Filosofia Política

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

Filosofia política é uma vertente da filosofia que procura estudar as questões a respeito da convivência entre o ser humano e as relações de poder.

Também analisa temas a respeito da natureza do Estado, do governo, da justiça, da liberdade e do pluralismo.

A política, na filosofia, deve ser entendida num sentido amplo, que envolve as relações entre os habitantes de uma comunidade e seus governantes e não apenas como sinônimo de partidos políticos.

Definição de Filosofia Política

A filosofia política ocidental surgiu na Grécia Antiga e dizia a respeito sobre a convivência dos habitantes dentro das cidades-estado gregas. Estas eram independentes e muitas vezes rivais entre si.

Tais cidades contemplavam as mais variadas formas de organização política como a aristocracia, democracia, monarquia, oligarquia e até a tirania.

À medida que as cidades foram crescendo, o termo política passou a ser aplicado a todas as esferas onde o poder estava envolvido.

Assim, num sentido amplo, existe política desde aqueles que habitam aldeias, como aqueles que moram em estados-nacionais.

Curiosidade

A palavra política é de origem grega (pólis) e significa cidade.

Principais Filósofos Políticos

Inúmeros autores se dedicaram à filosofia política, porém destacaremos os mais importantes como Aristóteles, Nicolau Maquiavel e Jean-Jacques Rousseau.

Aristóteles

Filosofo grego Aristóteles
Aristóteles descreveu a política como um meio pelo qual a coletividade chega à felicidade

Entre as obras mais influentes da filosofia política está a "Política", de Aristóteles.

O pensamento de Aristóteles aponta que a natureza humana é a justificativa para o homem viver em grupo e esta é uma das características principais que torna homens e mulheres seres humanos.

A finalidade da vida humana é ser feliz e fazer os outros felizes. Desta maneira, Aristóteles aponta que o "homem é um animal político", no sentido que ele vive em comunidade.

É importante lembrar que, para Aristóteles, a política era um desdobramento da ética e sem esta não era possível fazer política.

A teologia cristã apropriou-se do pensamento de Aristóteles e o utilizou largamente, conciliando o pensamento cristão com a filosofia aristotélica.

Essa corrente é percebida nas obras de Santo Agostinho, que enfatiza o Estado como instrumento de aplicação da moral e São Tomás de Aquino, cuja filosofia escolástica dominou o pensamento europeu por muitos séculos.

Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel, autor de "O Príncipe" , inaugura uma forma distinta de pensar a política

O rompimento do entendimento europeu sobre a filosofia política se dá a partir da obra de Nicolau Maquiavel (1469-1527). Em "O Príncipe" e "Os Discursos", o filósofo pondera que o bem e o mal são apenas meios de chegar ao fim.

No caso da primeira obra, o fim ou finalidade seria, para um rei, se manter no poder, sob quaisquer circunstâncias.

Dessa maneira, os atos dos governantes não são bons ou maus por si. Eles devem ser analisados tendo em conta o objetivo final que teriam.

Note que Maquiavel afirma isso ao escrever sobre as ações de governantes. É errôneo adaptar tal pensamento para se aplicar ao "cidadão comum".

Maquiavel desvincula a política da moral, da ética e da religião cristã. O objetivo é estudar a política pela política e afastar outras áreas que possam afetar seu resultado.

Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau está entre os autores de destaque dessa época. Sua obra, "O Contrato Social", publicada em 1762, é uma das mais influentes obras de filosofia política.

Rousseau
Rousseau defendia que a soberania política vinha do povo.

Nela, Rousseau argumenta que os seres humanos fazem uma espécie de contrato social com os governantes.

Em troca de deixarem a liberdade - o estado natural - alguém superior se encarregará de fazer leis e fiscalizá-las. Somente desta maneira, os seres humanos poderão viver em paz e prosperar.

Rousseau desenvolve suas ideias no contexto do Iluminismo. Este impõe uma nova ordem do pensamento ao privilegiar a reflexão científica.

O Absolutismo é questionado, gerando uma série de obras que visam ponderar sobre a origem dos governos e da política.

Neste período, a Europa passa a viver uma espécie de era do ouro da filosofia política, com trabalhos de John Locke (1632 -1704), posteriormente, Voltaire (1694-1778) e Jean Jacques Rousseau (1712-1778).


Leia mais textos sobre o tema:

Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.