Milton Santos

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Milton Santos foi geógrafo, intelectual, professor e um dos maiores pensadores brasileiros.

Seus estudos inovaram a área da geografia urbana os quais foram fundamentais para uma nova abordagem do assunto.

Ele revolucionou esse campo ao abordar outros temas que até então não eram tratados pela geografia descritiva, tal como a importância e as influências do território para os seres humanos.

Até hoje Milton Santos é considerado o maior geógrafo do Brasil sendo também conhecido e respeitado em diversos países do mundo.

Biografia

Milton Santos

Milton Almeida Santos nasceu na cidade baiana de Brotas de Macaúba no dia 03 de maio de 1926.

Formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia em 1948. No entanto, não chegou a exercer a profissão.

Na França fez Doutorado em Geografia na Universidade de Strasburgo e no final dos anos 50 retornou ao Brasil, momento que criou o Laboratório de Estudos Regionais.

Foi jornalista e redator do jornal “A Tarde” de 1954 a 1964. Com o golpe militar de 64, Milton foi morar na França, época em que exerceu a profissão de professor ali e em outros lugares.

Além do Brasil, trabalhou como professor universitário em diversos países: Peru, Venezuela, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França e Tanzânia.

Em 1977, Milton retorna ao Brasil e continua ministrando aulas nas Universidades. Foi professor de Geografia Humana na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) entre os anos de 1979 e 1983.

Posteriormente, passou no concurso para professor na Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu até se aposentar. Depois de aposentado ainda continuou escrevendo e pesquisando.

Em 1994, Milton recebeu o "Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud", considerado o maior prêmio da área.

Em 1997, ele recebeu o título de "Professor Emérito da Universidade de São Paulo". Além disso, foi agraciado com o título de "Doutor Honoris Causa" em doze universidades brasileiras e sete universidades estrangeiras.

Milton faleceu em 24 de junho de 2001 na cidade de São Paulo, vítima de câncer.

Obras

Milton Santos foi um ávido leitor, crítico e escritor. Escreveu cerca de 40 livros dos quais merecem destaque:

  • Os Estudos Regionais e o Futuro da Geografia (1953)
  • O Centro da Cidade do Salvador (1959)
  • A Cidade nos Países Subdesenvolvidos (1965)
  • Por uma Geografia Nova (1978)
  • O Trabalho do Geógrafo no Terceiro Mundo (1978)
  • A Pobreza Urbana (1978)
  • O Espaço Dividido (1979)
  • A Urbanização Desigual (1980)
  • Manual de Geografia Urbana (1981)
  • Pensando o Espaço do Homem (1982)
  • Espaço e Método (1985)
  • O Espaço do Cidadão (1987)
  • Metamorfoses do Espaço Habitado (1988)
  • Metrópole Corporativa Fragmentada (1990)
  • A Urbanização Brasileira (1993)
  • Técnica, Espaço, Tempo (1994)
  • A Natureza do Espaço (1996)
  • Por uma Outra Globalização (2000)
  • Território e Sociedade (2000)

Principais Pensamentos

Milton defendeu uma nova abordagem para o campo da geografia. Na área da geografia crítica e humana, o intelectual aprofundou seus estudos em diversos temas como a cidadania, o território, a demografia, as migrações e a geografia urbana.

Ele focou também na realidade local e no processo de mundialização aliado ao aspecto humano existente por trás dos estudos geográficos. Assim, ele adquiriu uma postura crítica em relação ao sistema capitalista.

Com seus estudos, Milton conseguiu ampliar a área da geografia e dar maior importância, por exemplo, ao tema do território e ao desenvolvimento urbano.

Nesse sentido, Milton Santos incluiu as populações menos favorecidas, dando uma nova roupagem ao espaço das cidades.

Milton Santos (1/2) - De Lá Pra Cá - 12/06/2011 Ver no YouTube

Documentário

O cineasta Silvio Tender dirigiu o documentário “Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá” em 2006.

Nesse vídeo podemos compreender a postura do intelectual frente ao sistema capitalista e ao mundo globalizado. Milton apresenta o conceito de "Globalitarismo" formada pela união dos termos: globalização e autoritarismo.

Documentário Milton Santos

Frases de Milton Santos

  • O Brasil jamais teve cidadãos, nós, a classe média, não queremos direitos, nós queremos privilégios, e os pobres não têm direitos, não há, pois, cidadania neste país, nunca houve!
  • A geografia brasileira seria outra se todos os brasileiros fossem verdadeiros cidadãos. O volume e a velocidade das migrações seriam menores. As pessoas valem pouco onde estão e saem correndo em busca do valor que não têm.”
  • Existem apenas duas classes sociais, as do que não comem e as do que não dormem com medo da revolução dos que não comem.”
  • A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une.”
  • Ser negro no Brasil é, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros.”

Exercícios de Vestibular com Gabarito

1. (UFPA) “Os espaços [...] requalificados atendem, sobretudo, aos interesses dos atores hegemônicos da economia, da cultura e da política e são incorporados plenamente às novas correntes mundiais. O meio técnicocientífico-informacional é a cara geográfica da globalização.”

(SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Ed. Hucitec, 1997, 2. ed., p. 191.).

Considerando o texto é correto afirmar acerca do processo de globalização:

a) Os sistemas de informação hoje existentes, apesar de avançados, ainda não possibilitam trocas de imagens, sons, dados e voz em tempo real por todo o mundo, o que promove uma relativa distância entre os espaços regionais.
b) Após a onda de inovação tecnológica que perdurou da Segunda Guerra Mundial até os anos 70, um novo caminho, a revolução tecnocientífica, baseado na emergência dos microeletrônicos e da transmissão de informações, reordena o espaço global.
c) Uma das características que marcaram desde o início a “era da informação” foi a utilização de tecnologias de mais durabilidade e de difícil substituição.
d) De acordo com a nova ordem mundial, não é mais o poderio militar que impossibilita a circulação de informação em tempo real, mas, sim, o poderio econômico e tecnológico.
e) A força cultural no mundo ocidentalizado impede que cada vez mais pessoas bebam os mesmos refrigerantes, comam nas mesmas redes de lanchonetes, ouçam os mesmos tipos de músicas, assistam aos mesmos filmes e utilizem a mesma rede mundial de computadores para comunicação on line.

Alternativa b: Após a onda de inovação tecnológica que perdurou da Segunda Guerra Mundial até os anos 70, um novo caminho, a revolução tecnocientífica, baseado na emergência dos microeletrônicos e da transmissão de informações, reordena o espaço global.

2. (UEL) “Na história primitiva, havia poucas formas criadas pelo homem, sendo bastante reduzido o número daquelas estabelecidas com um sentido de permanência ou de maior impacto. O espaço assemelhar-se-ia à tela proverbial esperando pela tinta da história humana. Neste aspecto, as alternativas eram infinitas. Entretanto, cada objeto permanece na paisagem, cada campo cultivado, cada caminho aberto, poço de mina ou represa constitui uma objetificação concreta de uma sociedade e de seus termos de existência. As gerações vindouras não podem deixar de levar em conta essas formas. As cidades e as redes de transportes dos tempos modernos testemunham tal herança, que se interpõe no curso do futuro.”

(SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1992. p. 54.)

Com base no texto, considere as afirmativas a seguir.

I. Na paisagem produzida pelas sociedades, coexistem temporalidades distintas que se manifestam na diversidade de formas e de artefatos.
II. O aumento da densidade das paisagens faz com que as sociedades humanas percam a possibilidade de legar registros concretos de seus termos de existência.
III. Formas e objetos socialmente criados e dispostos no espaço têm papel ativo, pois facilitam ou inibem transformações sociais.
IV. Para as futuras gerações, a paisagem assemelhar-se-á a uma tela em branco esperando pela tinta da história humana.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

Alternativa b: I e III.

3. (UFPI) Para o geógrafo Milton Santos paisagem é “o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas por volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons (...). A dimensão da paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos sentidos.”

(Metamorfose do Espaço Habitado. São Paulo: Hucitec, 1996, p.61-62).

Considerando essa afirmação, analise as sentenças a seguir:

I. A simples observação da paisagem não nos traz explicações sobre as funções das edificações, da organização dos sistemas de produção e de tecnologias empregadas.
II. Apenas os elementos naturais são suficientes para entendermos o espaço geográfico, visível através das paisagens.
III. Ao considerarmos os elementos naturais, as funções dos espaços construídos, as relações e as estruturas econômicas, sociais e políticas, estamos tratando do espaço geográfico e não apenas das paisagens.
IV. As paisagens geográficas envolvem não somente os aspectos naturais, mas também os aspectos visíveis da cultura das sociedades.

Está correto apenas o que se afirma em:

a) I e II
b) II e III
c) II e IV
d) I, II e IV
e) I, III e IV

Alternativa e: I, III e IV

Leia também:

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.