Mobilidade Urbana no Brasil
Mobilidade urbana é a forma e os meios utilizados pela população para se deslocar dentro do espaço urbano.
Para avaliar a mobilidade urbana é preciso levar em conta fatores como:
- a organização do território;
- fluxo de transporte de pessoas e mercadorias;
- os meios de transportes utilizados.
História
Devido ao grande índice populacional, em algumas cidades brasileiras a mobilidade urbana é considerada um dos principais desafios de gestão das cidades na atualidade.
O tema é alvo de debates e críticas devido à opção pelo transporte motorizado individual, que os especialistas chamam de "paradigma do automóvel".
O paradigma do automóvel influenciou diretamente o traçado das cidades que surgiram nas décadas de 50 e 60. O exemplo mais notório, no país, é a construção de Brasília cujo deslocamento foi inteiramente pensado para ser feito em automóvel.
Entre os fatores que demonstram o fracasso do privilégio ao transporte motorizado individual estão os engarrafamentos e a poluição do meio ambiente. Hoje, esses fatores são comuns nas principais cidades brasileiras.
A frota de automóveis brasileira cresceu 400% em dez anos, conforme dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), numa pesquisa realizada em 2016.
Já a construção de transportes alternativos e coletivos, como o metrô de superfície, não apresentou o mesmo índice de aumento no mesmo período.
Dados da mobilidade urbana no Brasil
Atualmente, as cidades que mais sofrem com o inchaço no trânsito são, respectivamente, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
São Paulo
Na cidade de São Paulo, 5 milhões de pessoas viajam diariamente em ônibus, enquanto 4 milhões utilizam o metrô. A cidade conta com uma frota de quase 7 milhões de veículos privados.
Uma das soluções encontradas foi o estabelecimento do rodízio entre carros determinados pelo número da placa do veículo.
No entanto, a lei não se revelou eficaz. Isso porque algumas pessoas compraram um segundo automóvel com número distinto a fim de continuarem a usar o veículo privado.
A cidade continua investindo na expansão da rede de metrô para minorar os efeitos do trânsito caótico.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, 3 milhões de pessoas dependem do ônibus e 780 mil do metrô.
No entanto, com a Copa do Mundo (2010) e os Jogos Olímpicos (2014) muitos projetos de mobilidade urbana saíram do papel e beneficiaram o cidadão.
Um deles foi a construção dos metrôs de superfície no centro da cidade e também em zonas mais afastadas do centro a fim de proporcionar maior rapidez no deslocamento diário.
O desafio principal do Rio de Janeiro segue sendo a integração com os municípios que fazem parte do chamado "Grande Rio".
O transporte fluvial é usado abaixo da sua capacidade por conta dos interesses políticos e comerciais das distintas prefeituras que circundam o Rio de Janeiro.
Curitiba
Em Curitiba, onde não há metrô, 2 milhões de pessoas necessitam se deslocar utilizando ônibus.
Nos anos 90, a cidade foi pioneira:
- construção de corredores exclusivos para ônibus;
- plataformas onde o usuários pagava a tarifa antes de entrar;
- uso de coletivos capacidade para transportar mais de cem passageiros.
Entretanto, a capital do Paraná cresceu, e o plano do metrô, não saiu do papel. Desta maneira, a cidade começa a experimentar engarrafamentos fora das horas de pico.
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Meios de Transportes
Rede Urbana Brasileira
Problemas da mobilidade urbana
Tendo em conta a opção pelo transporte motorizado individual no nosso país, os principais problemas encontrados são:
- Sobrecarregamento do espaço;
- Limitação do fluxo;
- Aumento do índice de acidentes, tendo como consequência mutilações graves ou mortes;
- Pequena oferta de alternativa de mobilidade para atender o excesso de passageiros que dependem de transportes públicos;
- Poluição do ambiente.
A ausência de políticas específicas para aumentar a oferta de meios de transporte viáveis e eficientes resulta diretamente na busca pelo transporte individual.
A situação é impulsionada pela pressão da indústria automobilística que, além de dividendos, gera empregos no Brasil.
Mais automóveis nas ruas, porém, elevam a quantidade de acidentes de trânsito, onde a maioria das vítimas está em plena capacidade produtiva. Há, ainda, o aumento da pressão sobre a Previdência, em casos de mortes ou invalidez permanente.
Quanto ao meio ambiente, o aumento de gás carbônico na atmosfera é a consequência mais visível devido aos resíduos dos combustíveis fósseis.
Igualmente devemos levar em conta a poluição sonora gerada pelo barulho dos motores dos carros. O ruído provoca estresse no corpo, irritabilidade e cansaço.
Além disso, há os materiais que não são mais utilizados. Todos os anos, o Brasil descarta milhares de pneus e peças em desuso, poluindo rios e áreas de preservação.
Mobilidade urbana sustentável
A prática da mobilidade urbana sustentável já é comum, mesmo no Brasil.
Esse conceito depende de vontade política para a implantação dos chamados veículos sobre trilhos, como metrôs e trens de superfície. Integra, ainda, os chamados ônibus limpos – que usam combustível alternativo – ciclovias e esteiras rolantes.
Para cidades que não são planas podem ser construídos teleféricos, elevadores e escadas rolantes que permitem o rápido deslocamento sem poluir o meio ambiente.
Igualmente, o estímulo ao carro elétrico seria uma alternativa. Afinal, ele é movido através de energia renovável e nem produz ruído.
Além do transporte motor, a mobilidade urbana sustentável deve atentar ao conforto de quem prefere mover-se a pé.
Por isso, as calçadas devem estar em boas condições de circulação para pedestres, cadeirantes, deficientes visuais e pessoas com mobilidade reduzida temporária ou permanente.
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Lei de mobilidade urbana
Em 2012 foi sancionada a Lei de Mobilidade Urbana que deve ser aplicada em municípios de mais de 20.000 habitantes.
A lei obriga aos municípios a elaborar um plano de mobilidade urbana que tenha como objetivos:
- melhorar o deslocamento das pessoas pela cidade;
- integrar os diferentes meios de transportes;
- estabelecer um preço acessível para as tarifas dos mesmos.
O prazo era até janeiro de 2015 e até esta data somente 5% das prefeituras tinha entregue o plano. Assim, foi estabelecido que as cidades poderiam apresentar seus projetos até abril de 2018.
Mesmo assim, a lei foi saudada por especialistas como um avanço entre o poder político e a sociedade civil. Além disso, obriga os municípios a trabalhar com planejamento e questões a longo prazo.
Desafios da mobilidade urbana
Os desafios para a melhora da mobilidade urbana são diversos e atendem à especificidades locais. No entanto, podemos citar alguns pontos em comum:
- melhoria dos transportes públicos;
- substituição da energia fóssil pela limpa;
- construção de ciclovias e ciclofaixas;
- diminuição de impostos para quem deseja adquirir um carro elétrico;
- integração dos meios de transporte através de bilhetes únicos e complementários.
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- Geografia Urbana
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- Mobilidade urbana: os passos para uma redação nota 1000 no Enem
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BEZERRA, Juliana. Mobilidade Urbana no Brasil. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/mobilidade-urbana/. Acesso em: