Neorrealismo
O Neorrealismo (novo realismo) designa uma corrente artística moderna de vanguarda, que surgiu nas primeiras décadas do século XX nas áreas da pintura, literatura, música e cinema.
Corrente ideológica das artes com influência socialista, comunista e marxista, o Neorrealismo ocorreu em diversos países europeus, bem como teve influência no Brasil. Seu nome já indica sua principal caraterística, ou seja, o realismo.
Dessa maneira, os artistas neorrealistas estavam empenhados em criar uma arte voltada para a realidade, e, portanto, às questões sociais, culturais, políticas e econômicas pelo qual passava a sociedade.
O termo “Realismo Social” foi proferido pela primeira vez, pelo escritor e ativista russo Máximo Gorki (1868-1936) em 1934, durante o “Primeiro Congresso dos Escritores Soviéticos”.
Características do neorrealismo
Veja abaixo as principais características da arte neorrealista:
- Anticapitalismo, marxismo e psicanálise;
- Realismo social;
- Arte de vanguarda;
- Temática social, econômica, histórica e regional;
- Luta de classes (burguesia e proletariado);
- Estilo como elemento estético;
- Objetividade e simplicidade;
- Linguagem popular, coloquial e regional;
- Repúdio às formas tradicionais;
- Vulgarização de personagens.
Neorrealismo Francês
Chamado de "Realismo Poético", esse estilo artístico foi destaque no cinema francês a partir de 1930.
Os cineastas estavam inclinados em criar produções inovadoras calcadas em temas sociais e humanos, cujas obras estavam repletas de sátiras, humor e o pessimismo gerado no período entre as duas grandes guerras.
O Realismo Poético representou um movimento de vanguarda, crítico e revolucionário, o qual procurava denunciar os conflitos e as desigualdades sociais vigentes.
Com isso, o cinema francês adquire uma abordagem distinta durante os anos 30 e 40, com a inclusão de gravações fora dos estúdios que apresentavam histórias com personagens de classe populares.
Os diretores franceses mais importantes do realismo poético foram:
- René Clair e a obra “Sob os telhados de Paris” (1930);
- Jean Vigo e sua película “O Atalante” (1934);
- Julien Duvivier e o filme “O Demônio da Algéria” (1937);
- Jean Renoir com “A Grande Ilusão” (1937);
- Marcel Carné e a obra “O Boulevard do Crime” (1945).
Neorrealismo Italiano
Inspirado no Realismo Poético francês, o neorrealismo italiano representou um movimento cultural e artístico que despontou na década de 40 na Itália, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1945).
O país passava por uma grande crise após a grande guerra meidados pela desestruturação social, política e econômica.
Diante disso, o neorrealismo italiano buscou na simplicidade uma estética e técnicas cinematográficas inovadoras.
Explorou temas cotidianos, da realidade social e econômica por meio de diversas criações cinematográficas, inclusive do gênero documental (documentários).
Merecem destaque os diretores de cinema:
- Roberto Rosselini e seu filme “Roma, Cidade Aberta” (1945);
- Vittorio De Sica e sua película “Ladrões de Bicicleta” (1948);
- Luchino Visconti com o filme “A Terra Treme” (1948).
Neorrealismo Português
Durante esse período, Portugal vivia um contexto de agitações políticas com o advento do Estado Novo Português, pautado na censura e repressão sob o governo totalitário de caráter fascista de Antônio de Oliveira Salazar.
Diante disso, no final da década de 30 surge o movimento literário neorrealista em Portugal. Surgem, então, escritores da segunda geração modernista empenhados em produzir uma literatura contra a fascismo e, portanto, de caráter social, documental, combativa e reformadora.
Por sua vez, o Presencismo (1927-1939), liderado por José Régio, Miguel Torga e Branquinho da Fonseca, através das publicações na Revista Presença, lançada em 1927, pretendia produzir textos literários destituídos de temas sociais, políticos e filosóficos. Isso explica porque o Neorrealismo Português não foi uma corrente aderida por todos os escritores desse período.
O marco inicial da literatura neorrealista portuguesa foi a publicação do romance “Gaibéus” de Alves Redol, em 1940. Além dele, destacam-se os escritores:
- Ferreira de Castro e sua obra “A Selva” (1930);
- Mario Dionísio e sua obra “As Solicitações e Emboscadas” (1945);
- Manuel da Fonseca e sua obra “Aldeia Nova” (1942);
- Fernando Namora e “As Sete Partidas do Mundo” (1938);
- Soeiro Pereira Gomes e sua obra "Esteiros" (1941).
Neorrealismo Brasileiro
No Brasil, o movimento modernista sofreu grandes influências de movimentos vanguardistas, tal qual o Neorrealismo.
Na Literatura, o neorrealismo corresponde à segunda geração do modernismo, com temáticas notadamente nacionalistas e regionalistas.
De tal modo, as obras de caráter realista e naturalista foram destacadas pelo realismo social, a prosa de ficção, o romance e a poesia social de 30.
Eles surgem para destacar os temas abrangidos pela corrente neorrealista, sobretudo, a respeito da luta de classes, da desigualdade social e econômica e dos problemas humanos.
Nesse aspecto, o nordestino, surge como elemento norteador do regionalismo e da realidade social do país. Os escritores brasileiros mais proeminentes desse período foram:
- José Américo de Almeida com sua obra “A Bagaceira” (1928), que marca o início do romance regionalista no Brasil;
- Rachel de Queiroz com o romance “O Quinze” (1930);
- Graciliano Ramos e sua obra emblemática “Vidas Secas” (1938);
- Jorge Amado e seu romance “Capitães de Areia” (1937);
- José Lins do Rego e sua obra “Fogo Morto” (1943);
- Érico Veríssimo e seu romance de três volumes “O Tempo e o Vento”: O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961).
O Neorrealismo nas Relações Internacionais
O Termo “Neorrealismo” é também utilizado na área das relações internacionais para indicar uma teoria estrutural proposta pelo professor e pesquisador estadunidense Kenneth Waltz, em 1979.
O Realismo Estrutural está associado aos comportamentos dos Estados nas relações internacionais.
Leia também:
DIANA, Daniela. Neorrealismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/neorrealismo/. Acesso em: