Immanuel Kant

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Professora de Filosofia e Sociologia

Immanuel Kant é um dos filósofos mais estudados na modernidade.

Seus trabalhos são pilares e pontos de partida para a filosofia alemã moderna, com seguidores como Fichte, Hegel, Schelling e Schopenhauer.

Kant tentou resolver as questões entre o racionalismo de Descartes e Leibniz e o empirismo dos filósofos David Hume e John Locke.

Vida e obra de Kant

Immanuel Kant nasceu em Königsberg, na Prússia Oriental, no dia 22 de abril de 1724.

Foi o quarto filho do casal Johann Georg Kant, fabricante de arreios para cavalgaduras, e Anna Regina Kant.

Viveu uma vida modesta e devota ao luteranismo. Estudou no Colégio Fredericianum antes de ir para a Universidade de Königsberg.

Assim, após passar a adolescência estudando num colégio protestante, vai para a Universidade de Königsberg, em 1740.

Com a morte de seu pai, entre 1746-1747, Kant deixa a universidade e, para se sustentar, passa a dar aulas particulares. Fica nove anos trabalhando para famílias nobres da Prússia, sem deixar de estudar filosofia, física, nem matemática.

Em 1755, tem a possibilidade de retornar à universidade. Segundo George Pascal (2011, p. 15), Kant consegue sua conclusão de curso com a apresentação do "Esboço Sumário de Algumas Meditações sobre o Fogo”.

Já a sua licença para ensinar, que o torna vinculado à Universidade de Königsberg, somente será concedida após a apresentação de sua “Nova Explicação dos Primeiros Princípios do Conhecimento Metafísico”.

Estátua em homenagem a Kant em Königsberg
Estátua em homenagem a Kant em Könisgberg

Em 1770, assume a Cátedra de Lógica e Metafísica na Universidade de Königsberg. Nesse momento, termina a chamada fase pré-crítica kantiana, na qual predomina a filosofia dogmática.

Seus textos mais emblemáticos dessa época foram “A História Universal da Natureza” e “Teoria do Céu”, de 1775.

Na segunda fase do autor, é superado o “sono dogmático” a partir do choque sofrido pela leitura dos escritos do filósofo David Hume (1711-1776). Nessa fase, Kant irá escrever “A Crítica da Razão Pura” (1781) e “Crítica da Razão Prática” (1788).

Vale destacar que ele foi contemporâneo da Independência Americana e da Revolução Francesa.

Kant, um homem metódico e de saúde frágil, foi professor de Física, Antropologia, Geografia, Lógica, Metafísica, etc. Além disso, escreveu alguns ensaios sobre história e política.

Morreu aos 80 anos, em Königsberg, no dia 12 de fevereiro de 1804.

Curiosidades sobre Kant

As obras de maior destaque de Kant se dão a partir da sua segunda fase, na qual produziu freneticamente.

Immanuel Kant era metódico, sistemático e pontual. Precisamente às 15h30, ele saía para passear, sendo esse um evento usado pelos vizinhos para regular os relógios na cidade.

Há quem diga que o único momento em que Kant perdeu o horário de seu passeio, para o espanto geral, foi quando ele se pôs a ler uma obra de Rousseau. Outros (PASCAL, 2011, p. 19) dizem que foi para encontrar o carteiro que lhe trazia notícias da Revolução na França.

Principais ideias de Kant

Kant revela que o espírito, ou a razão, modela e coordena as sensações, das quais as impressões dos sentidos externos são apenas matéria-prima para o conhecimento.

O julgamento estético e teleológico (de finalidade) unem o mundo sensível e inteligível, os nossos julgamentos morais e empíricos, dando unidade ao seu sistema.

Vale citar que Kant foi um entusiasta do Iluminismo. A obra "O que é o Iluminismo?" (1784) é reflexo dessa sua ligação com o Movimento das Luzes.

Immanuel Kant
Immanuel Kant

Nessa obra, ele sintetiza a possibilidade do homem seguir sua própria razão, o qual seria, ao mesmo tempo, a saída do homem de sua menoridade.

Essa é definida como a incapacidade do homem de fazer uso do seu próprio entendimento.

O fato do homem não ousar pensar, por motivos de covardia e a preguiça, são os principais motivos do permanecimento humano na menoridade.

A Crítica Kantiana

Na obra "Crítica da Razão Pura" (1781), Kant não só elabora como se dá nosso conhecimento, como também busca formular maneiras para fazermos um bom uso do entendimento.

Ao perceber que somos limitados pelo que nos é dado conhecer, não podemos conhecer as verdades sobre o mundo, “como ele é em si”. Isso porque percebemos e pensamos o mundo de formas determinadas.

Assim, é capital estudar como o conhecimento pode ser limitado, pois isso nos permitiria compreender suas possibilidades e suas aplicações reais.

Crítica da Razão Pura (1781)
Kritik der reinen Vernunft (1781). Original da obra Crítica da Razão Pura (1781), de Immanuel Kant

Já em "Crítica da Razão Prática" (1788), Kant formula as bases de sua filosofia moral. Perguntas como: "o que funda a ação humana?" e "o que nos é dado fazer?", fazem parte do que é buscado na obra. Ela constitui, assim, um tratado sobre a moral humana.

Nesta obra, o autor analisa a moralidade de forma similar ao modo como formula sua abordagem acerca do conhecimento. Ele discute os princípios da ação moral e estabelece que ela independe da determinação divina.

Assim, os homens seriam responsáveis por seus atos, devido a sua liberdade e a sua capacidade racional.

Para ele, a razão era suficientemente capaz de resolver as questões relativas à moralidade, sem precisar de uma intervenção externa, divina ou elementos sobrenaturais, para realizar ou justificar suas escolhas. Nisso, desenvolve seu imperativo categórico, uma fórmula racional para a resolução de questões morais.

Os Juízos

No decorrer de suas obras, Kant apresenta diversas maneiras de se aplicar o conceito “juízo”.

No campo da construção de nosso conhecimento, temos os “juízos analíticos” e os “juízos sintéticos”.

O "juízo analítico" está fundado no princípio da identidade. Nele, o predicado aponta um atributo contido no sujeito e, quando se nega o sujeito, se nega o predicado (vice-versa). Esse tipo de juízo não enriquece o conhecimento, pois apontam para algo já sabido.

Por conseguinte, Kant formula o "juízo sintético", que traz a possibilidade de se construir conhecimentos verdadeiros.

Qualquer experiência nos traz aprendizado, por isso, Kant chamará esse tipo de juízo de “juízo sintético a posteriori”.

Todavia, percebemos que conseguimos formular ideias gerais, sem precisar passar pela experiência e cujo predicado não se encontra no sujeito. A esse tipo, Kant dará o nome de “juízo sintético a priori”.

Para além desses “juízos”, que são desenvolvidos na Crítica da Razão Pura, Kant aponta, na Crítica do Juízo (1790), para outros dois tipos de juízos.

No "juízo estético" há a questão da representação de algo (objeto da realidade) e a verificação da conformidade disso com nossa subjetividade (uma correspondência com nosso entendimento e nossa imaginação). Kant promove, a partir daí uma investigação crítica a respeito do conceito de “belo" e de “sublime”.

Já no “juízo teleológico” é buscada uma finalidade objetiva das coisas e verificado se há uma correspondência causal na própria natureza.

Frases atribuídas a Kant

Moeda de cinco marcos alemães de 1974 em homenagem aos 250 anos do nascimento de Kant
Moeda de cinco marcos alemães de 1974 em homenagem aos 250 anos do nascimento de Kant
  • A missão suprema do homem é saber o que precisa para ser homem.”
  • "Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim."
  • O sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca.”
  • Não somos ricos pelo que temos, e sim pelo que não precisamos ter.”
  • O juízo em geral é a faculdade de pensar o particular como compreendido sob o universal.”
  • A felicidade é o estado no mundo de um ser razoável, a quem, em todo o curso da sua existência, tudo acontece segundo a sua aspiração e a sua vontade.”
  • Age de tal modo que a máxima da tua ação possa valer sempre como princípio universal de conduta.

Vídeo sobre Immanuel Kant

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Referências Bibliográficas

CAYGILL, H. Dicionário Kant. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

DUARTE, R. O Belo Autônomo: textos clássicos de estética. 2ª ed. São Paulo: Autêntica, 2012.
EDITORA NOVA CULTURA. Kant: vida e obra. In: KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Valerio Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Editora Nova Cultura, 1999.

DUIGNAN, B.; BIRD, A. O. “Immanuel Kant”. Encyclopaedia Britannica. Disponível em . Acesso em 28 Jul. 2024.

KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Valerio Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Editora Nova Cultura, 1999.

PASCAL, G. Compreender Kant. 7ª ed. Introdução e Tradução de Raimundo Vier. Petrópolis: Vozes, 2011.

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Bacharela e Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (2014), com Mestrado em História da Filosofia pela mesma universidade (2017). Atua como professora na rede privada de ensino, ministrando aulas ligadas às áreas de Filosofia e de Sociologia.