Os Lusíadas, de Luís de Camões (com exercícios)
Os Lusíadas é uma das obras mais importantes da literatura de língua portuguesa. Foi escrita pelo poeta português Luís Vaz de Camões e publicada em 1572.
Trata-se de um poema épico, que glorifica o povo português. Ele narra a descoberta do caminho marítimo para a Índia pelo navegador português Vasco da Gama.
A obra foi inspirada nas obras clássicas, Odisseia, de Homero, e Eneida, de Virgílio. Ambas são epopeias que narram as conquistas do povo grego.
Estrutura da obra Os Lusíadas
Os Lusíadas é um poema épico do gênero narrativo, o qual está dividido em dez cantos.
É composta de 8816 versos decassílabos (em maioria os decassílabos heroicos: sílabas tônicas 6ª e 10ª) e 1102 estrofes de oito versos (oitavas). As rimas utilizadas são cruzadas e emparelhadas.
A obra está dividida em 5 partes, a saber:
- proposição - introdução da obra com apresentação do tema e dos personagens (Canto I);
- invocação - nessa parte o poeta invoca as ninfas do Tejo (Canto I) como inspiração;
- dedicatória - parte em que o poeta dedica a obra ao rei Dom Sebastião (Canto I);
- narração - o autor narra a viagem de Vasco da Gama e dos feitos realizados pelos personagens (Cantos II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX);
- epílogo - conclusão da obra (Canto X).
Resumo da obra Os Lusíadas
A Epopeia escrita em dez cantos, tem como tema as navegações ultramarinas do século XVI, as grandes conquistas do povo português e a Viagem de Vasco da Gama às Índias. No início, é narrada a frota de Vasco da Gama que vai em direção ao Cabo da Boa Esperança.
A mitologia greco-romana e o Cristianismo são temas recorrentes na obra.
A epopeia termina com o encontro dos viajantes e as musas na Ilha dos Amores. Os principais episódios da obra são:
- Inês de Castro (Canto III)
- Velho do Restelo (Conto IV)
- Gigante Adamastor (Canto V)
- Ilha dos Amores (Canto IX)
Trechos da obra Os Lusíadas
Para compreender melhor a linguagem de Os Lusíadas, confira abaixo trechos de cada canto da obra:
Canto I
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Canto II
Já neste tempo o lúcido Planeta
Que as horas vai do dia distinguindo,
Chegava à desejada e lenta meta,
A luz celeste às gentes encobrindo;
E da casa marítima secreta he estava o Deus
Nocturno a porta abrindo,
Quando as infidas gentes se chegaram
Às naus, que pouco havia que ancoraram.
Canto III
Agora tu, Calíope, me ensina
O que contou ao Rei o ilustre Gama;
Inspira imortal canto e voz divina
Neste peito mortal, que tanto te ama.
Assi o claro inventor da Medicina,
De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,
Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,
Te negue o amor devido, como soe.
Canto IV
Despois de procelosa tempestade,
Nocturna sombra e sibilante vento,
Traz a manhã serena claridade,
Esperança de porto e salvamento;
Aparta o Sol a negra escuridade,
Removendo o temor ao pensamento:
Assi no Reino forte aconteceu
Despois que o Rei Fernando faleceu.
Canto V
Estas sentenças tais o velho honrado
Vociferando estava, quando abrimos
As asas ao sereno e sossegado
Vento, e do porto amado nos partimos.
E, como é já no mar costume usado,
A vela desfraldando, o céu ferimos,
Dizendo:- «Boa viagem!»; logo o vento
Nos troncos fez o usado movimento.
Canto VI
Não sabia em que modo festejasse
O Rei Pagão os fortes navegantes,
Pera que as amizades alcançasse
Do Rei Cristão, das gentes tão possantes.
Pesa-lhe que tão longe o apousentasse
Das Europeias terras abundantes
A ventura, que não no fez vizinho
Donde Hércules ao mar abriu o caminho.
Canto VII
Já se viam chegados junto à terra
Que desejada já de tantos fora,
Que entre as correntes Indicas se encerra
E o Ganges, que no Céu terreno mora.
Ora sus, gente forte, que na guerra
Quereis levar a palma vencedora:
Já sois chegados, já tendes diante
A terra de riquezas abundante!
Canto VIII
Na primeira figura se detinha
O Catual que vira estar pintada,
Que por divisa um ramo na mão tinha,
A barba branca, longa e penteada.
Quem era e por que causa lhe convinha
A divisa que tem na mão tomada?
Paulo responde, cuja voz discreta
O Mauritano sábio lhe interpreta:
Canto IX
Tiveram longamente na cidade,
Sem vender-se, a fazenda os dous feitores,
Que os Infiéis, por manha e falsidade,
Fazem que não lha comprem mercadores;
Que todo seu propósito e vontade
Era deter ali os descobridores
Da Índia tanto tempo que viessem
De Meca as naus, que as suas desfizessem.
Canto X
Mas já o claro amador da Larisseia
Adúltera inclinava os animais
Lá pera o grande lago que rodeia
Temistitão, nos fins Ocidentais;
O grande ardor do Sol Favónio enfreia
Co sopro que nos tanques naturais
Encrespa a água serena e despertava
Os lírios e jasmins, que a calma agrava,
Quem foi Luís de Camões?
Luís Vaz de Camões (1524-1580) foi um dos mais proeminentes poetas do Renascimento em Portugal. Além de escritor, foi soldado perdendo um olho numa das batalhas. Infelizmente, Camões não teve reconhecimento que merecia durante sua vida.
Foi somente após sua morte, em 1580, que sua obra começa a chamar a atenção dos críticos. O ano de sua morte marcou o fim do Classicismo na literatura portuguesa.
Exercícios sobre Os Lusíadas
1. (Mackenzie-SP) Sobre o poema Os Lusíadas, é incorreto afirmar que:
a) quando a ação do poema começa, as naus portuguesas estão navegando em pleno Oceano Índico, portanto no meio da viagem
b) na Invocação, o poeta se dirige às Tágides, ninfas do rio Tejo
c) na ilha dos Amores, após o banquete, Tétis conduz o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe descenda a "máquina do mundo"
d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da Gama, a fim de estabelecer contato marítimo com as Índias
e) é composto em sonetos decassílabos, mantendo em 1.102 estrofes o mesmo esquemas de rimas
2. (UNISA) A obra épica de Camões, Os Lusíadas, é composta de cinco partes, na seguinte ordem:
a) Narração, Invocação, Proposição, Epílogo e Dedicatória
b) Invocação, Narração, Proposição, Dedicatória e Epílogo
c) Proposição, Invocação, Dedicatória, Narração e Epílogo
d) Proposição, Dedicatória, Invocação, Epílogo e Narração
e) N.d.a
3. (PUC-PR) Sobre o narrador ou narradores de Os Lusíadas, é lícito afirmar que:
a) existe um narrador épico no poema: o próprio Camões
b) existem dois narradores no poema: O eu-épico, Camões fala através dele, e o outro, Vasco da Gama, que é quem dá conta de toda a História de Portugal
c) o narrador de Os Lusíadas é Luiz Vaz de Camões
d) O narrador de Os Lusíadas é o Velho do Restelo
e) O narrador de Os Lusíadas é o próprio povo português
Confira a obra na íntegra, fazendo o download do PDF: Os Lusíadas, de Luís de Camões.
Leia também:
DIANA, Daniela. Os Lusíadas, de Luís de Camões (com exercícios). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/os-lusiadas-de-luis-de-camoes/. Acesso em: