Movimento Armorial
O movimento armorial, surgido na década de 70 no Brasil, foi uma vertente artístico-cultural de valorização das artes populares nordestinas.
O objetivo central era criar uma arte brasileira singular baseada nas raízes populares.
Idealizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, essa manifestação abrangeu a literatura, música, dança, teatro, artes plásticas, arquitetura, cinema, etc.
Origem do movimento armorial
De 1969 a 1974, Ariano Suassuna atuou como Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Foi com apoio desse Departamento que Suassuna, ao lado de outros artistas, criou o movimento armorial em 18 de outubro de 1970.
Na ocasião, realizada na Igreja de S. Pedro dos Clérigos no centro da cidade de Recife, houve uma exposição de artes populares e ainda, um concerto.
A ideia central do movimento era criar uma arte erudita a partir de elementos populares. Nessa perspectiva, o sertão nordestino é valorizado mediante a riqueza de valores culturais e artísticos.
Embora tenha sido iniciado no âmbito acadêmico, o movimento se expandiu. Posteriormente, teve apoio da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco.
Nas palavras de Ariano Suassuna:
“A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus "cantares", e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados.” (Jornal de Semana, 20 de maio de 1975)
A literatura de cordel
A literatura de cordel, importante manifestação literária típica do Nordeste, foi um elemento propulsor para a consolidação do movimento armorial.
Com uma linguagem simples e descompromissada, a literatura de cordel explora temas cotidianos e populares.
Além disso, esse gênero literário regional se afasta dos cânones literários na medida em que é comercializado em folhetos pendurados numa corda (daí seu nome “cordel”).
Importante destacar que essa manifestação literária reúne outras formas artísticas, como a música e a xilogravura.
Isso porque a literatura de cordel, geralmente é comercializada pelos próprios escritores em feiras populares.
Uma maneira de vender seu produto é cantando os versos. Além disso, os folhetos são ilustrados com xilogravuras.
Assim, ao reunir diversas manifestações artísticas numa só, a literatura de cordel foi um elemento fundamental de valorização da arte popular brasileira.
Note que, além dela, muitas outras manifestações populares ganharam força com o movimento armorial. Destacam-se o folclore, as festas e as danças populares, a moda de viola, o teatro popular de rua e de bonecos, dentre outros.
Principais artistas do movimento armorial
Alguns artistas que tiveram destaque no movimento armorial foram:
- Ariano Suassuna (1927-2014): idealizador do movimento e escritor paraibano.
- Francisco Brennand (1927): artista plástico e ceramista pernambucano.
- Gilvan Samico (1928-2013): gravurista, desenhista e pintor pernambucano.
- Raimundo Carrero (1947): jornalista e escritor pernambucano.
- Antônio Madureira (1949): músico e compositor potiguar.
- Antônio Nóbrega (1952): artista e músico pernambucano.
Saiba mais sobre a Cultura do nordeste.
DIANA, Daniela. Movimento Armorial. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/movimento-armorial/. Acesso em: