Pensadores iluministas: principais filósofos, ideias e obras
Os principais pensadores e filósofos iluministas foram:
- Voltaire (1694 - 1778)
- John Locke (1632-1704)
- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
- Montesquieu (1689-1755)
- Denis Diderot (1713-1784)
- Adam Smith (1723-1790).
Todos contribuíram de maneiras diferentes e em diversas áreas do conhecimento.
O pensamento filosófico surgido no dito “século das luzes” teve impacto tanto no campo do direito como no campo científico, social, político e econômico.
Pode-se dizer que os ideais dos pensadores iluministas promoveram um processo de conscientização mundial. Além da ênfase no uso da razão como ferramenta de esclarecimento, os iluministas foram responsáveis, principalmente, pela expansão da compreensão acerca dos direitos.
As "luzes" do pensamento iluminista é uma metáfora que visa opor as concepções surgidas nesse período às outras concepções, julgadas como tendo por base a ignorância, as superstições, o misticismo etc.
Muito se defendeu que o Iluminismo seria, então, um movimento revolucionário e que trazia uma resposta crítica às "trevas" do pensamento medieval.
A visão que lançava o período medieval como “Idade das Trevas” se deve ao juízo dos modernos que acreditava que toda a produção de conhecimento dessa época estava subordinada à religião, como forma de justificar a fé e o poder da Igreja.
Apesar das particularidades presentes no pensamento de cada um deles, as questões relacionadas à produção de um conhecimento independente, centrado na razão e distanciado da teologia proposta pela Igreja, é uma marca comum.
Outros aspectos comuns são: a crença de que a razão levaria a um progresso da humanidade, a defesa da existência de direitos naturais do homem e a crítica ao autoritarismo político.
Voltaire (1694-1778)
Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet, foi um filósofo francês que nasceu em Paris. Suas críticas à nobreza resultaram em várias situações de prisão e exílio.
Principais ideias de Voltaire
Voltaire defendia a ideia de uma monarquia centralizada, cujo monarca deveria ser culto e assessorado por filósofos.
Foi um crítico severo das instituições religiosas, bem como dos hábitos feudais que ainda vigoravam na Europa. Mas, também foi opositor do ateísmo. Assim sendo, afirmava que apenas aqueles dotados de razão e liberdade poderiam conhecer as vontades e desígnios divinos.
A mesma força de nosso entendimento que nos fez conhecer a aritmética, a geometria, a astronomia, que nos fez inventar as leis, também nos fez, portanto, conhecer Deus (...) não é necessária uma revelação para compreender que o homem não se fez a si mesmo e que dependemos de um Ser superior, qualquer que seja.
Principais obras de Voltaire
A principal obra de Voltaire, "Cartas Inglesas ou Cartas Filosóficas", foi um conjunto de cartas acerca dos costumes ingleses, os quais comparava aos do atraso da França absolutista.
Apesar de crítico das formas tirânicas de governo e de ser defensor da liberdade humana, Voltaire acreditava que os monarcas seriam capazes de se orientar racionalmente para cumprir o seu papel.
Escreveu também novelas, tragédias e contos filosóficos, alguns em tons satíricos. Um bom exemplo dessa sua característica satírica é o conto "O Ingênuo".
Saiba mais sobre Voltaire.
John Locke (1632-1704)
John Locke era inglês. Foi o expoente do empirismo britânico e um dos maiores teóricos do contrato social.
Principais ideias de John Locke
John Locke acreditava que a mente era como uma "tabula rasa". Rejeitava qualquer concepção embasada no argumento das "ideias inatas". Ele tenta mostrar que nem todos têm conhecimento sobre algumas ideias. Há quem desconheça, por exemplo, os princípios que regem a lógica ou a vida prática.
Locke procura demonstrar que a origem de nossas ideias derivam dos sentidos do corpo e da reflexão sobre o que o corpo informa.
Além de empirista, Locke é considerado “pai do liberalismo”. Em suas reflexões acerca da origem da sociedade, Locke combate os teóricos que defendiam o direito divino dos reis governarem.
Para ele, tendo surgido todos os homens da mesma fonte criadora (Deus), são eles dotados das mesmas faculdades e direitos. Assim, os homens são naturalmente livres, iguais e têm como necessidade a preservação de sua vida, não sendo um direito natural a dominação sobre os outros.
A sociedade surge para garantir os direitos naturais.
Locke é um dos primeiros pensadores a defender a divisão de poderes para que seja evitado o abuso por parte dos governantes.
A liberdade do homem na sociedade não deve estar edificada sob qualquer poder legislativo exceto aquele estabelecido por consentimento na comunidade civil.
Principais obras de John Locke
Uma das suas obras principais, “Dois Tratados Sobre o Governo Civil”, trata sobre o absolutismo e desenvolve sua teoria contratualista. Nele encontramos também toda sua ideia acerca do direito à propriedade.
Dentre outras obras, escreveu “Cartas Sobre a Tolerância” e “Ensaios sobre o Entendimento Humano”.
Saiba mais sobre John Locke.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo suíço que lançou as bases para o Romantismo europeu.
Principais ideias de Rousseau
Rousseau foi um pensador crítico de outros contratualistas, principalmente do pensamento de Hobbes. Enquanto este defendia que no estado de natureza há um imperativo da força para garantir a sobrevivência, o que leva os homens à violência, Rousseau aponta que essas tendências surgem com a formação da sociedade.
O homem natural, embora necessitasse se preservar em virtude do “amor de si mesmo”, era dotado de uma “piedade natural”. Essa piedade levava os homens, em certa medida, a uma ajuda mútua, a fim de evitarem o sofrimento.
Os conflitos humanos surgem a partir da formação social e do estabelecimento da propriedade privada.
Rousseau apregoava que a propriedade privada gerava a desigualdade entre os homens e, com ela, a luta pelo poder e a exploração dos demais homens.
O filósofo era a favor do estabelecimento de uma nova forma de “contrato social” baseado na “vontade geral”. Ou seja, o contrato visaria o interesse comum e o que fosse igualmente benéfico a todos. Somente assim, a justiça social seria promovida e a soberania popular seria expressa.
O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra acorrentado.
Principais obras de Rousseau
"Do Contrato Social" é a obra de maior destaque de Rousseau. Em "Émílio, ou Da Educação", outra obra de grande importância, Rousseau trata da educação, afirmando que ela deve ser base da reconstrução da humanidade.
Saiba mais sobre Jean-Jacques Roussea.
Montesquieu (1689-1755)
Montesquieu, Charles-Louis de Secondat, ficou conhecido como Barão de La Brède e de Montesquieu.
Famoso jurista e filósofo francês que se destacou nas áreas da filosofia da história e do direito constitucional, Montesquieu foi um dos criadores da filosofia da história e um pensador influente para os campos do Direito e da Política.
Principais ideias de Montesquieu
Montesquieu criticou de forma sistemática o autoritarismo político, além de condenar a escravidão dos negros.
Em seu pensamento, há a defesa de uma sociedade com poderes equilibrados, no qual “o poder freie o poder”. Em outras palavras, estabelece que há a necessidade da existência de algo igualmente poderoso que seja capaz de impedir os abusos de poder de outros (instituições, grupos ou pessoas).
É somente mediante esse equilíbrio que a liberdade pode ser garantida.
Para ele, a monarquia inglesa é um governo que exemplifica esse ideal político, pois apresenta um equilíbrio tanto entre suas classes, como entre os poderes de seu sistema de governo.
A liberdade é o direito de fazer aquilo que as leis permitem; e, se um cidadão pudesse fazer aquilo que as leis proíbem, ele já não teria mais liberdade, porque os outros teriam também esse mesmo poder.
Principais obras de Montesquieu
Na sua principal obra, “O Espírito das Leis”, Montesquieu defende a separação dos três poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário. Acreditava que essa fosse uma maneira de manter os direitos individuais.
Sua obra foi inspiração para a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" (1789), para a Revolução Francesa e para a Constituição dos Estados Unidos (1787).
Antes de "O Espírito das Leis", ele escreveu "Cartas Persas".
Saiba mais sobre Montesquieu.
Denis Diderot (1713-1784)
Denis Diderot foi um filósofo e tradutor francês que nasceu em Langres. A primeira obra em que se destacou, “A Carta sobre os Cegos para Uso Daqueles que Vêem” rendeu-lhe a prisão.
Principais ideias de Diderot
Diderot criticava o absolutismo e defendia a ideia de que a política era responsável por eliminar as diferenças existentes nas sociedades. Para ele, o Estado deveria proporcionar educação “a todos os filhos de uma nação”, inclusive, àqueles que não podem arcar com educação doméstica.
Em seu pensamento científico, Diderot apostava no movimento essencial da matéria, a fim de explicar os fenômenos existentes.
A partir da interação das partículas materiais no interior de um corpo, tudo o mais se transformaria e se constituiria, ficando dispensada a existência de ser divino que fosse a causa dos fenômenos e da ordenação do mundo.
Essa sua visão materialista se estenderá para seu pensamento social e político. Assim, tanto os atos da vontade quanto a justiça ou injustiça derivariam, para ele, de causas materiais, estando longe de qualquer determinação divina.
Diderot dava notável importância ao ato de “se questionar”, chegando a ver na postura cética um caminho para se chegar à verdade.
Se pudermos arrancar um cabelo daquele que pensa diferente, poderemos dispor de sua cabeça, pois não há limites à injustiça. Será o interesse ou o fanatismo, o momento ou a circunstância que decidirá o maior ou menor mal que nos permitiremos cometer.
Principais obras de Diderot
A sua primeira grande obra foi "Cartas Sobre os Cegos Para Uso Por Aqueles Que Veem".
Foi responsável por elaborar, em parceria com D'Alembert, a famosa "Enciclopédia" ou "Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios".
Composta por 36 volumes, a obra reúne os principais conhecimentos acumulados pela humanidade naquela época e traz textos de importantes personalidades do período. Além do próprio Diderot e de D’Alembert, a “Enciclopédia” conta com textos de Rousseau, Voltaire, Montesquieu, Turgot etc.
Foi editada pela primeira vez na França (1751 e 1772), onde se difundiu para se tornar a principal propaganda iluminista. Por este motivo, os iluministas são conhecidos como "enciclopedistas".
Saiba mais sobre Denis Diderot.
Adam Smith (1723-1790)
Adam Smith é considerado um dos principais teóricos do movimento. Filósofo e economista escocês, recebe o título de "pai da economia moderna".
Principais ideias de Adam Smith
Adam Smith afirmava que somente com o fim dos monopólios e da política mercantilista, o Estado iria prosperar de fato.
Isso porque a riqueza das nações advém do esforço individual (self-interest) que, por sua vez, é o que fomenta o crescimento econômico e a inovação tecnológica.
Assim, o empreendimento privado deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. Isso fez com que seu pensamento influenciasse intensamente a burguesia, desejosa em acabar com os privilégios feudais e com o mercantilismo.
Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele têm pelos próprios interesses.
Principais obras de Adam Smith
"A Riqueza das Nações" é o nome da principal obra desse pensador. Outro tratado famoso de Smith é a "Teoria dos Sentimentos Morais".
Saiba mais sobre Adam Smith.
Mapa mental sobre os pensadores iluministas
Outros pensadores relacionados ao Iluminismo
Muitos foram os pensadores que contribuíram no campo das ciências, das artes e até mesmo no da ética, e cujas ideias iam ae encontro àquelas que não se baseavam em justificativas racionais.
Abaixo estão alguns importantes nomes que influenciaram o surgimento do Iluminismo ou foram influenciados por seu modo de pensar e, assim, acabaram dando alguma contribuição ao movimento.
Baruch Spinoza (1632-1677)
As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas temos um conhecimento parcial, e somos completamente ignorantes quanto à ordem e à coerência da natureza como um todo.
David Hume (1711-1776)
Não há método de raciocínio mais comum, e ainda assim mais condenável, do que, em disputas filosóficas, tentar a refutação de qualquer hipótese apelando ao perigo de suas consequências para a religião e a moralidade.
Jean le Rond d’Alembert (1717-1783)
A filosofia nada mais é do que a aplicação da razão aos diferentes objetos nos quais pode ser exercida.
Immanuel Kant (1724-1804)
O iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma menoridade que estes mesmos se impuseram a si. (...) Sapere aude! [Ouse saber!] Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do iluminismo.
Leia também:
- Iluminismo: o que foi, principais pensadores e ideias que defendiam
- Baruch Spinoza: quem foi e a teoria do filósofo
- David Hume: quem foi e principais obras
- Immanuel Kant: biografia, obras e principais ideias
Para praticar: Questões sobre o Iluminismo (com gabarito e comentários)
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