Lendas da Região Sul
As lendas da região sul misturam as tradições indígena, africana, europeia e são usadas para explicar os costumes dos seres humanos e o comportamentos dos animais.
Também possibilitaram a criação de histórias de seres fantásticos e criaturas do outro mundo, às vezes, mal-intencionadas!
Por isso, preparamos uma seleção de oito lendas gaúchas a fim de que você conheça ainda mais o rico folclore brasileiro.
1. Lendas das Bruxas da Praia de Itaguaçu
A ilha de Florianópolis é conhecida como ilha da Magia, pois dizem que muitos seres sobrenaturais povoam aquelas praias e são responsáveis por vários fenômenos estranhos.
A praia de Itaguaçu, por exemplo, tem formações rochosas bastante curiosas.
Os nativos dizem, que certo dia, as bruxas que viviam por ali resolveram dar uma festa e convidaram vários amigos, como a Mula-sem-cabeça, o Curupira, o Saci, o Lobisomem e muitos outros. Só não chamaram o diabo, porque ele cheirava mal!
Porém, o diabo ficou sabendo da celebração e resolveu aparecer mesmo assim. Quando ele chegou, as bruxas ficaram surpresas e não sabiam o que fazer. Furioso, o diabo foi transformando as feiticeiras em pedras e elas estão ali até hoje, esperando que a raiva do coisa-ruim passe e as converta em bruxas novamente.
2. Lenda da Cuca
A Cuca é uma bruxa com corpo de jacaré e cabelos amarelos. Sua voz é horrível e seu grito pode ser escutado a quilômetros de distância.
Ela vive numa caverna preparando feitiços e vigiando a floresta através do seu espelho mágico onde ela pode ver tudo o que está acontecendo.
A Cuca dorme uma noite a cada sete anos e por isso, está sempre atenta às crianças que não obedecem aos seus pais e aqueles que não dormem cedo. Dizem que ela sai pelas noites e vai pelas casas pegar os meninos e meninas que não dormem na hora certa.
A Cuca se transformou num personagem conhecido graças ao escritor Monteiro Lobato, que a incluiu na sua obra "O Sítio do Pica-pau amarelo".
3. Lenda da Erva-mate
Havia na floresta um velho índio guerreiro que vivia com sua filha, Yari, numa caverna. Sem forças para guerrear, o índio hospedava os viajantes que ali passavam.
Um dia, chegou um caçador pedindo repouso e ele foi acolhido com todas as honras. Após o jantar, a filha se pôs a cantar para o jovem que dormiu imediatamente. No dia seguinte, o caçador revelou sua identidade e lhes disse que era um enviado do deus Tupã.
Em agradecimento pela hospitalidade, mostrou ao ancião uma erva da qual poderia fazer um chá para recuperar suas forças. Também transformou a jovem índia na deusa que guardaria aquelas plantas e ensinaria os homens a cultivá-las e viverem em paz.
Por isso, a erva-mate, é um símbolo da fraternidade e da convivência pacífica entre os seres humanos e é sempre compartilhada entre todos.
4. Lenda da Gralha Azul
A gralha azul é um pássaro que vive nas florestas de araucária (ou pinhão) e tem um hábito interessante. Previdente, ela sempre enterra algumas sementes do fruto. No entanto, como acaba esquecendo o local onde plantou, muitas germinam se transformando em lindas árvores.
Há muito tempo, quando Deus criou o mundo, pediu ajuda aos pássaros para espalhar as sementes da araucária. Nenhum deles quis, pois estavam ocupados em contemplar suas coloridas penas ou compor melodias com seu canto.
Somente a gralha negra, de grito estridente, se ofereceu e passou a plantar as sementes da árvore. Para agradecer o seu gesto, Deus a cobriu com um manto azul da cor do céu, tornando-a distinta de todas as aves de sua espécie. Os índios coroados imitavam seu canto e os negros escravizados afirmavam que nenhum tiro de espingarda atingia a gralha azul.
Atualmente, a gralha azul é considerada o pássaro símbolo do estado do Paraná e continua sua missão de plantar a araucária pelas serras da região.
5. Lenda do João-de-Barro
Numa aldeia indígena do sul do Brasil, o jovem Jaebé se apaixonou pela moça mais linda da tribo e foi pedi-la em casamento. O pai da moça afirmou que só consentiria se ele pudesse provar seu amor por sua filha.
Então, Jaebé declarou que ficaria nove dias em jejum. Aceito o desafio, os indígenas o enrolaram num grosso couro de anta, onde ele não poderia sair para comer nem beber.
Ao final dos nove dias, todos foram ao local onde estava Jaebé e desenrolaram o couro. Muitos achavam que ele estava morto, mas o índio saltou e se pôs a cantar para sua amada. Enquanto entoava uma bela canção de amor, seu corpo se encheu de penas e ele se transformou num pássaro.
Os raios da lua tocaram sua amada e ela também se converteu numa ave. Estavam tão felizes que resolveram construir uma bela casa. Ao contrário dos outros pássaros, o João-de-Barro e sua companheira fazem um ninho fechado para criar seus filhotes.
6. Lenda do Negrinho do Pastoreio
Conta-se que no tempo da escravidão havia um senhor cruel que maltratava os negros escravizados diante da menor falta. Certa vez, um dos seus escravos, um menino órfão, deixou escapar o cavalo preferido do senhor. Ele ficou furioso, mandou chicoteá-lo e ordenou que fosse colocado em cima de um formigueiro.
O menino passou a noite chamando por Nossa Senhora da Conceição, sua madrinha, para que o livrasse daquelas dores. Enquanto isso, o fazendeiro não conseguia dormir, levantou-se e ficou intrigado quando viu uma forte luz no terreiro.
Rapidamente, ele foi até o local e qual não foi a sua surpresa em encontrar o menino espantando as últimas formigas do seu corpo. Ao seu lado, estava Nossa Senhora e do outro, relinchava o cavalo que tinha sido perdido. O menino olhou para o seu antigo senhor, montou no cavalo baio, sorriu para a Virgem e saiu cavalgando.
Dizem que o senhor se arrependeu de suas maldades. Até hoje é possível ouvir o Negrinho do Pastoreio cuidando dos animais que se afastam do rebanho e ajudando as pessoas a encontrar objetos perdidos.
7. Lenda do Saci-pererê
O Saci-pererê é um menino negro, que tem uma perna só, fuma cachimbo e usa um gorro mágico que lhe dá vários poderes. Um deles é o de se deslocar através de um redomoinho, o que o torna ágil evitando que o capturem.
O Saci-pererê adora pregar peças, como esconder objetos, trançar a crina e o rabo dos cavalos, tirar o cobertor das pessoas em dias de frio, desfazer gavetas e muito mais. Na floresta, porém, ele é um guardião, pois usa seus assobios para amedrontar os caçadores e ainda espalha as balas das espingardas.
Ele só fica injuriado quando perde seu gorro vermelho nas matas, pois ele não pode se locomover e tem que implorar por ajuda. O Saci também não gosta quando seu fumo acaba e, por isso, acaba prometendo um monte de coisas a quem lhe der um pouco de tabaco. Obviamente, ele não cumpre com o prometido depois de consegui-lo.
Por sua personalidade, o Saci se tornou um dos personagens mais populares do folclore brasileiro e em sua homenagem foi instituído o Dia do Saci, em 31 de outubro.
8. Lenda do Ahó Ahó
Durante o tempo das missões jesuíticas no território dos índios guaranis, os padres da Companhia de Jesus aproveitaram as lendas existentes para assustar os novos conversos.
Um das histórias que circulavam entre as reduções era a do Ahó Ahó. Este era uma criatura parecida com uma ovelha, mas bem maior, robusta e tinha dentes terríveis. Só vivia em bando e comunicavam-se entre si emitindo gritos que produziam o som "aó aó" e daí seu nome.
Conta-se que o Ahó Ahó perseguia as pessoas que andavam desavisadas pelas florestas. O único jeito de escapar era subindo numa palmeira, árvores cujas folhas são usadas no Domingo de Ramos.Também dizem que Ahó Ahó recebia as crianças que foram raptadas por outro personagem da floresta, o Jaci Jaterê. Este vigiava aqueles meninos e meninas que não dormiam a sesta.
A lenda do Ahó Ahó igualmente faz parte do folclore da Argentina e do Paraguai.
9. Lenda do Bradador
O Bradador é um espírito errante que vive assustando os incautos que viajam sozinhos.
Conta-se que um homem faleceu, na cidade de Atuba (PR), foi enterrado sem pagar todos os pecados que havia cometido em vida. Assim, a terra lhe recusou a dar descanso e o devolveu. A partir desse dia, todas as sextas-feiras, após a meia-noite, uma criatura meio fantasma, meio homem passou a errar pelos campos soltando gritos terríveis que assustam até os mais valentes.
Por causa do som horripilante, os lugarejos passaram a chamá-lo de Bradador e evitar os caminhos solitários. São poucos os que viveram para contar como é a aparência dessa alma que permanece entre dois mundos.
O encanto só vai terminar quando o Bradador encontrar por sete vezes uma moça de nome Maria e assim ter seus pecados perdoados. O problema é encontrar alguém que tenha coragem para enfrentar os brados assustadores dessa criatura errante.
Quiz do Folclore
BEZERRA, Juliana. Lendas da Região Sul. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/lendas-da-regiao-sul/. Acesso em: