Frida Kahlo: história e obras da pintora mexicana
Frida Kahlo foi umas das mais importantes pintoras mexicanas do século XX, e destacou-se por ser uma artista singular. Com uma produção bastante autobiográfica, Frida retratava temas e angústias pessoais.
Entretanto, sua obra acabou comunicando-se e inspirando diversas mulheres, de forma que a artista se tornou um símbolo para o movimento feminista.
Embora tenha tido uma vida muito conturbada, desde a saúde e relacionamentos, ela era dona de um espírito revolucionário e militou no partido comunista mexicano. Lutou pelos direitos das mulheres e valorizou muito a cultura indígena do povo andino, sendo também referência na cultura latino americana.
Biografia de Frida Kahlo
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, mais conhecida por seu pseudônimo artístico, Frida Kahlo, nasceu na pequena vila de Coyoacán, próxima à cidade do México, no dia 06 de julho de 1907.
Frida era filha de Guillermo Kahlo, um fotógrafo de origem alemã, que desde sempre inspirou e incentivou a filha a embarcar no meio artístico. Sua mãe, Matilde Gonzalez y Calderón, era uma mulher extremamente católica e tinha descendência indígena e espanhola.
Desde pequena, a pintora teve uma vida marcada por doenças. Com seis anos de idade contrai poliomielite, que lhe deixa uma sequela no pé. Por conta disso, Frida passa a usar calças compridas e, mais tarde, longas saias coloridas, que serão sua marca.
Aos 18 anos sofre um grave acidente de bonde, momento trágico e ao mesmo tempo de renovação. Isso porque ao ficar incapaz de caminhar normalmente, ela começa a pintar quadros, a partir daí foca na carreira de pintora.
Mais tarde, já nos últimos anos de sua vida, em 1950, Frida é obrigada a amputar a perna, Tal fato lhe provoca grande depressão. Por conta desse acontecimento, a artista disse a conhecida frase: "Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?".
Sua formação realizou-se na “Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México”. Lá ela estuda assuntos relacionados à arte e filosofia e conhece Diego Rivera (1886-1957), grande representante do muralismo mexicano, com quem teria uma intensa e apaixonada vida conjugal.
Em 1928, filia-se ao Partido Comunista Mexicano e, no ano seguinte, quando tinha 22 anos, casa-se com Diego. Na altura, ele tinha 41 anos.
O casal passa a viver na Casa Azul, hoje Museu dedicado à artista. Durante 3 anos, moraram juntos nos Estados Unidos nas cidades de Detroit, São Francisco e Nova York.
Frida e Diego tiveram uma relação complicada, e Frida se separa após a descoberta de que o marido mantinha uma relação amorosa com sua irmã mais nova, Cristina Kahlo, com quem teve vários filhos.
Foi nessa época, em 1939, dez anos após o casamento, que Frida diz:
Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles.
Além de artista plástica, Frida ministrou aulas de pintura na Escola Nacional de Pintura e Escultura “A Esmeralda” (La Esmeralda), na cidade do México.
Durante toda sua vida, seu trabalho foi reconhecido mundialmente e expôs diversas obras em alguns museus:
- Julien Levy Gallery, em Nova York (1938);
- Galerie Renou et Colle, em París (1939);
- Galería de Arte Mexicano de Inés Amor, na Cidade do México (1940);
- Galería de Arte Contemporáneo de Lola Álvarez Bravo (1953).
Morte de Frida
Decorrente de uma grave pneumonia ou embolia pulmonar, Frida falece no dia 13 de julho de 1954, aos 47 anos. Embora muitos acreditem que ela cometeu suicídio, no diário da artista foi encontrada a seguinte frase:
Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais.
Curiosidades sobre Frida Kahlo
- Frida teve um romance escondido com o intelectual marxista e líder da Revolução Russa Leon Trotsky (1879-1940).
- Frida Kahlo era bissexual.
- A artista tentou se suicidar diversas vezes e sofreu 3 abortos durante sua vida, pois o acidente que perfurou seu útero e atingiu sua coluna, a impediu de ser mãe.
- Alguns estudiosos acreditam que Frida, encontrada morta em sua casa, foi envenenada por uma das amantes de seu marido.
- O filme Frida (2002), com direção de Julie Taymor, narra a história da pintora.
Características das obras de Frida Kahlo
As obras de Frida carregam um estilo próprio e narram muito de sua vida, sendo uma forma de expressão e cura.
Destacam-se a identidade nacional mexicana, pautada em temas da cultura popular e do folclore indígenas, permeada de cores fortes e vibrantes.
André Breton (1896-1966) e Salvador Dalí (1904-1989) classificaram a obra de Frida Kahlo como surrealista.
Contudo, a artista, que não considerava suas obras surrealistas, declarou:
Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade.
Frida focou em transformar seus sentimentos em arte, de forma que encontramos refletidos em seu trabalho diversos momentos de sua vida. Segundo ela:
Pintar completou minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas, que teriam preenchido minha vida pavorosa. Minha pintura tomou o lugar de tudo isso. Creio que trabalhar é o melhor.
Obras de Frida Kahlo
Auto-retrato em um vestido de veludo (1926)
Retrato de minha irmã Cristina (1928)
O ônibus (1929)
Frida e a cesárea (1931)
Meu nascimento (1932)
Hospital Henry Ford (1932)
As duas Fridas (1939)
Diego em meu pensamento (1943)
A Coluna Partida (1944)
Veado ferido (1946)
Viva a Vida (1954)
Museu Casa Azul
A casa onde Frida viveu a maior parte de sua vida, transformou-se num museu chamado de “Casa Azul”. O local está repleto de objetos, documentos, fotos, livros e vestuário da artista.
Frases célebres de Frida Kahlo
- "O México, como sempre, está desorganizado e confuso. A única coisa que lhe resta é a grande beleza da terra e dos índios. Todos os dias, a parte feia dos Estados Unidos rouba um pedaço; é uma lástima, mas as pessoas têm que comer e é inevitável que os peixes grandes devorem os pequenos."
- "Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria".
- "Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar".
- "Se existe vida após a morte, não me esperem, porque não vou."
- "Bebi porque queria afogar minhas mágoas, mas agora as coisas malditas aprenderam a nadar".
Voz de Frida Kahlo
Foi descoberta em 2019 uma gravação de um programa de rádio em que Frida recita um texto, escrito em 1949, descrevendo seu marido, Diego Rivera.
Esse é o único registro de voz dessa importante artista latino-americana. Segue um trecho traduzido:
Ele é um menino grande, imenso, com rosto amável e olhar triste. Seus olhos saltados, escuros, inteligentíssimos e grandes quase não param, estão quase fora das órbitas por causa das pálpebras inchadas.
AIDAR, Laura. Frida Kahlo: história e obras da pintora mexicana. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/frida-kahlo/. Acesso em: