Poesia Concreta
A poesia concreta (ou poema concreto) tem início com o movimento de vanguarda concretista no século XX.
Lembre-se que o concretismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu na Europa.
No Brasil, ele despontou em meados da década de 50, mais precisamente em São Paulo na “Exposição Nacional de Arte Concreta”, ocorrida no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956.
No país, o concretismo foi fundado por Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos (ou "irmãos Campos"), grupo chamado de “Noigandres”. Mais tarde, eles produziram a revista literária que levava o nome do grupo.
O Manifesto da Poesia Concreta foi publicado em 1956 pelos poetas paulistas, no qual apresenta algumas características da nova estrutura poética vanguardista:
A poesia concreta começa por assumir uma responsabilidade total perante a linguagem: aceitando o pressuposto do idioma histórico como núcleo indispensável de comunicação, recusa-se a absorver as palavras com meros veículos indiferentes, sem vida sem personalidade sem história - túmulos-tabu com que a convenção insiste em sepultar a idéia. O poeta concreto não volta a face às palavras, não lhes lança olhares oblíquos: vai direto ao seu centro, para viver e vivificar a sua facticidade.
Além dele, em 1958, o "Plano Piloto da Poesia Concreta" foi publicado na revista Noigandres pelos escritores paulistas. O plano apresentava a nova proposta ao mesmo tempo que questionava a estrutura tradicional da poesia:
Poesia concreta: produto de uma evolução crítica de formas. dando por encerrado o ciclo histórico do verso (unidade rítmico-formal), a poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutural. espaço qualificado: estrutura espácio-temporal, em vez de desenvolvimento meramente temporístico-temporal, em vez de desenvolvimento meramente temporístico-linear. daí a importância da déia de ideograma, desde o seu sentido geral de sintaxe espacial ou visual, até o seu sentido específico
O movimento propunha uma nova linguagem literária, no entanto, ele não se restringiu somente ao campo literário, apresentando também diversas manifestações na música e nas artes plásticas.
Características da poesia concreta
- Uso da linguagem verbal e não-verbal
- Experimentalismo poético
- Poesia visual
- Efeitos gráficos, sonoros e semânticos
- Aspectos geométricos
- Supressão do verso e estrofe
- Desaparecimento do eu lírico
- Eliminação da poesia intimista
- Racionalismo
A poesia concreta, também chamada de poema-objeto esteve voltada para a exploração dos aspectos gráficos, onde o escritor pretendia preencher o espaço em branco oferecido pelo papel, mediante uma íntima relação entre a palavra, a sonoridade e a imagem.
Por esse motivo, a poesia concreta é visual, vanguardista e não-formal sendo, portanto, destituída da estrutura poética de metrificação e versificação.
Esse tipo de estrutura poética foi explorada no movimento moderno e, até os dias de hoje, é utilizada por diversos escritores e músicos contemporâneos como, por exemplo, Arnaldo Antunes.
Exemplos de poesia concreta
Para compreender melhor a estrutura da poesia concreta, segue abaixo alguns exemplos:
Principais autores da poesia concreta
Os principais representantes da poesia concreta no Brasil foram:
- Augusto de Campos
- Haroldo de Campos
- Décio Pignatari
- Ferreira Gullar
Para complementar sua pesquisa, veja também os artigos:
DIANA, Daniela. Poesia Concreta. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/poesia-concreta/. Acesso em: