Escola de Sagres
A partir da Conquista de Ceuta, as navegações pelo Atlântico tornam-se parte da política do Estado português.
O Infante Dom Henrique, duque de Viseu, sem direito a herdar ao trono, mostra interesse pelas viagens marítimas.
Assim, solicitou ao seu irmão, o regente dom Pedro (1392-1449), autorização para fundar uma vila no Algarve, em 1443. Obteve, também, o monopólio das viagens pelo Atlântico.
A carta de fundação, de 19 de setembro de 1460, aponta que o local seria usado como base para assistir os homens do mar que estavam de passagem.
Eles teriam acesso aos mantimentos e poderiam aguardar condições favoráveis à navegação para prosseguir seu caminho.
A Escola de Sagres não existiu como uma instituição tal como conhecemos hoje. No entanto, é inegável a atuação do infante Dom Henrique ao patrocinar várias expedições que avançarão pela costa africana até chegar às Índias.
Com a morte do Infante, em 1460, o seu sobrinho-neto e rei Dom João II (1455-1495) continuou a proteger os estudos náuticos.
A construção do mito sobre a Escola de Sagres
A “lenda” em torno a Escola de Sagres inicia já no século XVI, quando diversos cronistas louvam o desempenho de Dom Henrique.
Em 1660, o escritor português Dom Francisco Manoel (1608-1666), relata o esforço do Infante para fundar a vila, algo que logo foi transformado em "escola".
Entre as disciplinas ensinadas na Escola de Sagres estariam a astronomia, a geografia e a cartografia, ministradas por professores de toda a Europa. Contudo, não existem provas históricas da vinda dessas pessoas e nem que teriam lecionado numa instituição ali.
O objetivo seria o preparo e ensino de técnica aos navegadores que prestavam serviço para o Infante.
Relatos posteriores e obras sobre a vida de Dom Henrique apoiam a existência da escola onde, inclusive, o navegador Cristóvão Colombo teria estudado.
Embora sem documentos que comprovassem se existiu ou não, a Escola de Sagres ficou registrada nas narrativas sobre os descobrimentos.
Desconstrução do mito
Somente no século XIX, historiadores lusitanos refutaram a existência do local, considerando que a atividade náutica da época era regida por conhecimentos empíricos.
Por isso, não havia a necessidade de estudos profundos por parte dos marinheiros sobre técnicas de navegação.
No século XX, historiadores portugueses novamente refutaram a existência do local, destacando a ausência de documentos históricos sólidos que comprovem o funcionamento dessa escola.
Hoje, argumenta-se que a "Escola de Sagres" não era uma instituição educacional como pensamos hoje, mas sim um termo para descrever os conhecimentos náuticos acumulados pelos portugueses na época. Esse avanço técnico foi liderado pelo Infante Dom Henrique e proporcionou uma revolução náutica no século XV.
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Referências Bibliográficas
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.
SILVA, Milton da Aparecida e. D. Henrique, o navegador (1394-1460): entre a memória e a história. 2016. 159 f. Dissertação (Dissertação em História Ibérica) - Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, MG, 2016.
BEZERRA, Juliana. Escola de Sagres. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/escola-de-sagres/. Acesso em: