Guimarães Rosa
Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores brasileiros do modernismo, além de ter seguido a carreira de diplomata e médico.
Foi o terceiro ocupante da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1967. Fez parte da terceira geração modernista, chamada de Geração de 45.
Biografia de Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, no dia 27 de junho de 1908.
Desde pequeno, Rosa estudou línguas (francês, alemão, holandês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, russo, latim e grego). Por conseguinte, cursou os estudos secundários num colégio alemão em Belo Horizonte.
Pouco antes de entrar para a Universidade, em 1929, Guimarães já anuncia sua maestria com as letras, onde começa a escrever seus primeiros contos.
Em 1930, com apenas 22 anos, formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, ano em que se casa com Lígia Cabral Penna, com quem teve duas filhas.
Foi Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, quando em 1934, ingressa para a carreira diplomática, no Itamaraty.
Guimarães Rosa foi Patrono da cadeira nº 2 na Academia Brasileira de Letras, tomando posse três dias antes de morrer, no dia 16 de novembro de 1967.
No seu discurso de posse, curiosamente, suas palavras destacam o tema da morte:
“Mas - o que é um pormenor de ausência. Faz diferença? “Choras os que não devias chorar. O homem desperto nem pelos mortos nem pelos vivos se enluta" - Krishna instrui Arjuna, no Bhágavad Gita. A gente morre é para provar que viveu. Só o epitáfio é fórmula lapidar. (...) Alegremo-nos, suspensas ingentes lâmpadas. E: “Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso coração alegria!” - desfere então o salmo. As pessoas não morrem, ficam encantadas.”
No auge da carreira de escritor e diplomata, Guimarães Rosa, com apenas 59 anos, faleceu na cidade do Rio de Janeiro, dia 19 de novembro de 1967, vítima de infarto.
Obras de Guimarães Rosa
Guimarães Rosa escreveu contos, novelas, romances. Muitas de suas obras foram ambientadas pelo sertão brasileiro, com ênfase nos temas nacionais, marcadas pelo regionalismo e mediadas por uma linguagem inovadora (invenções linguísticas, arcaísmo, palavras populares e neologismos).
Rosa foi um estudioso da cultura popular brasileira. Sua obra que merece maior destaque e por ter sido a mais premiada, é “Grande Sertão: Veredas”, publicada em 1956 e traduzida para diversas línguas.
Sobre seus escritos, o próprio autor afirma:
“Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens.”
Algumas obras:
- Magma (1936)
- Sagarana (1946)
- Com o Vaqueiro Mariano (1947)
- Corpo de Baile (1956) dividida em três novelas: “Manuelzão e Miguilim”, “No Urubuquaquá, no Pinhém” e “Noites do sertão”.
- Grande Sertão: Veredas (1956)
- Primeiras Estórias (1962)
- Campo Geral (1964)
- Noites do Sertão (1965)
Prêmios recebidos por Guimarães Rosa
Guimarães rosa recebeu diversos prêmios literários, a saber:
- Magma (1936) - Prêmio da Academia Brasileira de Letras
- Sagarana (1946) - Prêmio Filipe d'Oliveira e Prêmio Humberto de Campos
- Grande sertão: Veredas (1956) - Prêmio Machado de Assis, Prêmio Carmen Dolores Barbosa e o Prêmio Paula Brito
- Primeiras Estórias (1962) - Prêmio do PEN Clube do Brasil
Frases de Guimarães Rosa
Algumas frases nas obras de Guimarães Rosa:
- “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”
- “O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução do senhor...”
- “Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.”
- “Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.”
- “Quando eu morrer, que me enterrem na beira do chapadão, contente com minha terra, cansado de tanta guerra, crescido de coração.”
- “Ah, acho que não queria mesmo nada, de tanto que eu queria só tudo. Uma coisa, a coisa, esta coisa: eu somente queria era - ficar sendo!”
- “Viver é um descuido prosseguido. Mas quem é que sabe como? Viver...o senhor já sabe: viver é etcetera...”
Veja também:
- Questões sobre Guimarães Rosa (com respostas explicadas)
- Grande Sertão: Veredas
- Sagarana: resumo da obra de João Guimarães Rosa
- Vida e Obra de Clarice Lispector
DIANA, Daniela. Guimarães Rosa. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/guimaraes-rosa/. Acesso em: