Karatê: quais são as suas regras e qual é a sua história
Karatê é um esporte de combate que pode ser praticado como uma forma de defesa pessoal ou uma forma de arte, por isso, também é uma arte marcial.
O Karatê requer muito treinamento e disciplina, tanto do corpo quanto da mente, para atingir a perfeição do caráter, um dos seus principais objetivos.
Divisão e estilos do karatê
O karatê divide-se em:
kihon, que são as técnicas básicas de ataque e defesa, como socos e chutes;
kata, que é a sequência de técnicas pré-estabelecidos que simulam uma luta e podem ser feitas individualmente ou em grupo;
kumitê, que são as lutas propriamente ditas.
As competições de karatê podem incluir uma prova de kumitê e/ou uma prova de kata.
O karatê integra vários estilos, os quais foram desenvolvidos em decorrência dos diferentes locais onde se ensinava karatê de forma secreta.
Dentre os seus estilos, apenas alguns são reconhecidos pela Federação Mundial de Karatê: Goju-ryu, Shito-ryu, Shotokan e Wado-ryu.
Regras do karatê
A área de competição do karatê é um tapete quadrado com 8 metros de cada lado que se chama tatami.
O equipamento usado pelos atletas de karatê consiste no uso do quimono, cujo nome correto é karate-gi, na cor branca, e uma faixa na cintura. Por baixo do quimono, pode ser usada uma blusa totalmente branca, sem qualquer tipo de desenho.
As faixas representam a graduação dos atletas e podem ter 8 cores diferentes, iniciando pela branca e terminando com a preta, nesta ordem: branca, amarela, vermelha, laranja, verde, roxa, marrom e preta.
Após alcançar a faixa preta, a classificação continua com a palavra “dan”, que significa “grau”, ou seja, a primeira faixa preta é a de 1º dan, a segunda é a 2º dan, a terceira é a 3º dan.
Nas competições oficiais, não é permitido usar as faixas de graduação. Nesses casos, um atleta usa uma faixa azul e o outro, uma faixa vermelha.
Os seguintes equipamentos de proteção são obrigatórios nas competições: luvas de combate, protetor de dentes, protetor de tronco - com protetor de peito para as atletas, caneleiras e protetores de pé.
Kumitê
A duração de um kumitê (combate de karatê), geralmente, é de 3 minutos. O objetivo é marcar mais pontos que o adversário.
A pontuação é feita da seguinte maneira:
Ippon = 3 pontos. Um golpe caracterizado por um chute na cabeça, ou nas laterais do pescoço, ou uma queda seguida de um ataque tecnicamente correto. No entanto, a pontuação pelo golpe no rosto é computada pela técnica, e não pela força.
Waza-ari = 2 pontos. Um golpe caracterizado por um chute nas áreas das costas, do abdômen, do peito, ou nas laterais do tronco.
Yuko = 1 ponto. Caracterizado por um soco na área do abdômen, do peito, do rosto ou costas.
Para atribuir os pontos, os golpes no kumitê deve cumprir os seguintes critérios:
- boa forma
- atitude desportiva
- aplicação vigorosa
- atitude marcial
- bom sentido de oportunidade (timing)
- distância correta
Há COMPORTAMENTOS PROIBIDOS no kumitê. Alguns deles são:
- contato na garganta e contato excessivo em áreas sensíveis
- ataques nos braços, pernas, virilhas, articulações ou peito do pé
- ataques no rosto com mão aberta
- técnicas de projeção proibidas ou perigosas
- fingir ou exagerar uma lesão
- sair acidentalmente da área de competição (sem ser empurrado pelo adversário)
- colocar em risco a própria segurança ou a do adversário
- evitar o combate para impedir que o concorrente faça pontos
- agarrar, lutar corpo-a-corpo, empurrar, prender ou encostar sem tentar executar uma técnica
- ataques perigosos e descontrolados
- simular ataques com a cabeça, joelhos e cotovelos
- falar ou provocar o concorrente, desobedecer ao árbitro, ser descortês com os técnicos de arbitragem ou outras faltas de etiqueta.
As PENALIZAÇÕES no kumitê são:
Chukoku: o primeiro aviso dado por uma infração menor.
Keikoku: o segundo aviso por uma infração menor ou infrações que não justificam um hansoku-chui.
Hansoku-chui: o aviso de desclassificação dado após um keikoku ou por infrações sérias que não justificam o hansoku.
Hansoku: a desclassificação por uma infração muito séria ou após um hansoku-chui. Em combates por equipe, a pontuação do atleta que sofreu a falta é oito e a do infrator é zero.
Shikkaku: a desclassificação de todo o torneio/campeonato por desobedecer ao árbitro, agir maliciosamente, desonrar o karatê ou violar as regras do torneio. Em combates por equipe, a pontuação do atleta que sofreu a falta é oito e a do infrator é zero.
Kata
O Kata é uma apresentação de movimentos e golpes pré-estabelecidos. Deve ser realista em termos de luta e demonstrar concentração, força e velocidade, assim como ritmo e equilíbrio.
Existem competições de kata individuais e em equipes compostas por três atletas homens ou por três atletas mulheres. Nestas competições, os atletas devem apresentar um dos katas da lista abaixo em cada rodada e devem ser diferentes em cada uma delas, ou seja, sem repetições.
Os katas são avaliados por dois critérios principais: qualidade técnica e qualidade atlética, recebendo pontos separadamente numa escala de 5.0 a 10.0.
A lista consta os katas permitidos em competições:
A atribuição de pontos no kata deve cumprir os critérios abaixo de execução técnica e execução atlética.
Execução técnica:
- posições
- técnicas
- movimentos de transição
- timing
- respiração correta
- foco
- conformidade
- consistência na performance do kata
Execução atlética:
- força
- velocidade
- equilíbrio
As seguintes atitudes são consideradas faltas no kata:
- perda de equilíbrio
- execução incorreta ou incompleta de um movimento
- deslocamentos dessincronizados entre partes do corpo e movimentos dessincronizados entre os membros, em katas de equipe
- gritos de pessoas fora do tatami, movimentos teatrais (bater os pés, no peito, nos braços ou no quimono) e respirações ruidosas.
- deslizamento da faixa pelo quadril depois de ter desatado durante a apresentação.
- estratégias para perder tempo, como marchas prolongadas, saudações excessivas ou pausas longas antes de iniciar a apresentação
- causar lesões por falta de controle durante a apresentação.
As desclassificações no kata podem acontecer por:
- execução ou anúncio do kata errado
- não realizar as saudações no início e fim do kata
- paragem da execução do kata
- obrigar um juiz a se mover por razões de segurança
- deixar a faixa cair durante a apresentação
- ultrapassar o tempo total de 5 minutos para a apresentação
- realizar uma técnica de projeção de tesoura no pescoço, em kata de equipe
- não seguir as instruções do juiz ou apresentar comportamento inadequado.
História do Karatê
O karatê surgiu em Okinawa, província japonesa, que na época da origem do karatê pertencia à China. Ele foi fundado com base nos ensinamentos desenvolvidos por um monge indiano que tinha viajado a Okinawa para fundar um mosteiro budista.
O monge, que se chamava Bodhidar, transmitiu conceitos espirituais e também ensinou uma técnica de luta para autodefesa, que tinha outro objetivo, a manutenção de uma vida saudável.
A palavra Karatê significa “mãos vazias”, pois enfatiza o uso das mãos e do corpo como armas naturais, sem uso de armas convencionais. Portanto, quando a dinastia Ming chegou ao fim, e o uso de armas foi proibido, a técnica ensinada pelo monge Bodhidar foi se propagando, mas de maneira secreta.
O karatê moderno surgiu quando o Ministério da Educação do Japão convidou o Mestre Gichin Funakoshi, líder da Sociedade de Artes Marciais de Okinawa, para fazer demonstrações de karatê em Tóquio. A partir desse episódio, que aconteceu em 1922, o Karatê começou a ser ensinado em várias universidades, sendo gradualmente difundido.
Em 1970, o 1º Campeonato Mundial de Karatê foi realizado no Japão com a participação de 33 países.
No mesmo ano, foi criada a União Mundial das Organizações de Karate (WUKO), que foi absorvida em 1993 pela World Karate Federation (WKF).
O karatê chegou ao Brasil no início do século XX, graças aos imigrantes japoneses. O esporte tornou-se um esporte olímpico em 2020, nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
O karatê pode ser ensinado na Educação Física escolar dentro dos conteúdos de movimentos corporais. Os professores devem ensinar de forma gradual, a partir do 3º ou 4º ano, ou seja, crianças com 8 anos. Nesse sentido, inicialmente, o karatê deve ser ensinado de forma lúdica, como no jogo da imitação, que estimula uma criança a imitar os ‘golpes’ do outro, sem contato. Além disso, ao longo dos anos escolares, através do karatê, assim como outros conteúdos de lutas, as crianças podem aprender ritmo, equilíbrio, força e desenvolver a coordenação motora.
Leia também:
- Esportes de combate: o que são e exemplos
- Judô: origem, história e regras dessa arte marcial
- Taekwondo: origem, regras e juramento
- Kung fu: entenda o que é, estilos e origem da arte marcial chinesa
Referências Bibliográficas
História do Karate. Confederação Brasileira de Karate. Documento acessado em julho de 2024, disponível em: https://www.karatedobrasil.com/historia
Márcio, Y., Lopes, S., & de Oliveira Vieira, A. (2009). A construção do saber ensinar caratê nas aulas de educação física: enfrentamentos e possibilidades na prática pedagógica da Emef “centro de Jacaraípe”, Serra-ES. Cadernos de Formação RBCE, 1(1).
Regras de Competição de Kata e Kumite. Federação Nacional Karate - Portugal. Documento acessado em julho de 2024, disponível em: https:www.fnkp.pt
FACCHINI, Maurício. Karatê: quais são as suas regras e qual é a sua história. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/karate/. Acesso em: