Lei Bill Aberdeen
A Lei Bill Aberdeen foi promulgada em 08 de agosto de 1845 pela Inglaterra proibindo o tráfico de escravos africanos.
Desse modo, a marinha britânica perseguia, interceptava e aprisionava os navios negreiros que transportavam os escravos pelo Atlântico Sul.
Assim que o barco fosse capturado, os escravos eram devolvidos para a África e desembarcados em regiões como Serra Leoa ou Libéria.
Resumo
A Lei Aberdeen recebe esse nome em homenagem ao autor da lei, Lord Aberdeen (1784-1860), Ministro Britânico das Relações Exteriores. O nome completo da lei, em inglês, é Slave Trade Suppression Act” ou “Aberdeen Act” (Ato de Supressão do Comércio de Escravos ou Lei Aberdeen).
A Lei Aberdeen proibiu o tráfico de escravos no Hemisfério Sul. Desta maneira, qualquer navio que saísse da África e chegasse ao continente americano, poderia ser interceptado pela marinha britânica.
Esta resolução contribuiu para a criação de leis abolicionistas no Brasil que objetivavam a libertação do trabalho escravo.
Por influência da Lei Aberdeen, se fez a lei Eusébio de Queirós que proibida definitivamente o tráfico de escravos para o país.
A imposição da Inglaterra causou revolta, porque alguns navios britânicos chegaram a invadir as águas territoriais brasileiras para perseguir os traficantes. Apesar disso, o evento não chegou a desencadear uma guerra entre os países envolvidos.
Isso porque o Brasil passava por crises econômicas e sociais durante o reinado de Dom Pedro II (1825-1891). Nesse período, o abolicionismo cresceu e os abolicionistas se uniram para combater o trabalho escravo no país. Por sua vez, o governo começou a controlar o processo de extinção do trabalho escravo.
Antecedentes
O Reino Unido havia proibido a escravidão em suas colônias em 1807 e desde então pressionava a Portugal para fazer o mesmo.
Desta maneira, condiciona a sua ajuda a Portugal, durante as invasões napoleônicas em 1808, à extinção do tráfico negreiro e da escravidão.
Com a independência do Brasil em 1822, Dom Pedro I começa a receber o mesmo tipo de pressão. Assim, é celebrado o Tratado de 1826 assinado por Dom Pedro I e Jorge IV, Rei da Grã-Bretanha.
Este documento propunha o fim do tráfico de escravos. No entanto, não surtiu efeito, pois o país continuou a importar seres humanos escravizados.
Leia o 1º Artigo deste Tratado:
“Acabados tres annos depois da troca das Ratificações do presente Tratado (**), não será licito aos Subditos do Imperio do Brasil fazer o Commercio de Escravos na Costa d'Africa, debaixo de qualquer pretexto, ou maneira qualquer que seja.
E a continuação deste Commercio, feito depois da dita época, por qualquer pessoa subdita de Sua Magestade Imperial, será considerada, e tratada de pirataria.”
No período regencial, em 1831, o regente Feijó consegue aprovar a lei que tornaria livre qualquer africano trazido como escravo para o Brasil. Esta lei passaria à história como Lei Feijó.
Descontente, anos mais tarde a Inglaterra impôs a proibição por meio da Lei Aberdeen.
Leis Abolicionistas
A fim de abolir a escravidão de maneira a não pagar indenizações aos proprietários e não provocar uma guerra civil, o governo brasileiro sancionou uma série de leis abolicionistas.
Lei Eusébio de Queirós
Após 5 anos da Lei Aberdeen, foi promulgada em 4 de setembro de 1850, a Lei Eusébio de Queirós que proibia o tráfico de escravos no Brasil.
Com sua aprovação, o tráfico interno de escravos entre as províncias brasileiras, aumentou significativamente.
A Lei Eusébio de Queirós é considerada um dos primeiros passos para a abolição da escravatura, que ocorreu em 1888, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.
Antes da assinatura da Lei Áurea, outras leis abolicionistas foram essenciais para que esse fim fosse atingido, a saber:
- Lei do Ventre Livre (1871): que libertava os filhos nascidos de mães escravas a partir da data.
- Lei dos Sexagenários (1885): que libertava os escravos com mais de 65 anos.
Escravidão no Brasil
Lembre-se que a escravidão no Brasil durou cerca de 300 anos e foi um dos últimos países da América a proibir essa prática.
Desde 1500, quando os portugueses chegaram para explorar as terras da América, começaram a negociar com os índios. A medida que foram se fixando, os escravizaram; no entanto, aos poucos eles foram sendo substituídos pelos escravos africanos.
Durante muitas décadas, os africanos foram a principal mão de obra na colônia participando ativamente da economia do país.
A sanção da Lei Aberdeen foi um grande problema para os brasileiros e portugueses visto que o comércio de escravos era muito lucrativo para ambas as partes.
O evento causou inúmeras revoltas entre os ingleses, brasileiros e portugueses, que já ameaçam fechar os portos, locais em que eram desembarcados os escravos.
Importante notar que os ingleses estavam inspirados nos ideais iluministas e de liberalismo econômico. Além disso, despontava no país a Revolução Industrial e com isso, novas formas de trabalho assalariado.
Sendo assim, para a Inglaterra era importante acabar com a mão de obra escrava pelo mundo, porque ela tornava a produção mais barata e concorria com suas possessões caribenhas.
A ideia era libertar os escravos por motivos religiosos e humanitários, e também para que a produção agrícola fosse realizada de maneira igual em todo mundo.
Leia mais: Abolicionismo
BEZERRA, Juliana. Lei Bill Aberdeen. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/lei-bill-aberdeen/. Acesso em: