Panspermia Cósmica: entenda o que é a teoria e as suas evidências

Rubens Castilho
Rubens Castilho
Professor de Biologia e Química Geral

A hipótese da panspermia cósmica sugere que a vida na Terra surgiu a partir de microrganismos que vieram de outras partes do universo. Panspermia significa sementes de todas as partes.

O artigo publicado no Centro Científico Conhecer, pelo Dr. Ivan Lima, demonstra que a hipótese da panspermia era defendida por Anaxágoras (500-428 a.C.) que afirmava que as sementes da criação estavam presentes em todo o universo.

Contudo, trata-se de uma hipótese pouco acreditada no mundo científico dadas as barreiras de execução de experimentos científicos que a comprovem efetivamente.

Evolução da hipótese da panspermia cósmica

Meteoro

No século XIX, a panspermia cósmica ganhou especial impulso através da descoberta dos químicos Berzelius, Thernard e Vauquelin. Os cientistas observaram a presença de matéria orgânica em meteoros.

A matéria orgânica é formada, principalmente, por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Este fato levantou o interesse de outro cientista, o médico alemão Richter.

Em 1865, Richter propôs que a trajetória de meteoros em ângulos rasos, mais ou menos 180º, possibilitaria a coleta de matéria orgânica ou microrganismos de outros planetas antes de continuar seu trajeto pelo espaço. O que conferiu um novo olhar para a hipótese da panspermia cósmica.

Em 1871, Hermann von Helmholtz e William Thomson aprimoraram a ideia inicial de Richter com a criação de hipóteses sobre o transporte de material orgânico em meteoros, o que chamaram de litopanspermia.

A litopanspermia ou panspermia por rochas, sugere que o transporte de material orgânico acontecia por ejeção de rochas após impacto de meteoros ou asteroides em locais que abrigavam vida.

Assim, von Helmholtz e Thomson acreditavam que rochas ejetadas de outros locais do espaço inocularam a vida no planeta Terra.

No entanto, talvez, nenhum outro divulgador da panspermia seja tão conhecido como o químico sueco Svante Arrhenius. Arrhenius escreveu livros, artigos e conferiu palestras sobre o tema, tornando o assunto mais conhecido.

Arrhenius acreditava que esporos, células em estado de latência, eram transportados no espaço pela pressão da radiação eletromagnética das estrelas, o que chamou de radiopanspermia. Contudo, atualmente já se sabe que as radiações emitidas pelo Sol são nocivas aos microrganismos.

A hipótese central de Arrhenius era que, organismos vivos e matéria orgânica existiam em todo o universo. No entanto, só se desenvolveriam quando encontrassem condições favoráveis para tal.

Em meados do século XX, Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe propuseram a versão menos popular dentro da panspermia. Eles acreditavam que na poeira interestelar havia presença de microrganismos prontos para serem transportados, por meteoros, para diversos lugares do universo.

Experimentos para atestar a panspermia cósmica

Dentre as formas possíveis de transporte de microrganismos pelo espaço, a litopanspermia é a mais aceita. Pois, seria possível que formas mais simples de vida (microrganismos) sobrevivessem à entrada em outros orbes.

Na tentativa de atestar essa hipótese, alguns cientistas simularam as condições do impacto de asteroides. Com isso, observaram a sobrevivência de uma pequena parcela da população de microrganismos. Sendo esta a primeira evidência da possibilidade de panspermia.

Novos experimentos foram realizados, como o envio de material orgânico e microrganismos para as plataformas e laboratórios aeroespaciais. Foi observado que as taxas de radiação solar foram extremamente prejudiciais ao DNA dos organismos. Contudo, as baixas pressões e temperaturas ajudaram a conservar o material biológico.

Ainda não há evidências suficientes para afirmar a hipótese da panspermia cósmica. No entanto, os cientistas seguem realizando experimentos e buscando entender a origem da vida no planeta Terra.

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Referências Bibliográficas

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.6, N.11; 2010.

Rubens Castilho
Rubens Castilho
Biólogo (Licenciado e Bacharel), Mestre e Doutorando em Botânica - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atua como professor de Ciências e Biologia para os Ensinos Fundamental II e Médio desde 2017.