Guerra das Duas Rosas: o que foi, as causas e principais disputas
A Guerra das Duas Rosas foi um conflito dinástico ocorrido na Inglaterra entre 1455 e 1487. As batalhas envolveram a Casa de Lancaster e a Casa de York, que disputavam o trono inglês. Ambas as casas eram descendentes do rei Eduardo III (1327-1377).
A denominação Guerra das Duas Rosas ocorreu porque os dois lados da disputa usavam escudos com rosas em representação a suas dinastias. Os Lancaster usavam uma rosa vermelha e os York, uma rosa branca.
Foram três décadas marcadas por intensa violência na Inglaterra, em que a coroa alternou-se entre as duas casas e ocorreu o enfraquecimento da nobreza.
Causas da Guerra das Duas Rosas
As causas do conflito foram diversas, envolvendo tanto questões econômicas, como disputas entre membros da nobreza pelo trono.
Além da descendência comum, o conflito foi justificado pelas privações econômicas vividas e pela perda de território para a França, amargadas pela Inglaterra após a Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
Entre os antecedentes da disputa, está o fato de o rei Ricardo II ter morrido sem deixar um herdeiro. Ele foi deposto e assassinado por Henrique Bolingbroke, Duque de Lancaster, que se tornou o rei Henrique IV em 1399, primeiro rei da Casa de Lancaster.
As disputas entre os Lancaster e os York
Por não ser o sucessor natural de Ricardo II, Henrique IV enfrentou diversos desafios no trono. Ainda assim, Henrique IV manteve-se no trono e morreu em 1413, quando seu filho, Henrique V, foi coroado.
Esse invade a França após um episódio de conspiração, casa-se com a princesa francesa, Catarina de Valois, sob o acordo de que os filhos seriam herdeiros dos dois reinos. Henrique V morreu em 1422, deixando como sucessor um filho de poucos meses.
Ao completar oito anos de idade, Henrique VI é coroado rei de Inglaterra e França (1429). O trono francês, contudo, foi restaurado por Carlos VII, dada a não aceitação do rei inglês pela nobreza francesa.
Ao longo de seu reinado, Henrique VI protagoniza episódios de insanidade e sua capacidade de governar é colocada à prova. É considerado fraco e dominado pela esposa, a francesa Margarida de Anjou. Devido aos problemas mentais do rei, as responsabilidades pelo governo da Inglaterra ficam a cargo de Ricardo, Duque de York, nomeado Protetor do Reino em 1454.
Ricardo de York era o mais rico e poderoso dos duques ingleses. Além disso, era bisneto de Eduardo III, julgando-se, assim, ser o legítimo herdeiro de Ricardo II (assassinado pelo primeiro rei Lancaster).
Após a retomada da sanidade de Henrique VI, em 1455, Ricardo recusa-se a deixar o poder, dando início ao conjunto de batalhas posteriormente denominadas como Guerra das Duas Rosas.
Em 1455, Ricardo de York lidera cerca de 3 mil homens em uma marcha em direção a Londres (Primeira Batalha de St. Albans). O duque sagra-se vencedor. A rainha foge para o exílio com seu filho e o rei Henrique VI é preso.
A partir de então, Ricardo de York passa a ter como principal adversária a rainha Margarida de Anjou, que reúne exércitos e luta para restaurar o trono de seu esposo e pela garantia de seu filho como sucessor.
Ambos os lados travam sucessivas batalhas até que, em 1460, Ricardo de York é morto na Batalha de Wakefield (1460), por tropas que apoiavam a rainha. Contudo, este fato não marcou a queda definitiva dos York.
Eduardo, filho de Ricardo de York, une-se ao poderoso Ricardo Neville, Conde de Warwick. Após vencer a Batalha de Towton (1461), Eduardo é coroado rei (Eduardo IV), destronando Henrique VI.
Porém, poucos anos depois, Eduardo IV perde o apoio do Conde de Warwick, que age para restaurar o trono do Lancaster, Henrique VI (1470). No ano seguinte, Eduardo recupera a coroa, matando em batalhas o Conde de Warwick e o filho único de Henrique VI. Margarida de Anjou foi presa e Henrique VI assassinado na Torre de Londres, em 1471.
Quando a disputa parecia ter sido encerrada a favor dos York, uma nova reviravolta acontece, em decorrência da sucessão de Eduardo IV, que morre subitamente em 1483.
O rei seria então sucedido por seu filho Eduardo, de apenas 12 anos. Porém, seu tio Ricardo, Duque de Gloucester, ambicionava o trono. Este manda prender os sobrinhos, Eduardo e Ricardo, na Torre de Londres, enquanto exerce a regência da Inglaterra, sob o título de Protetor do Reino.
Corriam rumores de que Ricardo teria assassinado seus sobrinhos para, assim, ser coroado como rei Ricardo III em 1483. Este ato inspirou o dramaturgo William Shakespeare (1564-1616) a escrever a famosa peça teatral "Ricardo III". O suposto crime choca a nobreza, o que acarreta a perda de apoio para os York.
Fim da guerra e ascensão da Dinastia Tudor
Para restaurar o trono, os Lancaster apoiam a ascensão de Henrique Tudor, Conde de Richmond.
Liderando o exército da Casa Lancaster, Henrique Tudor marcha em direção a Londres, naquela que é tida como a decisiva batalha da Guerra das Duas Rosas: a Batalha de Bosworth Field (1485). Ricardo III é morto e Henrique Tudor é coroado como rei Henrique VII.
Os York ainda fazem uma última investida para destronar o rei (Batalha de Stoke Field, 1487), mas são derrotados.
O novo rei casou-se com Isabel de York, filha de Eduardo IV, unindo as casas rivais Lancaster e York, pondo fim à Guerra das Duas Rosas e dando início à nova dinastia Tudor.
Veja também:
Referências Bibliográficas
CARTWRIGHT, Mark. Guerra das Rosas. World History Encyclopedia, 24 de fevereiro de 2020. Disponível em: https://ww.worldhistory.org/trans/pt/1-18612/guerra-das-rosas/ (acesso em 17/04/2024).
CASTRO, Ligia. Guerra das Duas Rosas: o que foi, as causas e principais disputas. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/guerra-das-duas-rosas/. Acesso em: