Mudanças Climáticas: causas, consequências e perspectivas para o futuro

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Professor de Geografia

Entendemos por mudança climática uma alteração de longo prazo no clima do planeta. Não se trata apenas de um ano mais seco que o anterior, ou um calor fora de época, mas sim de uma tendência que o clima está apresentando de não se comportar como o esperado pelo ser humano, causando prejuízos econômicos, sociais e ambientais.

A mais falada mudança climática é o Aquecimento Global, que é o aumento da temperatura média da Terra. Como dito acima, sabemos que o planeta possui épocas mais quentes e mais fria de maneira natural, porém, é inegável que esse aumento recente já causa e causará ainda mais danos sociais e ambientais.

Outro problema é a chuva ácida, causada pela emissão de poluentes na atmosfera. Com isso, a água dos oceanos e rios, além do próprio solo, está se acidificando. Ademais, a chuva ácida causa também a corrosão de monumentos históricos, como o Coliseu em Roma, ou as pirâmides do Egito, causando uma perda cultural inestimável.

O aumento no número de tornados, derretimento de geleiras, aumento no nível do oceano e a desertificação de biomas também podem ser citados como mudanças climáticas recentes.

Representação da desertificação em uma floresta

Causas naturais e humanas

O clima do planeta possui variações naturais, já observadas pelo ser humano por muito tempo. Podemos citar o El Niño e La Niña, Afélio e Periélio, a variação da inclinação da Terra, os ciclos glaciais, entre outros tantos fenômenos naturais.

Podemos afirmar, então, que o clima não é estável. Ele possui pequenas variações conhecidas e esperadas pelo ser humano, no entanto, cada vez mais os estudos da ONU, do IPCC e de outras instituições internacionais nos mostram que o comportamento atual do clima não é mais tão previsível.

A poluição causada pela indústria e pelos carros, contaminação de rios e oceanos e desmatamento estão entre as principais atividades humanas que afetam o clima. Seja diretamente, através da emissão de gases, ou indiretamente, com a extinção de espécies e destruição de biomas.

Consequências

As consequências podem ser sociais, ambientais e econômicas. Normalmente, abrangem as 3 esferas, pois são fatores que estão interligados.

A desertificação de biomas e perda de solo são consequências que afetam diretamente a vida da população, principalmente os mais pobres e os que vivem em áreas rurais. Com isso, a produção agrícola é comprometida, as florestas se degradam e a fauna local acaba afetada.

Vale lembrar ainda das populações indígenas, ribeirinhas e caiçaras, que dependem diretamente dos recursos naturais e acabam sendo muito mais afetados.

Urso polar e filhote buscando caminho pelo gelo para seguir

O derretimento de geleiras e aumento do nível do mar também são exemplos de consequências globais. Mesmo países que não emitem Gases do Efeito Estufa (GEEs), como gás carbônico e metano, são afetados. Praias e ilhas estão submergindo, animais estão entrando em extinção e todo o bioma marinho está sendo afetado.

Aliado a isso, a chuva acida agrava a situação, pois acaba matando espécies de algas, animais marinhos e microrganismos. O solo também se torna ácido, e os biomas terrestres são cada vez mais afetados.

A frequência de tornados e furacões também está aumentando devido à mudança das massas de ar, causando ainda mais desastres.

Chuvas mais intensas e secas mais severas também estão entre os problemas identificados, e também causam migração ou extinção de animais, alteração de biomas e prejuízos na agricultura.

Evolução Histórica das Mudanças

Como dito acima, o clima não é totalmente estável, apresentando variações ao longo da história do planeta. No entanto, os padrões observados após a segunda metade do século XX não seguem os dados esperados, como podemos observar na imagem abaixo:

Dados sobre mudanças climáticas

Estudos do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas) demonstram que essas mudanças coincidem com a Revolução Industrial, ainda no século XVIII. De lá pra cá, houve um grande aumento na concentração de gases estufa, como o metano (148%) e gás carbônico (35,3%) no planeta.

Com este aumento, as consequências começaram a ganhar força a ponto que, atualmente, sabemos que muitas delas são irreversíveis, portanto, a briga agora gira em torno da contenção dos efeitos para evitar desastres futuros.

Para isso, os maiores responsáveis devem se mobilizar: EUA, China e Europa - que são os maiores emissores de gases - estão se mobilizando para criar alternativas que possibilitem continuar se desenvolvendo, mas causando menos impactos ambientais.

A Europa, por exemplo, já votou por abolir a venda de carros à combustão até 2035. Alguns estados dos EUA também votaram medidas parecidas, dando espaço para a popularização dos carros elétricos.

A China, por sua vez, é o país que mais produz energia limpa e também o que mais possui patentes para tecnologias desenvolvidas nesta área. Só na geração de energia solar, é estimado que até 2025 eles produzam o dobro do que os EUA.

Por outro lado, os países subdesenvolvidos e emergentes também possuem um papel central na questão ambiental. Não na emissão de gases, mas sim na conservação das florestas e das fontes de água.

O Brasil é, provavelmente, o país mais importante neste quesito. Além de abrigar a maior parte da Floresta Amazônica (maior floresta do mundo) é também o país que possui mais fontes de água doce (12% da água do planeta).

Propostas para o futuro

Praticamente todas as nações do mundo reconhecem, publicamente, a emergência da questão climática. Por este motivo, estão sendo feitas reuniões e acordos globais para frear as mudanças climáticas.

Um dos principais acordos atuais é o Protocolo de Kyoto, de 1997. Este documento foi o primeiro grande passo rumo ao comprometimento em reduzir a emissão de gases estufa. Além disso, criou também o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), que serve para criação de tecnologias sustentáveis.

Outro tratado importante é o Acordo de Paris, uma espécie de continuação do Protocolo de Kyoto. Seu objetivo é frear o aquecimento do planeta até um máximo de 2°C até 2030.

O Acordo passou por uma polêmica recente com o ex-presidente americano Donald Trump, que saiu brevemente do acordo em 2020. Em 2021, o recém-eleito presidente Joe Biden reingressa no acordo.

Outro acordo que ganha cada vez mais importância são as COPs - Conferência Entre as Partes - que são reuniões anuais para debater soluções e alternativas para a questão climática. Foi dessa reunião que surgiu o Acordo de Paris e outros debates para estabelecimento de metas locais.

O já citado IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas é outra organização de suma importância, pois ajuda a monitorar os dados relativos ao meio ambiente e aos impactos socioeconômicos das mudanças climáticas. Dessa forma, temos dados concretos para conseguir traçar medidas que visem realmente diminuir os impactos dessas mudanças.

Protesto exigindo a contenção das mudanças climáticas nos EUA
Protesto exigindo a contenção das mudanças climáticas nos EUA

Por fim, a sociedade civil também tem pressionado. Cada vez mais temos protestos que cobram os governos e empresas por maior responsabilidade ambiental. Não basta criar leis ambientais rígidas, deve-se também criar mecanismos de monitoramento e fiscalização que garantam o cumprimento dessas leis.

Para saber mais sobre o assunto:

Referências Bibliográficas

Silva R. W. C., Paula B. L. 2009. Causa do aquecimento global: antropogênica versus natural. Terræ Didatica, 5(1):42-49

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Formado pela UNESP - Rio Claro (2016), é professor de Geografia e Ciências Humanas. Atua na educação básica (Ensino Fundamental II e Médio) e cursos pré-vestibular desde 2012, tendo experiência em projetos sociais, escolas públicas e privadas.