Lenda do lobisomem: como surgiu (com história para contar)

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora de Língua Portuguesa e Literatura

A lenda do lobisomem é a história popular de um homem normal que se transforma em uma criatura com características de homem e de lobo. A transformação acontece em todas as noites de lua cheia e acaba quando o dia amanhece.

Essa lenda do folclore tem várias versões. Algumas dizem que o homem que se transforma em lobisomem recebeu essa maldição por castigo, enquanto outras dizem que ele é sempre o sétimo ou oitavo filho de um casal.

O lobisomem não existe de verdade, é uma crença popular.

Lenda do lobisomem para contar

O Senhor Nô trabalhava num engenho de açúcar em Natal, no Rio Grande do Norte. Era um homem corajoso e, apesar dos companheiros falarem sempre no assunto, não acreditava que o lobisomem existisse.

Um dia, João Severino, um dos companheiros, disse zangado que dentro de alguns dias o Senhor Nô iria se arrepender do fato de não acreditar nas histórias que lhe contavam.

Uma noite, o Senhor Nô estava atravessando uma plantação quando viu um bicho estranho que se atirou a ele. Ambos travaram uma luta difícil, até que o Senhor Nô conseguiu dar um golpe no pescoço do bicho, que desapareceu no mato.

No dia seguinte, o Senhor Nô foi trabalhar e sentiu falta de João Severino. Disseram que ele tinha faltado ao trabalho porque estava doente. Então, resolveu ir visitá-lo.

Quando o Senhor Nô chegou à casa de João Severino, o encontrou gemendo com dores e com o pescoço amarrado para proteger uma ferida. Foi então que percebeu o que tinha acontecido e, a partir daí, passou a acreditar na lenda do lobisomem.

(Baseado em Duas estória de Lobisomem, in Geografia dos Mitos Brasileiros, de Luís Câmara Cascudo)

História do lobisomem no folclore brasileiro

A figura do lobisomem está muito presente no folclore brasileiro e latino-americano, mas dependendo da região do país, a lenda pode sofrer alterações.

Acredita-se que o lobisomem somente se transforma nas noites de lua cheia e numa encruzilhada. Ao amanhecer, ele retorna à encruzilhada para se transformar em homem novamente.

Em algumas regiões, acredita-se que o oitavo filho, com aparência pálida, orelhas grandes e nariz avantajado, provavelmente se tornará lobisomem.

lobisomem

Há crenças em que o lobisomem corresponde ao sétimo filho de um casal, cujos filhos anteriores sejam todos mulheres. Quando isso acontece, acredita-se que o menino se tornará um lobisomem a partir da puberdade.

Isso quer dizer que o aniversário de 13 anos marcará o primeiro momento de transformação, o que acontecerá até ao final de sua vida em todas as noites de lua cheia. Ao amanhecer, a criatura retorna às suas características de homem.

Outras da lenda dizem que o lobisomem prefere raptar bebês não batizados e, por isso, muitas famílias batizam suas crianças rapidamente. Por essa perspectiva, se a criança não for batizada, está propensa a virar um lobisomem.

De acordo com a lenda, para combater o lobisomem, o indivíduo deve atingi-lo com objetos e balas feitos de prata ou de fogo.

Origem da lenda do lobisomem

A origem da lenda do lobisomem é europeia e provavelmente se disseminou a partir do século XVI. Entretanto, ela aparece em alguns mitos gregos, como em Licaão e Damarco.

Reza a lenda que, inicialmente, um homem foi mordido por um lobo e ficou enfeitiçado. Assim, nas noites de lua cheia ele se transformava, adquirindo garras de lobo e um corpo coberto de pelos, e saía uivando em busca de seu alimento predileto: sangue.

Até hoje, a figura dessa criatura feroz e imbatível, gera muito medo nas pessoas, principalmente as que vivem em áreas rurais e distantes da cidade.

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Referências Bibliográficas

CASCUDO, Luís Da Câmara. Geografia dos Mitos Brasileiros. São Paulo: Global, 2012.

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).