Mario Quintana
Mario Quintana, conhecido como o “poeta das coisas simples”, foi um escritor modernista, jornalista e tradutor brasileiro. Ele é considerado um dos maiores poetas do século XX.
Em 1980, Mario recebeu o “Prêmio Machado de Assis” da Academia Brasileira de Letras (ABL). No ano seguinte, o poeta recebeu o “Prêmio Jabuti” de Personalidade Literária do Ano.
Biografia
Mario de Miranda Quintana nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul, no dia 30 de julho de 1906. Era filho do farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda Quintana.
Viveu sua infância em sua cidade natal, donde iniciou seus estudos na Escola Elementar Mista de Dona Mimi Contino.
Com 13 anos, mudou-se para a capital do Estado, Porto Alegre. Ali, estudou no Internato “Colégio Militar de Porto Alegre”.
Desde a adolescência, Mario começou a escrever. Já na revista da escola publicou seus primeiros trabalhos.
Durante alguns meses, trabalhou na editora e livraria "O Globo". Chegou a trabalhar na farmácia de seu pai.
Mais tarde, atuou como jornalista e colaborador no Estado do Rio Grande, Diário de Notícias de Porto Alegre, Revista do Globo e Correio do Povo.
Além de jornalista, trabalhou como tradutor chegando a traduzir muitas obras de escritores renomados: Proust, Balzac, Virginia Woolf, Maupassant, Voltaire, dentre outros.
Em 1926, sua mãe falece, e no ano seguinte, seu pai. Continuou seu trabalho nos jornais e como literato.
Em 1930, passou a morar no Rio de Janeiro sendo voluntário do "Sétimo Batalhão de Caçadores de Porto Alegre".
Ficou na cidade maravilhosa somente 6 meses, retornando ao Rio Grande do Sul onde permaneceu o resto de sua vida.
Mario não casou e nem teve filhos. Viveu grande parte de sua vida em quartos de hotéis.
O lugar onde morou cerca de 15 anos em Porto Alegre, chamado “Hotel Majestic”, é atualmente um centro cultural chamado “Casa de Cultura Mario Quintana”.
Faleceu em Porto Alegre dia 5 de maio de 1994, vítima de problemas cardíacos e respiratórios.
Curiosidade: Você Sabia?
Maria Quintana concorreu três vezes para a vaga de literato na Academia Brasileira de Letras (ABL), mas nunca conseguiu ganhar. Convidado para se candidatar pela quarta vez, o poeta se recusou.
Obras
A linguagem que Quintana utiliza em seus textos é simples, fluida, introspectiva e, muitas vezes, irônica. Temas como o amor, o tempo, a natureza são os preferidos do poeta.
Mario foi um ávido leitor e escritor. Escreveu obras poéticas, além de obras infanto-juvenis, sendo que as principais são:
- A Rua dos Cataventos (1940)
- Canções (1945)
- Sapato Florido (1947)
- Espelho Mágico (1951)
- Batalhão das Letras (1948)
- O Aprendiz de Feiticeiro (1950)
- Poesias (1962)
- Pé de Pilão (1968)
- Quintanares (1976)
- Esconderijos do Tempo (1980)
- Nova Antologia Poética (1982)
- Nariz de Vidro (1984)
- Baú de Espantos (1986)
- Preparativos de Viagem (1987)
- Velório sem Defunto (1990)
Poemas
Seguem abaixo alguns dos poemas mais conhecidos de Mario Quintana.
A Rua dos Cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Os Poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Tic-tac
Esse tic-tac dos relógios
é a máquina de costura do Tempo
a fabricar mortalhas.
Envelhecer
Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.
Relógio
O mais feroz dos animais domésticos
é o relógio de parede:
conheço um que já devorou
três gerações da minha família.
Hai-Kai de Outono
Uma borboleta amarela?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e não quis pousar?
Frases
- “A amizade é um amor que nunca morre.”
- “Tão bom morrer de amor... e continuar vivendo.”
- “A indiferença é a maneira mais polida de desprezar alguém.”
- “O verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê.”
- “Não faças da tua vida um rascunho. Poderás não ter tempo de passá-la a limpo.”
- “Uma vida não basta ser apenas vivida: também precisa ser sonhada.”
Leia também:
DIANA, Daniela. Mario Quintana. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/mario-quintana/. Acesso em: