Marrocos: onde fica, história e características

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Professor de Geografia

Marrocos é um país situado no noroeste da África, conhecido por sua rica diversidade cultural e histórica que reflete uma mistura de influências árabes, africanas e europeias.

Com suas paisagens variadas, que variam desde as Montanhas do Atlas até as vastas dunas do deserto do Saara, Marrocos encanta visitantes com suas cidades vibrantes, mercados coloridos e uma herança culinária única.

Sua capital, Rabat, e outras cidades icônicas como Marrakech, Fez e Casablanca, são pontos de referência históricos e culturais que oferecem uma janela para o passado e o presente deste fascinante reino.

Mapa do Marrocos

Características gerais

Marrocos, oficialmente conhecido como Reino de Marrocos, é um país localizado na região do Magrebe, no norte da África. Faz fronteira com o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo ao norte, e faz divisa com a Argélia a leste e sudeste.

O quadro abaixo mostra algumas informações do país no ano de 2022:

Capital Rabat
Extensão territorial 446,5 mil km²
População 37,460 milhões habitantes
Idioma árabe e amazigh
Moeda dirham marroquino
PIB US$ 130,9 bi

Bandeira e seu significado

A bandeira de Marrocos é composta por um fundo vermelho com um pentagrama verde (estrela de cinco pontas) no centro.

O vermelho simboliza a coragem e a força, enquanto o verde representa a esperança, alegria e amor. A estrela de cinco pontas é um símbolo tradicional islâmico.

Bandeira do Marrocos

História

O país foi unificado pela primeira vez sob a dinastia Idríssida no século VIII. Nos séculos seguintes, várias dinastias, incluindo os almorávidas, almohadas, merínidas e saadianas, governaram Marrocos, cada uma deixando sua marca na cultura e história local.

Em 1912, Marrocos tornou-se um protetorado francês e espanhol, o que marcou o início de uma significativa influência europeia no país. Durante o período colonial, as potências europeias estabeleceram controle administrativo e militar, e desenvolveram infraestrutura em muitas áreas urbanas.

A luta pela independência ganhou força na primeira metade do século XX, culminando na independência completa de Marrocos em 1956. O país conseguiu reunir os territórios controlados pela França e pela Espanha, e o rei Mohammed V tornou-se uma figura central na transição para um Marrocos independente.

Desde então, Marrocos tem vivido uma série de transformações políticas e econômicas. Sob o reinado de Hassan II e, mais recentemente, de seu filho Mohammed VI, o país tem buscado modernizar sua economia e infraestruturas, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios como a luta pela reforma democrática e o desenvolvimento sustentável.

Conflito com Saara Ocidental

O conflito entre Marrocos e o Saara Ocidental é uma disputa territorial que começou na década de 1970. O Saara Ocidental, uma região no noroeste da África, foi uma colônia espanhola até 1975.

Quando a Espanha se retirou, Marrocos e a Mauritânia reivindicaram o território, mas enfrentaram resistência do movimento de libertação local, a Frente Polisário, que declarou a independência da República Árabe Saaraui Democrática (RASD).

Marrocos rapidamente ocupou grande parte do Saara Ocidental e travou uma guerra contra a Frente Polisário. A Mauritânia retirou-se do conflito em 1979, e Marrocos assumiu o controle de quase todo o território. O conflito militar continuou até 1991, quando um cessar-fogo mediado pelas Nações Unidas foi estabelecido, com a promessa de um referendo para decidir o futuro do território. No entanto, esse referendo nunca foi realizado, e o impasse continua.

Marrocos considera o Saara Ocidental parte integrante de seu território e propõe um plano de autonomia sob sua soberania. A Frente Polisário e seus apoiadores, incluindo a Argélia, insistem na autodeterminação completa para o povo saaraui.

O conflito gerou tensões regionais, uma crise humanitária com milhares de refugiados vivendo em campos na Argélia, e contínuas disputas diplomáticas. Apesar dos esforços da ONU, a questão permanece sem solução, representando um dos conflitos territoriais mais duradouros do mundo.

Cultura

A cultura marroquina é uma mistura de influências árabes, africanas e europeias. Marrocos é conhecido por sua rica música tradicional, incluindo o Gnawa, uma forma espiritual e de transe, e a música andaluza, que tem raízes na Espanha mourisca.

A culinária marroquina é famosa por seus pratos saborosos, como o cuscuz, tagine e pastilla, que combinam uma variedade de especiarias e ingredientes frescos.

O artesanato, incluindo cerâmica, tapetes, e joias, é altamente valorizado e reflete a rica herança cultural do país, com mercados locais, como os souks de Marrakech, oferecendo uma diversidade de produtos feitos à mão.

Mercado aberto em Marrocos
Mercado aberto em Marrakech

Economia

A economia de Marrocos é diversificada, com setores importantes como agricultura, mineração, turismo e manufatura. O país é um dos maiores produtores e exportadores de fosfato do mundo, um recurso crucial para a indústria de fertilizantes.

A agricultura é vital para a economia, com a produção de frutas cítricas, azeitonas e vinho desempenhando um papel significativo.

O turismo também é uma grande fonte de receita, atraindo milhões de visitantes anualmente para explorar as cidades históricas, praias e montanhas.

Além disso, o governo tem investido em energias renováveis e infraestrutura para fomentar o crescimento econômico sustentável.

População

Marrocos tem uma população composta principalmente por árabes e berberes (povos do norte da África). Os berberes, ou amazigh, são os habitantes nativos da região da África e representam uma parte significativa da população, especialmente nas regiões montanhosas e rurais.

As principais línguas faladas são o árabe e o berbere (marroquino), ambas reconhecidas como línguas oficiais. O francês é amplamente utilizado em negócios, governo e educação, refletindo a influência histórica da colonização francesa. Em áreas turísticas, como Marrakech e Casablanca, o inglês também é bastante comum.

A maioria da população é muçulmana sunita, praticando uma forma moderada do Islã. Há pequenas comunidades cristãs e judaicas que coexistem pacificamente com a maioria muçulmana, contribuindo para a diversidade religiosa do país.

A diversidade étnica e cultural do país se reflete em todos os aspectos da sua história e cultura. Festividades como o Ramadã e a festa do Sacrifício (Eid al-Adha) são amplamente celebradas.

Além disso, há uma rica tradição de música, dança e arte que varia de região para região, destacando a herança cultural única de Marrocos.

Grande Teatro de Rabat
Grande Teatro de Rabat

Relevo

O relevo de Marrocos é diversificado, com as Montanhas do Atlas atravessando o centro do país e se estendendo até o deserto do Saara no sudeste.

O Rife, outra cadeia montanhosa, possui cerca de 2455 metros de altura e está localizado ao norte, perto do Mar Mediterrâneo.

Entre essas regiões montanhosas, existem planícies férteis, como as de Fez e Marrakech, que são cruciais para a agricultura.

Montanhas do Rife
Montanhas do Rife

Clima

O clima de Marrocos varia consideravelmente de uma região para outra. O litoral experimenta um clima mediterrâneo, com verões quentes e secos e invernos suaves e úmidos.

No interior, o clima é mais continental, com temperaturas extremas e chuvas menos frequentes.

As áreas montanhosas podem ter invernos rigorosos e neve, enquanto o deserto do Saara é conhecido por suas condições áridas e quentes.

Vegetação

A vegetação em Marrocos é igualmente variada, refletindo as diferentes zonas climáticas. Nas regiões costeiras e montanhosas, predominam florestas de carvalhos, cedros e pinheiros.

As planícies são férteis e, portanto, abrigam uma boa atividade agrícola. Sua principal produção são as oliveiras, laranjeiras e vinhas.

No deserto, a vegetação é escassa e adaptada às condições áridas, com plantas como cactos e tamareiras.

Hidrografia

Os rios de Marrocos desempenham um papel importante na agricultura e na vida cotidiana. O rio mais longo é o Sebou, que atravessa a planície fértil de Fez.

Outros rios importantes incluem o Moulouya, Oum Er-Rbia e Draa. Muitos desses rios são alimentados por chuvas sazonais e neve derretida das montanhas, sendo essenciais para a irrigação agrícola.

Para saber mais sobre o assunto, veja também:

Referências Bibliográficas

IBGE. Atlas Geográfico Escolar. Disponível em: https://paises.ibge.gov.br/#/mapa/marrocos. Acesso em: 11/07/2024
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Conecte: Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2014.

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Formado pela UNESP - Rio Claro (2016), é professor de Geografia e Ciências Humanas. Atua na educação básica (Ensino Fundamental II e Médio) e cursos pré-vestibular desde 2012, tendo experiência em projetos sociais, escolas públicas e privadas.