Hedonismo
O hedonismo é uma corrente da filosofia que compreende o prazer como bem supremo e a finalidade da vida humana.
O termo de origem grega é formado pela palavra “hedon” (prazer, desejo), junto ao sufixo “-ismo”, que significa “doutrina”.
Nesse sentido, o Hedonismo encontra na busca pelo prazer e na negação do sofrimento os pilares para a construção de uma filosofia moral em vista da felicidade.
Atualmente, o termo é utilizado para indicar um modo de vida dedicado ao prazer e aos excessos, muitas vezes relacionados a um alto padrão de consumo.
Hedonismo na Grécia Antiga
O termo “Hedonismo” é fruto de pesquisas de filósofos gregos importantes tal qual, Epicuro de Samos (341 a.C.-271 a.C.) e Aristipo de Cirene (435 a.C. - 356 a.C.), considerado o “Pai do Hedonismo”.
Ambos contribuíram para o surgimento da corrente hedonista. Entretanto, Epicuro teve uma maior repercussão e influência à tradição hedonista até os dias de hoje.
No entanto, os dois filósofos acreditavam que a busca da felicidade estava na supressão da dor e do sofrimento do corpo e da alma, os quais levariam ao prazer e, consequentemente, à felicidade.
A “Escola Cirenaica” ou “Cirenaísmo” (séculos IV e III a.C.), fundada por Aristipo era mais centrada na importância do prazer do corpo. As necessidades do corpo seriam responsáveis pelo desenvolvimento de uma vida plena e feliz.
O Epicurismo, fundado por Epicuro, que associava o prazer à paz e à tranquilidade, rebatendo, muitas vezes, o prazer imediato e mais individualista como propunha a Escola Cirenaica.
Diante disso, Epicuro buscou definir o que, de fato, faria as pessoas felizes, já que percebeu que muitas coisas que julgam trazer prazer, são acompanhadas de uma série de sofrimentos que são impedimentos para a felicidade.
Epicuro estabeleceu três premissas principais garantidoras de uma vida feliz:
1. Amizade
Epicuro dizia que para se ter uma vida feliz, era preciso estar cercado de amigos, em uma relação cotidiana e duradoura.
2. Auto-determinação
É a liberdade trazida pelo próprio sustento. Para o filósofo, possuir um patrão e que dele dependa o seu sustento, da mesma forma que a busca incessante por riquezas e bens materiais aprisionam e são impeditivos para a felicidade.
3. Auto-conhecimento
A terceira base de uma vida feliz é conhecer a si próprio, saber compreender as próprias necessidades, o que traz prazer e ter uma mente leve e calma.
"O prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz." (Epicuro de Samos)
Qual o significado de hedonismo atualmente?
Embora a teoria hedonista tenha surgido na Grécia, ao longo da história seu significado assumiu diversas interpretações.
A Pós-modernidade (período que vigora até os dias atuais, intensificado pela era da informática e da comunicação) aponta para um ser humano individualizado e dedicado à realização de prazeres efêmeros.
Assim, este indivíduo pós-moderno busca sem limites o prazer individual e imediato, como o principal propósito da vida. O prazer, base do hedonismo, assume um caráter relacionado à aquisição de bens de consumo.
Dessa forma, o hedonismo pode ser compreendido como a satisfação dos impulsos, associados a uma ideia de qualidade de vida individual compreendida como sendo superior aos princípios éticos.
Nesse contexto, o prazer torna-se a palavra-chave dos sujeitos pós-modernos para alcançar a felicidade compreendida de forma oposta à filosofia hedonista grega e aproximando a ideias relacionadas ao consumo e ao egoísmo.
Hedonismo e Religião
A filosofia platônica assim como a tradição judaico-cristã estabelecem uma hierarquia nas relações entre o corpo e a alma.
Assim, é comum que os prazeres atrelados ao corpo possam ser postos em questão. O corpo é compreendido como o lugar do erro, já que a alma é pura e imortal.
Assim, dedicar-se aos prazeres do corpo é afastar-se do caminho da alma, o que em alguns casos pode ser identificado com a ideia de pecado.
Assim, a doutrina hedonista e a busca pelo prazer dos ideais hedonistas vão de encontro aos princípios morais que fundamentam diversas religiões.
Para o filosofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), a religião se fundamentava, justamente, na domesticação da natureza humana e na supressão do prazer, tomando o amor (Eros) e o hedonismo como algo negativo:
O cristianismo perverteu a Eros; este não morreu, mas degenerou-se, tornou-se vício.
Consequências do hedonismo na filosofia ética do utilitarismo
A corrente Utilitarista é representada, especialmente, pelos filósofos ingleses associados, Jeremy Bentham (1748-1832), John Stuart Mill (1806-1873) e Henry Sidgwick (1838-1900).
O Utilitarismo, por sua vez, estava intimamente relacionado ao conceito do Hedonismo, na medida em que representava uma doutrina ética baseada no “Princípio do bem-estar máximo”.
Nesse sentido, segundo eles existiam basicamente duas vertentes hedonistas, a saber:
- Hedonismo Ético: donde o sofrimento é negado a partir de um bem coletivo. O dever está relacionado à maior produção de felicidade possível (ou à menor produção de infelicidade possível).
- Hedonismo Psicológico: o ser humano é motivado pela busca do prazer, aumentando assim, sua felicidade e diminuindo suas dores, dentro de uma reflexão sobre o que é realmente responsável pela felicidade do indivíduo.
Veja também:
MENEZES, Pedro. Hedonismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/hedonismo/. Acesso em: