Paradoxo

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

O paradoxo ou oxímoro, é uma figura de linguagem, mais precisamente uma figura de pensamento, baseada na contradição.

Muitas vezes, o paradoxo pode apresentar uma expressão absurda e aparentemente sem nexo, entretanto, ele expõe uma ideia coerente e fundamentada na verdade.

Por isso, o paradoxo é fundamentado na contradição lógica das ideias, como se tivéssemos duas ideias numa frase, e uma está se contrapondo à outra. No entanto, a contraposição dos termos utilizados cria uma ideia lógica.

Do latim, o termo paradoxo (paradoxum) é formado pelo prefixo “para” (contrário ou oposto) e o sufixo “doxa” (opinião), que literalmente significa opinião contrária.

Note que esse conceito é também utilizado em outras áreas do conhecimento, tais como: filosofia, psicologia, retórica, linguística, matemática e física.

Exemplos de frases com paradoxo

Para entender melhor essa figura de pensamento, observe as frases abaixo:

  • Se você quiser me prender, vai ter que saber me soltar. (Caetano Veloso)
  • Já estou cheio de me sentir vazio. (Renato Russo)
  • A novidade que seria um sonho/O milagre risonho da sereia/virava um pesadelo tão medonho. (Gilberto Gil)
  • Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. (Sarah Westphal)
  • O amor é ferida que dói e não se sente. (Luís Vaz de Camões)
  • Sendo a sua liberdade/Era a sua escravidão. (Vinicius de Moraes)
  • Bastou ouvir o teu silêncio para chorar de saudades. (Reinaldo Dias)
  • Estou cego e vejo/Arranco os olhos e vejo. (Carlos Drummond de Andrade)
  • Eu fujo ou não sei não, mas é tão duro este infinito espaço ultra fechado. (Carlos Drummond de Andrade)

Paradoxo e antítese: qual a diferença?

Embora sejam figuras de pensamento baseadas na oposição, o paradoxo e a antítese se distinguem.

O paradoxo emprega ideias opostas, da mesma maneira que a antítese, entretanto, essa contradição ocorre entre o mesmo referente do discurso.

Para entender melhor essa diferença veja os exemplos abaixo:

  • Dormir e acordar está difícil. (antítese)
  • Estou dormindo acordado. (paradoxo)

Note que ambos os exemplos utilizam os opostos “dormir” e “acordar”. Entretanto, o paradoxo propõe uma ideia, supostamente absurda, mas que faz sentido, pois enquanto dormimos não podemos estar acordados.

Nesse caso, a união dos termos contrários gerou um significado metafórico coerente à expressão “dormir acordado”. O enunciado significa que a pessoa está acordada, entretanto, com muito sono.

Figuras de Linguagem

As figuras de linguagem são recursos estilísticos da linguagem, os quais proporcionam maior expressividade ao discurso enunciado. São classificadas em:

  • Figuras de Palavras: metáfora, metonímia, comparação, catacrese, sinestesia e antonomásia.
  • Figuras de Sintaxe: elipse, zeugma, silepse, assíndeto, polissíndeto, anáfora, pleonasmo, anacoluto e hipérbato.
  • Figuras de Pensamento: ironia, sarcasmo, antítese, paradoxo, eufemismo, litote, hipérbole, gradação, personificação e apóstrofe.
  • Figuras de Som: aliteração, assonância, onomatopeia e paronomásia.

As figuras de linguagem são muito utilizadas, sobretudo, na literatura. Elas transformam a linguagem denotativa em linguagem conotativa.

A linguagem denotativa abarca o conceito real dos termos, ou seja, o sentido literal expresso no dicionário. Já, a conotativa, demonstra o sentido figurado e subjetivo das palavras.

Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.