Etnocentrismo
Etnocentrismo é um conceito antropológico usado para definir atitudes nas quais consideramos nossos hábitos e condutas como superiores aos de outrem.
Isso acontece em todas as sociedades, devido aos preconceitos produzidos pela própria dinâmica cultural e que nos leva a adotar os padrões culturais que nos são familiares.
Como ele ocorre?
O etnocentrismo ocorre por que nossa compreensão do que seria a existência, dificultando nossa capacidade de perceber a diferença como algo "normal".
Evidentemente, esse tipo de fenômeno está relacionado aos choques culturais, mas podem ser vistos cotidianamente em nossa própria cultura.
De fato, o etnocentrismo afeta todas as pessoas, em todas as culturas do globo, em maior ou menor grau.
Isso porque é muito "normal" julgarmos "etnocêntricamente" assuntos relacionados à política, à sexualidade, ao feminismo, à questão racial, às drogas, etc.
Este fenômeno possui dimensões intelectuais (racionais) e afetivas (psicológicas) que estão na gênese de quase todas as atitudes e comportamentos preconceituosos, radicais e xenófobos.
Na melhor das hipóteses, o etnocêntrico irá considerar sua cultura como natural em relação às outras, tidas por ele como "anormais" e "absurdas".
Assim, o pensamento etnocêntrico torna-se um perigo quando inculca ideias de superioridade racial e cultural. Isso porque ele coloca um grupo étnico no centro de tudo, limitando ou impedindo qualquer outra possibilidade de existência.
O que sabemos do "outro" não passa de uma representação determinada pelas ideologias que imperam em determinados períodos.
A partir disso, o etnocentrismo é matéria de reforço para figurações negativas do "outro" enquanto forma de manutenção do status quo.
Curiosidade
Etnocentrismo é um substantivo masculino de raiz grega, formado pelo prefixo "ethnos" que significa nação, tribo, raça ou povo, mais o sufixo "centrismo", que sugere centro.
Exemplos do Etnocentrismo na História
Foi assim, por exemplo, durante os Descobrimentos, quando a cristandade declarou sua missão sagrada de levar a fé pela ação dos missionários e conquistadores.
Posteriormente, o Iluminismo irá afirmar o triunfo da razão e será a medida de todo progresso que justificou o colonialismo ocidental.
Junto à isso, desenvolve-se uma outra definição mais específica do etnocentrismo, a saber, o "Eurocentrismo", pelo qual o europeu foi considerado o modelo de "homem civilizado".
Nos anos seguintes, até o início do século XIX, evidências pseudocientíficas irão embasar vários dados que permitirão o estabelecimento de uma linha evolutiva da cultura em estágios: selvagens, bárbaros e civilizados.
De modo similar, o racismo científico irá constituir uma ideologia de superioridade da raça branca. Nesse momento, ser branco e europeu era considerado o máximo da evolução cultural e social no planeta.
Etnocentrismo e Relativismo Cultural
O Relativismo Cultural é uma linha de pensamento da Antropologia que busca relativizar as culturas, instituindo uma teoria geral da relatividade cultural.
Esse conceito está apoiado numa metodologia capaz de analisar os vários sistemas culturais, sem o determinismo da visão etnocêntrica.
O significado de um ato para o Relativismo Cultural, não é tomado de forma absoluta, mas considerado em seu próprio contexto.
A partir dessa perspectiva, compreendemos que o "outro" também possui seus valores, os quais devem ser considerados segundo o sistema cultural em que estão inseridos.
Leia mais:
- Determinismo
- Antropologia
- Estereótipo
- Preconceito Social
- Diversidade Cultural
- O que é Cultura?
- Identidade Cultural
DIANA, Daniela. Etnocentrismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/etnocentrismo/. Acesso em: