Mitologia Egípcia
A mitologia egípcia reúne diversos mitos, lendas e histórias que fizeram parte do imaginário religioso no Egito Antigo.
Na Antiguidade a religião egípcia era baseada no politeísmo, ou seja, no culto a vários deuses que ocorriam geralmente nos templos dedicados a eles.
As lendas disseminadas tinham como temas, a origem do mundo, da natureza, dos homens e dos deuses.
Essas narrativas explicavam fenômenos ainda desconhecidos pela ciência, sendo, portanto, de grande importância para a construção do imaginário dos egípcios.
Deuses egípcios
Milhares de deuses formavam o panteão (conjunto de divindades) egípcio. Havia deuses cultuados em todo território, enquanto outros estavam ligados a uma determinada localidade.
Além disso, os nomes e a importância do culto a determinados deuses podiam variar muito de acordo com a região e a época. A relação e a hierarquia entre todos esses deuses também era bastante complexa.
Os deuses egípcios frequentemente tinham formas humanas e animais e podiam transformar-se de uma forma para outra. Esse conceito é chamado de zoomorfismo (deuses com formas de animais) e antropomorfismo (deuses com formas humanas e animais).
As funções de cada divindade também eram variáveis. Um deus podia assumir novas características e diferentes deuses podiam compartilhar a mesma função como, por exemplo, a criação do universo, que é atribuída a diferentes deuses.
Em geral, cabia aos deuses garantir o equilíbrio e a ordem, chamada de maat (que também era representada por uma deusa de mesmo nome).
Os deuses do Egito Antigo podem ainda ser classificados em diferentes categorias:
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Neterus Primordiais: São os deuses associados com os mitos de criação (origem do universo). Exemplos: Nun, Atum, Amon.
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Neterus Geradores: Deuses responsáveis por elementos fundamentais da natureza. Exemplos: Geb, Nut.
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Neterus da Primeira Geração: Figuras centrais nas histórias egípcias. Exemplos: Osíris, Ísis, Seth.
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Neterus da Segunda Geração: Estes deuses eram importantes na mitologia posterior. Exemplos: Hórus, Anúbis.
Principais deuses egípcios
Conheça alguns dos principais deuses e deusas egípcios:
- Rá: deus primordial associado ao Sol e à criação do mundo.
- Osíris: deus dos mortos e da ressurreição.
- Ísis: deusa da fertilidade, da magia e da maternidade.
- Set (ou Seth): deus do caos e da violência. Representa a guerra e a escuridão.
- Néftis (ou Nephthys): representa o culto dos mortos e a proteção dos sarcófagos.
- Hórus: representa a proteção dos faraós e famílias.
- Hathor: deusa associada à alegria, música e maternidade. Representa a proteção das mulheres gestantes e dos amantes.
- Anúbis: deus dos mortos. Representa a mumificação e a passagem para a outra vida.
- Thoth: representa a sabedoria, a cura e a escrita.
- Bastet: deusa que representa a fertilidade, a sexualidade e a proteção das mulheres.
- Sekhmet: deusa da vingança. Representa o lado destrutivo do Sol.
- Amon (ou Amun): deus que representa o oculto e a fertilidade.
- Mut: deusa da proteção e libertação das almas.
- Wadjet: deusa serpente que representa a proteção do faraó.
- Maat: deusa que representa a ordem, a justiça e a verdade.
Aprenda mais profundamente sobre os Deuses Egípcios e sobre o Egito Antigo.
Mitos de Criação
Os egípcios tinham várias histórias sobre a criação do mundo. Eles acreditavam que, no princípio, havia um mar primordial chamado Nun. A partir desse mar, Atum surgiu e criou o universo. Atum separou o céu da terra e deu início à criação dos deuses e do mundo que conhecemos.
O Mar Primordial: Nun
No início de tudo, antes de haver qualquer coisa no universo, existia apenas um vasto e caótico mar primordial. Nun era o deus que personificava esse mar primordial, uma espécie de oceano escuro e sem forma que cobria tudo. Era a origem de tudo o que viria depois.
O surgimento de Atum
A partir desse mar primordial, surgiu Atum, um deus criador que apareceu de forma espontânea, sem pai ou mãe. Ele era a primeira forma de vida que se ergueu das águas do Nun. Atum simbolizava a capacidade de transformação e o começo da criação.
O processo de Criação
- A separação do céu e da terra: Atum começou a criar o mundo ao separar o céu da terra. No início, céu e terra estavam unidos, mas Atum os separou, criando um espaço entre eles. Esse espaço era essencial para que o mundo como conhecemos pudesse existir.
- A criação dos deuses: depois de separar o céu da terra, Atum deu início à criação dos outros deuses. Ele criou Shu (o deus do ar) e Tefnut (a deusa da umidade) através de um ato de auto-criação ou auto-procriação. Shu e Tefnut, por sua vez, tiveram filhos: Geb (o deus da terra) e Nut (a deusa do céu). Esses quatro deuses eram fundamentais para o equilíbrio do cosmos.
- O estabelecimento da ordem: após criar os primeiros deuses, Atum começou a estabelecer a ordem no universo. Ele criou as leis naturais e as forças que mantinham o equilíbrio do mundo. Esse processo de ordenação era conhecido como Maat, representando a verdade, a justiça e a harmonia universal.
A ascensão dos deuses
Com a criação dos deuses primordiais, a mitologia egípcia se expande com mais figuras divinas e histórias:
- Osíris e Ísis: a partir dessa ordem inicial, surgem figuras importantes como Osíris e Ísis. Osíris tornou-se o deus dos mortos e governava o submundo, enquanto Ísis era a deusa da magia e da maternidade, ajudando a manter a ordem e a proteção no mundo.
- Hórus e Seth: a luta entre Hórus e Seth é um exemplo de como a ordem e o caos estavam sempre em equilíbrio. Hórus, filho de Osíris e Ísis, representa a ordem e a justiça, enquanto Seth, o deus do caos, representa a desordem e a violência.
O equilíbrio entre a ordem e o caos
Os egípcios acreditavam que o equilíbrio entre ordem e caos era essencial para o universo. Maat representava a ordem e a verdade, enquanto Seth representava o caos e a desordem. Manter o equilíbrio entre esses dois aspectos era crucial para a harmonia do mundo.
O papel dos deuses na vida diária no Antigo Egito
Os egípcios adoravam seus deuses em templos, que eram lugares muito importantes. Eles ofereciam comida, bebida e outros presentes aos deuses para ganhar sua proteção e favores.
Os templos também eram centros de aprendizado e lugar onde os sacerdotes realizavam cerimônias e rituais para garantir que o equilíbrio e a ordem fossem mantidos.
A crença na vida após a morte
A crença na vida após a morte era muito importante para os egípcios. Eles acreditavam que, após a morte, a alma passava por um julgamento no submundo.
Anúbis ajudava a pesar o coração da pessoa contra a pena de Maat, a deusa da verdade e da justiça. Se a pessoa era considerada justa, ela entrava em um paraíso chamado Campos de Jasmim. Caso contrário, a alma seria devorada por um monstro e a pessoa não teria uma segunda chance.
Vídeo sobre o Egito Antigo
Conheça deuses de outras mitologias em:
Referências Bibliográficas
BLANC. Cláudio. O grande livro da mitologia egípcia. São Paulo: Camelot Editora, 2021.
CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo (Coleção Tudo é História): São Paulo: Editora Brasiliense, 1982.
CASTRO, Ligia. Mitologia Egípcia. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/mitologia-egipcia/. Acesso em: