Formas de Governo: quais são e entenda as diferenças

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Professora de Filosofia e Sociologia

As formas de Governo se referem às diferentes maneiras de se administrar um Estado, tendo em vista, o exercício e a organização do poder. Entre as formas de governo que prevalecem na atualidade, temos: a Monarquia e a República.

O conceito de formas de governo surge como um dos modos de se classificar ou identificar um Estado. Ele pode abarcar desde a relação entre governantes e governados até a formação de um governo ou a disputa pelo poder.

É um conceito complexo e que já gerou grandes discussões quanto à sua definição. Entre os motivos dessa complexidade estão:

  • a diversidade de governos que surgiram ao longo da história;
  • a evolução nos estudos políticos;
  • consequentemente: o levantamento de elementos descritivos e avaliativos para cada governo, por parte dos estudiosos de cada época.

Formas de governo (segundo Aristóteles)

Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), em sua obra A Política, diferencia os governos a partir da observação de sua finalidade e do número de governantes.

Um governo pode ter como finalidade a promoção do bem-comum ou dos interesses particulares daquele que governa. Assim, para o filósofo, podemos avaliar um governo como virtuoso (se visa o bem-comum) ou corrompido (se visa o interesse do governante).

Quanto ao número de governantes, Aristóteles estabelece que o governo pode se concentrar na mão de um governante, de poucos ou na mão de muitos.

Desses dois critérios teríamos, então, seis formas de governo:

  • Monarquia;
  • Tirania;
  • Aristocracia;
  • Oligarquia;
  • República/politeia;
  • Democracia.

Saiba mais sobre o que é Aristocracia e Democracia.

Formas de governo (segundo Maquiavel)

Diferente de Aristóteles, Nicolau Maquiavel (1469-1527), observava as condições sociais que levariam à transição de poder.

Para ele, as marcas que definiriam as diferenças entre governos não eram a virtude ou a degeneração do governante, mas a estabilidade ou instabilidade do poder. Isso porque, cada forma de governo que subiria no controle do Estado seria uma resposta a sua forma antecessora, seguindo um ciclo.

Com base na obra O Príncipe, os Estados que apresentam maior estabilidade são os que estão sob um principado (monarquia) ou uma república. Governos intermediários (a aristocracia e a oligarquia) eram tidos como mais instáveis, uma vez que poderiam virar tanto um principado quanto uma república.

Outras formas de se classificar um governo surgiram a partir da teoria política de Maquiavel e depois da teoria de divisão de poderes de Montesquieu.

Apesar dessas discussões, duas formas de governo se destacam até hoje: a monarquia e a república.

Monarquia

Forma em que a administração política é centralizada em uma única figura (o rei).

Ela tem como outras características fundamentais:

  • a hereditariedade, visto que o governo é passado aos descendentes do monarca, tornando o poder um direito dado pelo nascimento;
  • a perpetuidade e a irrevogabilidade/vitaliciedade: o monarca permanece no poder até o fim de sua vida ou até a sua abdicação;
  • há um caráter consensual, pois o monarca e seus descendentes são aceitos, seguidos e, muitas vezes, amados por seu povo.
  • há também um aspecto tradicional e histórico envolvendo tal governante.

Na monarquia constitucional (parlamentarista), o rei é reconhecido como chefe de Estado e tem seus poderes limitados pela constituição.

Já em uma monarquia absolutista o rei concentra em si todos os poderes, não havendo outra entidade, a não ser a divina, que supere o seu poder.

Um exemplo de monarquia constitucional, em que há uma plena aceitação da família real, é a monarquia do Reino Unido. Já o absolutismo pode ser representado pelo governo de Luís XIV (1643-1715), na França.

Aprofunde mais os seus conhecimentos sobre o que é e como funciona a Monarquia.

República

Termo de origem latina (res publica), ele se refere “a coisa do povo”. Tem como finalidade um governo em favor do bem de todos.

Diferencia-se da monarquia, por não ter um rei, mas um presidente e por ter a administração pública distribuída em vários setores.

Outras características da República são:

  • a igualdade de todos os cidadãos perante a lei;
  • a divisão de poderes: em que o poder se divide entre o Legislativo, o Judiciário e o Executivo;
  • a elegibilidade: todo cidadão tem direito de participar do processo eleitoral do governo, podendo também vir a se candidatar para o exercício da administração pública;
  • a temporalidade: o presidente e o primeiro-ministro (figura presente nos governos parlamentaristas) possuem um tempo determinado de atuação;
  • a responsabilidade: uma vez que o chefe do executivo está submetido a lei, ele responde por suas decisões políticas e pelos danos que pode vir a causar.

Uma república pode seguir um sistema presidencialista. Nele o presidente é reconhecido como chefe de Estado e de governo. Exemplo: o Brasil.

Há também repúblicas do tipo parlamentaristas. Nelas há um presidente como chefe de Estado (representante da nação internacionalmente) e um primeiro-ministro como chefe de governo (poder executivo). Exemplo: França e Portugal.

Aprofunde os seus estudos sobre República.

Mapa mental para entender as formas de governo

Mapa mental sobre as formas de governo
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Exemplos de formas de governo pelo mundo

O estudo e a reflexão sobre essa matéria fez com que ela se expandisse, de modo que atualmente os governos assumem diferentes aspectos políticos. Vejamos:

  • Arábia Saudita - Monarquia Absoluta (Teocracia)
  • Itália - República Parlamentarista
  • Estados Unidos da América - República Presidencialista
  • Japão - Monarquia Constitucional/ Parlamentarista
  • Reino Unido - Monarquia Constitucional/ Parlamentarista

Formas de governo que existiram no Brasil

O Brasil passou tanto pela monarquia quanto pela república. Tivemos um governo monárquico entre 1882 e 1889.

Em 15 de novembro de 1889, sob a liderança do marechal Deodoro da Fonseca, houve, contudo, a destituição do imperador Dom Pedro II como chefe de Estado e a proclamação de uma República presidencialista.

O Brasil se tornou uma república parlamentarista entre 1961 e 1963, sob o governo de João Goulart. Mas, após um plebiscito, o povo brasileiro decidiu o retorno ao sistema presidencialista.

Continue aprendendo com:

Referências Bibliográficas

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QUADROS, D. G. de. O Estado na Teoria Política Clássica: Platão, Aristóteles, Maquiavel e os contratualistas. Curitiba: InterSaberes, 2016.

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Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Bacharela e Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (2014), com Mestrado em História da Filosofia pela mesma universidade (2017). Atua como professora na rede privada de ensino, ministrando aulas ligadas às áreas de Filosofia e de Sociologia.