Murilo Mendes
Murilo Mendes foi um escritor brasileiro pertencente à segunda fase do modernismo no Brasil. Ele é considerado um dos mais relevantes poetas brasileiros do século XX.
Biografia de Murilo Mendes
Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, dia 13 de maio de 1901.
Filho de Onofre Mendes e Eliza de Barros Mendes, Murilo passou sua infância em Minas Gerais. Mais tarde, foi estudar em Niterói; e em 1920, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Na cidade maravilhosa trabalhou como Arquivista no Ministério da Fazenda e foi funcionário do Banco Mercantil.
No Rio começa sua carreira literária publicando alguns de seus poemas em revistas que estavam vinculadas ao movimento modernista: “Verde” e “Revista de Antropofagia”.
Em 1930, Murilo publicou seu primeiro livro de poesias intitulado “Poemas”. Começou a ser reconhecido no meio literário e por esta obra recebeu o prêmio Graça Aranha.
Ainda no começo da década de 30, Murilo se converteu ao catolicismo. Alguns de seus trabalhos refletem a questão religiosa.
Murilo casou-se com Maria da Saudade Cortesão. Mas nunca tiveram filhos. Viajou por diversos países da Europa (França, Itália, Bélgica, Holanda, Portugal e Espanha), donde sofreu influências das correntes vanguardistas do cubismo e do surrealismo.
Faleceu em Lisboa, dia 13 de agosto de 1975.
Obras de Murilo Mendes
Murilo Mendes utiliza a linguagem coloquial e os neologismos para compor seus textos. Escreveu poemas, antologias e algumas obras em prosa, das quais se destacam:
- Poemas (1930)
- Bumba-meu-poeta (1930)
- História do Brasil (1933)
- Tempo e eternidade (1935) – com colaboração de Jorge Lima
- A poesia em pânico (1937)
- O visionário (1941)
- As metamorfoses (1944)
- O mundo enigma (1945)
- Poesia liberdade (1947)
- Contemplação de Ouro Preto (1954)
- Tempo Espanhol (1959)
- A idade do serrote (1968)
- Convergência (1970)
- Poliedro (1972)
- Antologia Poética (1976)
Poemas de Murilo Mendes
Conheça melhor a linguagem utilizada pelo escritor por meio da leitura de dois poemas:
O homem, a luta e a eternidade
Adivinho nos planos da consciência
dois arcanjos lutando com esferas e pensamentos
mundo de planetas em fogo
vertigem
desequilíbrio de forças,
matéria em convulsão ardendo pra se definir.
Ó alma que não conhece todas as suas possibilidades,
o mundo ainda é pequeno pra te encher.
Abala as colunas da realidade,
desperta os ritmos que estão dormindo.
À guerra! Olha os arcanjos se esfacelando!
Um dia a morte devolverá meu corpo,
minha cabeça devolverá meus pensamentos ruins
meus olhos verão a luz da perfeição
e não haverá mais tempo.
Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá con certidão de idade!
Obs: Nesse poema, Murilo Mendes fez uma paródia do original "Canção do Exílio" do poeta Gonçalves Dias.
Frases de Murilo Mendes
- “Sou um espírito dialético, eu busco a lógica oculta entre a sensualidade e cristianismo, racionalismo e irracionalismo.”
- “Ainda não estamos habituados com o mundo. Nascer é muito comprido.”
- “É necessário conhecer seu próprio abismo. E polir sempre o candelabro que o esclarece.”
- “Só não existe o que não pode ser imaginado.”
Leia também:
DIANA, Daniela. Murilo Mendes. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/murilo-mendes/. Acesso em: