Grafite (Arte Urbana)
O grafite é um tipo de arte urbana caracterizado pela produção de desenhos em locais públicos como paredes, edifícios, ruas, etc.
É bastante usado como forma de crítica social, e, além disso, é uma maneira de intervenção direta na cidade, democratizando assim, os espaços públicos.
O termo grafite, de origem italiana graffito - plural graffite - significa “escrita feita com carvão”.
Origem do Grafite
Se falarmos sobre os primórdios do grafite, teremos que voltar milhares de anos, quando os homens faziam inscrições nas cavernas. Há exemplos de intervenções feitas em locais públicos já na época do Império Romano.
Na contemporaneidade, essa manifestação artística está relacionada principalmente ao hip-hop, movimento cultural que teve início no começo dos anos 70 nos EUA pelas comunidades latinas, afro-americanas e jamaicanas.
No hip-hop são quatro as vertentes da arte: rap (música), DJ (disc-jockey), breakdance (dança) e grafite (pintura mural).
O bairro novaiorquino do Bronx foi o berço do grafite, onde os primeiros desenhos foram feitos com tinta spray. Naquela época, os jovens utilizavam a arte nas ruas como forma de protesto.
Grafite no Brasil
A história do grafite no Brasil surgiu na década de 70, precisamente na cidade de São Paulo. Ela nasce numa época conturbada da história do Brasil, em que a população era silenciada pela censura com a ditadura militar no poder.
Paralelamente ao movimento que despontava em Nova Iorque, o grafite surge no cenário nacional como uma arte transgressora. A linguagem da rua não pede licença e grita nas paredes da cidade os incômodos de uma geração.
A partir de então, a arte de grafitar se transforma em um importante veículo de comunicação urbana e colabora para a existência de outras vozes. Outros sujeitos históricos e ativos passam a ter a chance de participar artística e politicamente da cidade.
É importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi uma arte caracterizada pela autoria anônima. O grafiteiro - ou writter - transformava a cidade em um suporte de comunicação artística sem delimitação de espaço, mensagem ou mensageiro.
Portanto, a preocupação naquele momento era a arte em si e não o nome de seu autor. Por esse motivo, os ditos "cânones" são retirados de sua posição central para dar lugar a uma arte de todos e para todos.
Assim, desde a década de 70, os grafiteiros brasileiros se apropriaram do espaço público a fim de transmitirem mensagens de cunho político, social, cultural, humanitário e, sobretudo, artístico.
Um importante nome do grafite no Brasil foi o artista Alex Vallauri (1949-1987), considerado precursor do movimento no país. Ele utilizou diversos suportes para estampar sua arte, além dos muros e paredes da cidade. Seus desenhos eram simples e objetivos em meio ao caos urbano, facilitando a compreensão da mensagem.
A arte nesse momento, passa a ser não somente vista dentro dos museus ou dos centros culturais, mas também nas paredes das ruas, nos túneis e nos prédios da cidade.
Com efeito, o grafite é definido como mais que uma linguagem artística, torna-se assim, um importante instrumento de protesto e de transgressão dos valores estabelecidos.
Esse tipo de expressão possibilitou a comunicação entre os moradores da cidade, a união de muitas culturas que coexistem; em outras palavras, facilitou a fusão entre o centro e a periferia.
Representantes do grafite
Confira alguns nomes de destaque no cenário do grafite nacional e internacional.
Keith Haring (EUA)
Artista e ativista americano que nasceu em 1958 na Pensilvânia. Com extensa produção na década de 80, contribuiu muito para o movimento do grafite.
Declaradamente homossexual, Haring contrai AIDS e faleceu em 1990, com 31 anos.
Banksy (Inglaterra)
Banksy é um artista de rua e ativista político que nasceu na Inglaterra em 1974.
Seus trabalhos são geralmente produzidos com a técnica do stencil (molde vazado) e encontrados na cidade de Bristol, Londres e em várias outras partes do mundo.
A identidade de Banksy é obscura, mas especula-se que seja o músico Robert Del Naja.
Os Gêmeos (Brasil)
Os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo são conhecidos como "Os Gêmeos". Nasceram em São Paulo no ano 1974 e começaram a pintar em 1987.
São muito reconhecidos no país e também internacionalmente, tendo trabalhos nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros lugares.
Eduardo Kobra (Brasil)
Eduardo Kobra é um artista paulistano que nasceu em 1975. No começo da carreira foi pichador, depois grafiteiro e hoje considera-se pintor muralista. Desenvolve trabalhos de grandes dimensões.
Sua obra Povos Nativos dos 5 Continentes, no Rio de Janeiro foi eleita o maior grafite do mundo, com 15 metros de altura e 170 metros de largura.
Negahamburguer (Brasil)
A paulistana Evelyn Queiróz denuncia as diversas opressões vividas pelas mulheres por meio do grafite e outros tipos de arte.
Em entrevista, afirmou sobre sua arte:
Todo o julgamento sobre o corpo feminino é falta de amor e respeito com o próximo, então é isso que eu mais quero comunicar.
Lady Pink (Equador)
Sandra Fabara nasceu em 1964 no Equador e cresceu no bairro americano do Queens. Quando começou sua carreira artística - em 1979 - passa a adotar o nome de Lady Pink.
É uma das primeiras mulheres no movimento hip hop em Nova Iorque.
Leia mais sobre:
AIDAR, Laura. Grafite (Arte Urbana). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/grafite-arte-urbana/. Acesso em: