Exercícios sobre Filosofia Moderna (com respostas explicadas)

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Professora de Filosofia e Sociologia

Confira o que já sabe sobre Filosofia Moderna. Faça os exercícios e confira as resposta no gabarito explicado.

Questão 1

Nicolau Maquiavel foi considerado “pai do pensamento político Moderno”. Entre sua ideias sobre o assunto está

a) a defesa de um poder soberano absoluto e indivisível que assegura a sobrevivência de todos;

b) a defesa da autonomia política e do realismo político;

c) a defesa do jusnaturalismo e de sua conservação mediante um pacto social;

d) a defesa de um governo com bases na ética cristã;

Gabarito explicado

Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi um pensador do período Renascentista que trouxe uma revolução ao pensamento político. Até então, a política era vista como um campo prático atrelado aos desígnios divinos. Com Maquiavel, passa-se a considerar a autonomia política, em outras palavras, uma separação entre política e ética. O bom governante deixa de ser aquele que se sujeita ao cumprimento da moral cristã e passa a ser considerado, a partir da sua capacidade de manter o poder e realizar seus objetivos.

Junto a esse aspecto laicizante do Estado, Maquiavel defende o realismo político. O intuito é que o governante seja capaz de observar a realidade, analisar o cenário e as relações de poder, a fim de que possa criar estratégias de ação, visando alcançar e manter os seus objetivos políticos.

Questão 2

O que é o jusnaturalismo?

a) é o direito adquirido em sociedade;

b) a justiça no pensamento do fisiólogos;

c) o direito natural dado aos homens;

d) a natureza que gera tudo de forma justa;

Gabarito explicado

O jusnaturalismo diz respeito ao conjunto de direitos universais e imutáveis que são inerentes ao ser humano. Utilizado já pelo jurista Hugo Grócio (1583 - 1645), as ideias sobre os direitos inatos influenciaram todos os filósofos do Contratualismo.

Questão 3

Considerado o pai do Racionalismo, René Descartes buscava consolidar um conhecimento verdadeiro e indubitável. Ao levar o ato de duvidar até às últimas consequências, visando encontrar uma ideia verdadeira, Descartes foi acusado de ser cético e corroborar com o ateísmo. Isso ocorreu devido ao seu argumento sobre

a) o sonho e loucura;

b) o erros dos sentidos em vigília;

c) a falta de um método claro na busca da verdade;

d) o gênio maligno;

Gabarito explicado

O argumento do “Gênio Maligno” de Descartes é um artifício psicológico que serve para reforçar o uso do método da dúvida e que serve de lembrete. Esse argumento se inicia a partir do argumento do “Deus enganador” que visa verificar as certezas matemáticas, de modo a ver se elas resistem à dúvida.

Uma vez que até aquilo que é considerado certo, como as somas matemáticas, pode vir a ser colocado em nosso espírito por um Deus que deseja enganar, Descartes decide que irá suspender seu juízo até que possa encontrar uma verdade segura.

Ele amplia esse argumento com a suposição de um “Gênio Maligno”, que se vale de qualquer artifício para iludir. Assim, cabe eliminar quaisquer outras crenças que achamos ser seguras - como a ideia de se “ter mãos”, “olhos”, “carne” etc. - e não se esquecer que qualquer crença pode derivar desse gênio.

Questão 4

Preocupado com o desenvolvimento científico, Francis Bacon (1561-1626) elabora a “teoria dos ídolos”, cujo intuito é chamar atenção e tornar os homens atentos às falsas ideias que podem trazer prejuízo às ciências.

Marque a alternativa correta sobre a teoria dos ídolos:

a) O “ídolo da tribo” refere-se às falsas noções que derivam da linguagem ou da comunicação;

b) O “ídolo da caverna” refere-se às falsas ideias derivadas da filosofia e do meio científico de épocas anteriores;

c) O “ídolo do teatro” diz respeito às falsas noções que se enraizaram em nossa mente e derivam do meio filosófico e das demonstrações equivocadas;

d) O “ídolo do foro” diz respeito às falsas crenças que acabam por exaltar a natureza humana e reforçar ideias convenientes ao intelecto;

Gabarito explicado

As falsas noções para Bacon podem ser definidos da seguinte forma:

I. Ídolo da Tribo - ideias fundadas na natureza humana, no grupo humano ou na lógica da espécie. Faz parte dessa categoria as ideias ou percepções dos sentidos que fazem correspondência ou analogia à natureza humana. Ex: a concepção do universo como macrocosmo e que vê o homem como seu microcosmo;

II. Ídolo da Caverna - são ideias equivocadas que têm por base as características individuais (hábitos, educação, interesses, impressões etc.) ou a relação particular do homem com o meio em que está inserido;

III. Ídolo do Foro - são falsas noções que derivam do intercâmbio com outros homens. Estão vinculadas à comunicação e, portanto, têm relação com a definição ou a interpretação que se faz de certos termos, cunhados pelo vulgo;

IV. Ídolo do Teatro - são falsas ideias que penetram na mente e que derivam das doutrinas filosóficas ou científicas, mal formuladas ou equivocadas. Superstições, experiências sem demonstração ou aceitação de ideias baseadas na tradição são exemplos de noções que entram nessa categoria.

Questão 5

Observe a imagem e responda:

Leviatã. Disponibilizado por Abraham Bosse/Wikimedia Commons

A imagem acima é uma ilustração associada ao pensamento de Thomas Hobbes. Nela é representado:

a) o pacto feito entre os homens que concedem o seu direito de se governarem a uma autoridade superior, no intuito de terem assegurada a paz;

b) o rei forte enviado por Deus para mostrar as verdades universais e conduzir o destino da humanidade;

c) o egoísmo dos homens, que sempre se valem da sua liberdade natural para exercer poder sobre os demais;

d) o medo que os inimigos estrangeiros causam em uma guerra;

Gabarito explicado

A figura faz analogia ao Leviatã bíblico, uma figura retirada dos textos de Jó que representa um monstro invencível. Hobbes adota essa figura em sua representação do Estado.

Para ele, o Estado é um ser soberano (meio monstro, meio deus mortal), que concentra em si o poder concedido por todas as pessoas.

A fim de defender a paz, o bem-comum e os cidadãos das possíveis invasões estrangeiras, os homens realizaram o pacto social, dando ao Estado o poder de governar e disciplinar suas vontades, mesmo que à força.

Questão 6

“Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos os homens, cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela. Podemos dizer que o trabalho de seu corpo e a obra produzida por suas mãos são propriedade sua. Sempre que ele tira um objeto do estado em que a natureza o colocou e deixou, mistura nisso o seu trabalho e a isso acrescenta algo que lhe pertence, por isso o tornando sua propriedade”.

O trecho acima traz a ideia de qual filósofo?

a) René Descartes;

b) Rousseau;

c) John Locke;

d) Immanuel Kant;

Gabarito explicado

John Locke (1632-1704) é um dos filósofos que se dedicaram a investigar a formação social. Entre os contratualistas, ele é o defensor de que o homem no estado de natureza é dotado de direitos, como: a vida, a liberdade e a propriedade privada.

O trecho acima é parte de sua reflexão que explica o que se entende por propriedade que cada homem individualmente possui. Nele podemos apreender que a própria pessoa pertence a si, sendo propriedade dela também o seu corpo e aquilo que foi conquistado mediante o seu esforço.

Questão 7

Convencionalmente é figurado que o homem no estado de natureza de Rousseau é um “bom selvagem”, contudo, essa expressão é equivocada para o seu pensamento, pois:

a) mesmo para Rousseau, o homem no estado de natureza tende a ser agressivo;

b) a ideia de “bom” ou “mau” derivam de juízos morais formados pela convenção social, não cabendo ao estado de natureza;

c) essa expressão sustenta noções preconceituosas, segundo Rousseau;

d) não traduz a real condição do homem em estado de natureza;

Gabarito explicado

A hipótese do ser humano no estado de natureza de Rousseau aponta para um homem que vivia isolado e em harmonia com seu meio ambiente. Assim, Rousseau concebe um homem dotado naturalmente de liberdade e de capacidade de sobrevivência, sem que com isso seja considerado como “naturalmente mau”, conforme pensava Hobbes.

Entre suas características inatas, o homem natural de Rousseau tem certas paixões, como o “amor de si” e a “piedade”. O “amor de si” é a paixão que o leva à autopreservação. Já a “piedade” tem relação com a repulsa ao sofrimento de seus semelhantes.

Tendo em vista esses aspectos, gerou-se a ideia de que Rousseau defendia que o homem natural era “bom” - termo que traz associada a ideia de “virtude”. Contudo, a “bondade” ou a “maldade” são valores estabelecidos a partir da anuência entre várias pessoas. Em outras palavras, são virtudes ou vícios estabelecidos a partir da convivência social.

Assim, tendo em vista o pensamento de Rousseau, as ações do homem natural não podem ser avaliadas sob a mesma lógica do mundo social, já que esse indivíduo está em um “momento” que antecede a moralidade.

Questão 8

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Para mais exercícios: Exercícios sobre Filosofia Antiga (com questões explicadas)

Referências Bibliográficas

MEIER, C. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. 2. ed. Belo Horizonte: Pax Editora, 2014.

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KANT, I. Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento? Tradução de Luiz Paulo Rouanet.

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REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia 3: Do Humanismo a Descartes. São Paulo: Paulus, 2003.

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SILVEIRA, G. S. A Boa Vontade e o Dever na Gênese da Fundamentação Moral de Kant. Pólemos, Brasília, v. 1, n. 2, Dez., 2012, pp. 102 - 110.

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Bacharela e Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (2014), com Mestrado em História da Filosofia pela mesma universidade (2017). Atua como professora na rede privada de ensino, ministrando aulas ligadas às áreas de Filosofia e de Sociologia.