O que são fontes históricas: conheça todos os tipos e exemplos

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

Fontes históricas são vestígios do passado criados ou modificados pelo ser humano. Elas são utilizadas pelo historiador como forma de investigar eventos históricos e seus desdobramentos no presente.

São exemplos de fontes históricas: documentos, fotografias, músicas, jogos eletrônicos, revistas, páginas da internet, modificações na paisagem, estruturas arquitetônicas e qualquer outro objeto/espaço criado ou alterado pelo ser humano ao longo do tempo histórico.

Tipos de fontes históricas

Documentos textuais ou fontes escritas, como o nome indica, são fontes que possuem algum tipo de texto. Podem ser considerados fontes históricas escritas: cartas, jornais, revistas, registros, entre outros.

Vestígios arqueológicos são peças encontradas por meio de escavações em sítios arqueológicos (espaços onde ficaram preservadas evidências de ocupações humanas): peças de cerâmica, vasos, instrumentos são exemplos.

Representações pictóricas são artefatos baseados na linguagem de comunicação visual. Portanto, quadros, fotografias ou desenhos se encaixam nesse item.

Por fim, a história oral está vinculada ao depoimento oral de um indivíduo que presenciou determinado evento histórico. São exemplos: entrevistas gravadas (em áudio) e podcasts.

A construção dessa fonte histórica acontece a partir de entrevistas temáticas, onde o historiador tem a possibilidade de analisar o dito e o não dito.

Uma resposta que o entrevistado se recusa a responder, por exemplo, pode ser interpretada pelo pesquisador e se tornar uma questão de sua pesquisa.

Categorizações das fontes históricas

Fontes materiais e imateriais

Fontes materiais são aquelas onde a fonte é o próprio suporte. Podemos citar como exemplo um aparelho de rádio.

Fontes imateriais são aquelas cujo suporte não é admitido ou não é essencial para sua existência enquanto fonte. Danças, gestos, culinária e expressões regionais são exemplos.

Ao analisarmos uma fonte, devemos compreender a separação entre suporte e conteúdo.

  • Suporte: material físico que mantém a fonte. Exemplo: as páginas de um livro;
  • Conteúdo: a informação presente naquele suporte. Exemplo: a narrativa escrita nas páginas daquele livro.

Fontes diretas e indiretas

As diretas são as produzidas durante os eventos estudados. Já as indiretas são os materiais produzidos por historiadores a partir das fontes diretas.

Por exemplo, supondo um estudo historiográfico sobre as armas utilizadas na Segunda Guerra Mundial:

  • Fonte direta: alguma arma utilizada em um combate;
  • Fonte indireta: um livro sobre a História das armas utilizadas ao longo dos 6 anos da Segunda Guerra.

Contudo, é importante salientar que uma fonte histórica nunca será direta ou indireta de maneira absoluta. Isso irá variar conforme o tema da pesquisa a ser realizada.

Utilizando novamente o exemplo da Segunda Guerra Mundial, caso a pesquisa a ser feita pelo historiador seja acerca da história das pesquisas sobre a Segunda Guerra ao longo do tempo, o livro seria uma fonte direta.

Fontes voluntárias e involuntárias

Outra categoria importante diz respeito ao modo como a fonte foi concebida. Dividimos em dois grupos:

  • Fontes voluntárias: produzidas com a intenção de se tornar um objeto de pesquisa histórica. Exemplo: uma autobiografia de um artista.
  • Fontes involuntárias: produzidas com outro intuito e que posteriormente passaram a ser estudadas. Exemplo: um diário.

As fontes involuntárias tendem a apresentar informações que talvez não fossem apresentadas no caso de fontes voluntárias, pois não foram idealizadas por alguém que imaginou elaborá-las para uma pesquisa histórica.

Em diários, por exemplo, o autor escreve sem imaginar que suas ideias serão lidas por outras pessoas. Isso pode tornar seu discurso mais livre e sua expressão de ideias mais verdadeira.

Esse foi um dos motivos que levou os historiadores da Escola dos Annales a privilegiá-las em detrimento das fontes voluntárias, ou intencionais.

A Escola dos Annales e a ampliação das fontes históricas

A Revista dos Annales, de autoria de Marc Bloch e Lucien Febvre, trouxe novos sentidos e questionamentos para a produção historiográfica.

A partir dos Annales, os historiadores passaram a compreender um mundo novo de fontes a serem analisadas.

Isso ocorreu também porque outras disciplinas começaram a ser adotadas como auxiliares no processo da pesquisa histórica.

Geografia, Linguística e a Psicologia são exemplos de novas análises que passaram a ser realizadas sobre o passado, compreendendo a paisagem, a palavra e o gesto como fontes importantes na construção da pesquisa histórica.

Se antes o foco exclusivo da historiografia estava na História Política e no destaque aos grandes líderes políticos, agora a “história dos comuns” passa a ser privilegiada, aumentando a gama de possibilidades com relação às fontes históricas.

Dessa forma, objetos cotidianos, como uma lista de devedores, de um proprietário de um mercadinho, localizado no norte paranaense durante século XX, é considerada uma fonte histórica a partir dos Annales.

E as palavras que ele utiliza para se referir a seus clientes, como apelidos ou mesmo sobrenomes de diferentes nacionalidades, um tema de pesquisa.

Saiba mais:

Referências Bibliográficas

BARROS, José D’Assunção. Fontes Históricas: uma introdução aos seus usos historiográficos. História & Parcerias, 2019, s.d. Disponível em: https://www.historiaeparcerias2019.rj.anpuh.org/resources/anais/11/hep2019/1569693608_ARQUIVO_
bd3da9a036a806b478945059af9aa52e.pdf. Acesso em: 04 ago. 2022.

BARROS, José D’Assunção. Fontes Históricas: revisitando alguns aspectos primordiais para a Pesquisa Histórica. Mouseion, n. 12, pp.129-159, mai-ago/2012. Disponível em: https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/Mouseion/article/view/332. Acesso em: 04 ago. 2022.


JANOTTI, Maria de Lourdes. O livro Fontes Históricas como fonte. In: PINSKY, Carla Bassanezi. Fontes Históricas. ed. São Paulo: Contexto, 2005. pp. 9-22.

Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.